Artigos

por Rogério Coelho

Nobilitação necessária

Cair é acidente próprio dos que caminham

"(...) progredir sempre: tal é a Lei." - Allan Kardec.

Descoroçoamos - vezes sem conto - pelos ásperos caminhos da longa jornada evolutiva que há milênios empreendemos...

Quando mais esclarecidos, é com muita tristeza que observamos a superlativa defasagem entre o que somos e o que já deveríamos ser; e, desalentados, repetimos para nós mesmos, intimamente:

- Constato que não sirvo para nada...

- Não consigo melhorar-me...

- Como trabalhar para Jesus se não sou santo?

- Acoroçoo maus pensamentos. Não posso orar!

- Não tem jeito comigo!...

- Sou um poço de iniquidades...

- Minhas fraquezas e erros impedem a ascensão.

- Sinto-me um verme etc...

Vergados sob o peso de tais ideias, fugimos, envergonhados, dos arraiais de trabalho onde lograríamos a elevação espiritual e continuamos a nos autoflagelar com as farpas ferintes das nossas onipresentes limitações.

Emendar, corrigir, restaurar, refazer... Tais são os verbos que podemos e devemos conjugar em todos os tempos e modos nessa situação. Observemos que todos esses verbos exprimem ação; e, no caso, estão a indicar-nos os processos aos quais nos devemos vincular para revertermos o quadro de impossibilidades e frustrações.

Aprendamos a reagir ao desalento e ao "homem-velho" que teimam em ditar as normas de nossa conduta, lembrando-nos de que se todos fôssemos espiritualmente sadios, não seria necessária a vinda de Jesus ao nosso Orbe para nortear-nos.

Analisando o assunto e reconhecendo nossos impedimentos e limitações, recomenda Emmanuel[1]: “paciência incessante em todas as dores e em todas as circunstâncias, a fim de que venhamos  a  transpor com segurança as dificuldades que vigem por fora, mas também cultivar a paciência conosco. Sim! Paciência conosco, para construirmos a nobilitação que nos é necessária. Com isso não queremos dizer que devamos acalentar as nossas fraquezas ou aplaudir as próprias faltas, mas sim, que não nos cabe interromper a edificação, no mundo íntimo, quando surjam falhas em nós, no serviço do bem que nos toca fazer.                                      

(...) Cair é acidente próprio dos que caminham”.

Quem recorre ao refrão popular: "pau que nasce torto, morre torto e não tem jeito" esquece-se de que existem milhares de troncos, tortos na configuração externa, guardando seiva robusta e sadia, na produção dos frutos com que alimentam as criaturas.

“Na paciência possuireis as vossas almas", dizia Jesus. Isso significa que precisamos de paciência, não só para angariar a simpatia e a colaboração das almas alheias, mas também para educar-nos.

 

[1] - XAVIER, F. Cândido. Caminho espírita. 12. ed. Araras: IDE, 2010, cap. 67.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita