Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Antero de Quental

Vaidade
 
Quando cheguei, sem luz, ao fim do dia

E penetrei, gemendo, a noite escura,

Encontrei, quase ao pé da sepultura,

Triste bruxa de máscara sombria.

 

- “Que fazes, desditosa e negra harpia?”

Indaguei a tremer, de alma insegura.

E respondeu a estranha criatura:

- ”Teço angústia e pavor na cova fria...”

 

- “E quem és?” Insisti. Mas, nesse instante,

A megera agarrou-me, cambaleante,

E bradou: - “Ai dos míseros que venço”!

 

“Sou a vaidade humana desvairada...”

E, desferindo horrenda gargalhada,

Rolou comigo ao precipício imenso.

 

Do livro Cartas do Coração, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita