Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Antero de Quental

Desengano

Disse-me o Orgulho torvo, certo dia:

“Além da morte, tudo é sombra e nada...”

E a Ciência ajuntou, desalentada:

“A sepultura é cinza espessa e fria”.


E eu, cansado romeiro da agonia,

Busquei o pouso da Divina Fada,

Sonhando, em pranto, a paz inalterada

Para o inferno da angústia que eu trazia.


Mas, ante as portas do seu templo escuro,

Quando bradei: “Ó Morte que eu procuro,

Dá-me o olvido em teus braços maternais!...”


Escancarou-se o abismo miserando

E encontrei, desditoso, soluçando,

Escuridão, remorso e nada mais.


Do livro Cartas do Coração, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita