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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo
Ano 1 - N° 7 - 30 de Maio de 2007


 
O Espantalho

 

Numa horta, cercado de montes de verduras, vivia o Espantalho.

Perna de pau, estofo de capim que se escapava aqui e ali, braços abertos, ali ficava ele com chuva ou sol, frio ou calor.

Vestindo um velho paletó surrado e todo remendado, chapéu de palha na cabeça, assustava quem dele se aproximasse.

As crianças, com medo, atiravam-lhe pedras; os pequenos animais fugiam apavorados quando ele se balançava ao vento; e os passarinhos não ousavam chegar perto, temerosos também de sua presença.

E o pobre Espantalho se sentia muito infeliz assim isolado de todos, considerando-se rejeitado e inútil.

Com seus enormes olhos de botão, via o homem com a enxada na mão cavando a terra, jogando as sementes no solo, colocando estacas nos pés de tomates e de ervilhas, arrancando as ervas daninhas, todo cansado e coberto de suor. Tinha um desejo imenso de ajudar, mas não podia sair do lugar, sempre na mesma posição.

O tempo passou...

As sementes floresceram, os tomates e ervilhas amadureceram; as cenouras, couves e alfaces já estavam no tempo de ser colhidas.

Um dia, chegou o dono da horta trazendo seu filho pela mão e um embrulho debaixo do braço. O homem falou com muito carinho, mostrando a horta ao menino:

— Veja meu filho, como está bela a nossa plantação! As hortaliças e os legumes cresceram fortes e sadios e, agora, prontos para serem colhidos e servir de alimento a muita gente. Mas tudo isso devo a alguém sem cuja ajuda inestimável não teria conseguido. Alguém que sempre esteve firme no seu posto, que nunca abandonou a tarefa que lhe foi confiada. Alguém que, antes da aurora, já estava trabalhando e que, quando o sol sumia no horizonte, ainda estava firme no seu lugar.

E, para surpresa do boneco, que acompanhava a conversa muito interessado, ele concluiu, apontando-o:

— Meu amigo, o Espantalho!

E aquele pobre boneco, cujo coração era feito de palha, ficou emocionado e até sentiu lágrimas umedecerem seus olhos de botão.

Aproximando-se com um sorriso carinhoso e agradecido, o homem disse:

— Você, meu querido Espantalho, por toda a ajuda que me prestou sem nada exigir em troca, mantendo longe os animais e pássaros que estragariam as plantinhas, vai ganhar um presente!

E, desembrulhando o pacote que trouxera, mostrou orgulhoso:

— Vai ganhar uma roupa nova!

E quem passasse por aquelas bandas, dali em diante, veria um lindo Espantalho com belo terno de paletó xadrez, chapéu novo na cabeça, tomando conta da horta, todo orgulhoso da sua tarefa. E, coisa curiosa, se observasse bem, veria que um ligeiro sorriso de satisfação alegrava o rosto de palha do Espantalho.

Porque agora ele sabia que, assim como todas as pessoas, também era útil. Tinha uma tarefa a realizar e, por pequena que ela fosse, era muito importante.

E também porque, agora, sentia-se AMADO!

                                                         TIA CÉLIA

 

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita