WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français  
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Entrevista
Ano 1 - N° 6 - 23 de Maio de 2007
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

General Milton O'Reilly de Sousa:
"Na questão do corpo fluídico de Jesus, professada pelo roustainguismo, o
tempo deu razão a Kardec"

 

Em 1934, estando em serviço em Recife, um jovem foi obsequiado com um exemplar do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", que lhe fora ofertado pelo amigo capitão Alfredo Moacyr Uchoa. Concluída a leitura da magistral obra de Léon Denis, surgia mais um adepto da doutrina espírita e mais tarde seu divulgador: o general Milton O’Reilly de Sousa (foto).
Filho do Dr. Henrique O'Reilly de Sousa e de D. Julieta Duval O'Reilly de Sousa, Milton O´Reilly nasceu em São Pedro de Itabapoana (ES) em 23 de junho de 1904.
Acalentando o projeto de seguir a carreira das armas, sentou praça, como

voluntário, no 3º Regimento de Infantaria, na Capital Federal. Como reservista, matriculou-se na Escola Militar do Realengo em 1º de junho de 1922.

Envolvido nos graves acontecimentos políticos daquele ano, no vórtice da Revolta de 5 de julho, centrada no Forte de Copacabana e na Escola Militar, acabou sendo desligado do Exército em meados de 1923. Ingressou, então, no Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais, iniciando seu curso de Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, concluído em 1929. Concomitantemente exerceu o magistério no Instituto Superior de Preparatórios, no Colégio Anglo-Americano e na Escola Urânia.

Com a vitória da Revolução de 30 e a concessão de anistia geral para militares e civis, voltou às fileiras do Exército como 1º Tenente comissionado.

Bastante conhecido no meio espírita, principalmente no Rio de Janeiro, onde lecionou por mais de 30 anos no Instituto de Cultura Espírita do Brasil, foi membro ativo da Cruzada dos Militares Espíritas e um emérito conhecedor de nossa Língua Pátria. Sua estréia no Instituto ocorreu com uma palestra acerca do tema "A Educação à Luz do Espiritismo". Daí surgiu o convite de Deolindo Amorim para que ingressasse no Corpo de Professores do ICEB, onde lecionou "Elementos de Português" e no momento desta entrevista examinava o simbolismo e a linguagem figurada nos diferentes passos do Evangelho.

Pouco tempo antes de sua desencarnação, Milton O’Reilly concedeu-nos a entrevista que se segue, na qual examinou alguns temas de permanente atualidade, como o leitor verá em seguida.

"A Umbanda não constitui variante
nem modalidade do Espiritismo"

– Considerado, com justiça, um intelectual no meio espírita, quais livros espíritas, excetuados os de Kardec, V. mais admira?

Milton O´Reilly – Na literatura mediúnica, os da lavra de André Luiz. Entre os autores encarnados, admiro as obras de Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy e Jorge Andréa, sem falar dos mestres como Léon Denis, Ernesto Bozzano e outros luminares.

– Em seu modo de ver, como especialista em língua portuguesa, quais as traduções das obras de Kardec mais fiéis ao pensamento do Codificador e quais as mais elegantes do ponto de vista do estilo e da fidelidade à nossa língua?

Milton – Poderíamos dizer que todas permanecem fiéis ao pensamento do Codificador. Quanto ao estilo e à fidelidade aos preceitos da boa linguagem, todas apresentam várias delinqüências gramático-vocabulares, barbarismos e solecismos, decorrentes da influência da língua francesa, que abastarda e barbariza o idioma vernáculo.

– Discute-se hoje um assunto que vez por outra volta à baila no movimento espírita: a natureza religiosa do Espiritismo. Para V. o Espiritismo é religião?

Milton – Sim! Tomado no sentido literal primitivo, isto é, de conformidade com o seu étimo – "religio", co-radical de religare, – o Espiritismo é religião. Primeiramente, devemos esclarecer que há profunda diferença entre ser a religião e ser uma religião, se atentarmos a que os artigos não são vazios de sentido, isto é, a presença do artigo "a" indica o Espiritismo como a única religião e a do indefinido "uma" faz sentir que há outras religiões, sendo o Espiritismo uma delas.

Há muitas religiões, no sentido literal-extensivo do termo, isto é, "conjunto de ritos, imagens, altares, dogmas etc.". O Espiritismo é, além de tudo, como afirma Gonzalez Soriano, a "síntese essencial dos conhecimentos humanos aplicada à investigação da Verdade". A religião do Espiritismo é exclusivamente filosófica, nada tem de fórmulas, nem cerimônias, nem culto ostensivo: é a filosofia pura do Cristianismo, a lei natural, a ciência universal, a moral divina, o verdadeiro catolicismo pela sua universalidade, pois bem precisou Kardec esta relação escatológica entre Espiritismo e Catolicismo, no que respeita à natureza sobrenatural de ambas as escolas. No Espiritismo só há um dogma: o AMOR; uma única adoração: a VIRTUDE; e uma única prática: o BEM, numa síntese admirável: DEUS!

– Os críticos do Espiritismo cristão apegam-se, com razão, aos desvios que apresenta o movimento espírita quanto à atividade básica dos Centros Espíritas: muito formalismo, rituais, preces cantadas, misticismo exacerbado, segundo aqueles críticos. Como V. vê a questão?

Milton – A resposta está no que acabamos de dizer. Nada de formalismo, de rituais, preces cantadas, misticismo exagerado etc. A própria imprensa leiga confunde Espiritismo com Umbanda, que, embora espiritualista, com características mediúnicas bem acentuadas, não constitui variante nem modalidade do Espiritismo. Umbanda é Umbanda, Espiritismo é Espiritismo. É o pensamento do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, que do assunto tem tratado em seus seminários.

"Na questão do roustainguismo,
o tempo deu razão a Kardec"

– Como vai a Cruzada dos Militares Espíritas? Sua atuação tem alguma repercussão no seio das Forças Armadas?

Milton – A Cruzada dos Militares Espíritas vem realizando seus objetivos, com grande repercussão nas unidades do Exército e da Aeronáutica, não sucedendo o mesmo na Marinha, onde encontramos pronunciada resistência por parte dos capelães, pois alegam que, "conforme circular do SARM, para ser emprestada assistência religiosa na Marinha, o representante religioso, que não seja do quadro de capelães da Marinha, deverá apresentar certificado do curso de Teologia e documento que prove estar em situação regular perante a Congregação".

Quanto à criação de um Núcleo da Cruzada, no Colégio Naval, declarou seu Comandante que "não existe oficial, no Colégio, que seja espírita ou simpatizante do Espiritismo e, assim, se fosse criado o Núcleo, atenderia apenas a uma pequena parcela do Corpo de Alunos". É inacreditável e, como se vê, a influência dos capelães é muito grande... Como sempre afirmo, impõe-se muita vigilância quanto ao respeito às normas constitucionais.

– O "roustainguismo" foi professado no Brasil por confrades ilustres – como Bezerra de Menezes e Guillon Ribeiro; no entanto, Allan Kardec se posicionou contra a tese do corpo fluídico de Jesus, dizendo que caberia ao tempo dar a palavra final sobre o assunto. Perguntamos: o tempo deu razão a Kardec?

Milton – Sim. O tempo deu razão a Kardec, o mensageiro direto da Alta Espiritualidade, o "predicador da nova fé", como lhe chamou Frederico Myers, pois a ele, Kardec, coube a missão de realizar a grande obra de codificação da Doutrina dos Espíritos – o Espiritismo, luz que veio espancar as trevas da incompreensão e do erro.

O Espiritismo significa, para a humanidade, redenção espiritual, pelo conhecimento dos problemas atinentes à vida espiritual e à prática do bem. Allan Kardec está ligado ao Espiritismo e, assim, ligado indelevelmente ao movimento de redenção da humanidade, sob a égide de Jesus.

Estamos convictos, e já o dissemos em entrevista concedida ao "Pernambuco Espírita", de Recife, quatro anos atrás, que não houve nascimento virginal e o corpo de Jesus era de carne. Não podemos aceitar a opinião dos docetistas no que concerne ao corpo fluídico de Jesus. Estamos, pois, de pleno acordo com as palavras do Codificador. E aqui lembramos as do saudoso professor Carlos Juliano Torres Pastorino em "Sabedoria do Evangelho", volume 4, pág. 59: "A teoria docetista de que às dores físicas Jesus foi insensível por ser um fantasma (agênere) é de indizível ingenuidade; nem há razões que justifiquem a abolição da dor física, a fim de salientar a dor moral motivada pelo baixamento de vibrações, o que lhe permitiu conviver na Terra com a humanidade ainda atrasadíssima como está".

Vemos, pois, que o homem Jesus sofreu moral e fisicamente, mas o Cristo Cósmico não, pois que é inatingível a dores e sofrimentos. Não confundamos o eu menor, a personalidade humana de Jesus, com o eu maior, a individualidade cósmica do Cristo. Houve paixão e morte de Jesus, o homem, de carne e osso como nós.

– Há alguma relação entre os Dez Mandamentos da Lei de Deus e as Doze Tábuas da Lei?

Milton – Nos comícios de centúrias (comitia centuriats) escolheram-se dez ilustres cidadãos denominados decênviros (do latim decem, dez e vir, varão ou cidadão). A estes foi confiada a preparação do código. Os decênviros, com um mandato de um ano, não podiam cuidar de outra coisa. Parece até que mandaram uma comissão à Grécia, a fim de estudar a organização das cidades gregas e as leis que o estadista Sólon havia deixado num memorável texto.

Findo o prazo, os decênviros submeteram as leis à aprovação do povo. Impressas em placas de bronze, elas foram afixadas no Fórum, para que todos pudessem conhecê-las. No ano seguinte, um segundo grupo de legisladores preparou duas tábuas complementares e assim surgiu o Código das Doze Tábuas.

A Lei das Doze Tábuas, documento importante da história de Roma, e também para as épocas posteriores, constitui o primeiro texto do direito romano. Não me consta, porém, que as Doze Tábuas da Lei tenham algo a ver com os Dez Mandamentos de Moisés.

– O tema Educação Espírita volta a tomar vigor, após alguns anos de ostracismo. Como educador, de que maneira V. encara essa questão?

Milton – O problema é de grande relevância. Educação é o desenvolvimento da personalidade e seu objetivo é a integração do homem estimulando-lhe a capacidade de estar cônscio de si mesmo, na integral compreensão da vida. Seu problema culmina, logicamente, no problema da auto-realização do homem. Vê-se, pois, que o problema da Educação exige que o homem se defina pelas idéias morais ou religiosas que professa. Que ele se defina, é certo, pelo que ele é em verdade, ou seja, por sua ação, por seu comportamento, por seu modo de vida.

E notai bem: uma das mais nobres formas de trabalho é a que caracteriza o professor. E as quatro modalidades requeridas para a nobreza de tão alto mister são: amor, discernimento, desprendimento e boa conduta.

Ninguém deveria ser educador, ninguém deveria ter permissão para ensinar, se não houvesse provado, por sua vida cotidiana, ser o amor a qualidade fundamental de sua natureza, porque somente um mestre cheio de amor e simpatia atrairá os discípulos, tornando-lhes a vida agradável.

– O movimento espírita deve preocupar-se em edificar colégios espíritas, como Eurípedes Barsanulfo fez em Sacramento?

Milton – É certo que, sendo possível, edificar escolas específicas seria apreciável contribuição para a realização do ideal espírita, mas entendo que a Educação Espírita deve ser mais a nível de influência sobre os docentes. Impõe-se educar o educador, que deve ser um edutor, alguém que eduz de seu educando o que nele dormita de melhor e mais puro.

A Educação deveria ser o primeiro interesse do Estado, porque do problema da Educação decorrem os demais problemas nacionais. É preciso, porém, que se não confunda instrução com educação. Descobrir fatos fora de nós é instrução; realizar valores dentro de nós é educação.

Assim como não devemos confundir instrução com educação, assim também devemos distinguir aluno de discípulo. Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos discípulo aquele que reproduz em suas ações a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre.

Aristóteles foi aluno de Platão, mas não foi seu discípulo; mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Esta distinção já era feita por Jesus: ser seu discípulo era segui-lo, mas não apenas "aprender" suas lições.

A Educação Espírita deve procurar fazer discípulos, pois só ela nos dá a verdadeira educação.

"O dogma da ressurreição da carne tem
sua base num erro de tradução"

– Sabe-se que S. Jerônimo é o autor final dos Evangelhos que nós conhecemos; mas esses livros consagram erros notáveis que mudaram até mesmo a interpretação dos ensinos de Jesus. Pode V. comentar alguns dos erros inseridos na "Vulgata"?

Milton – São vários os erros, alguns por ignorância e outros por má fé dos tradutores. Citaremos, entre outros, um erro propositado. Ei-lo: O versículo 46 do capítulo 27 de Mateus é assim redigido: "E, pela nona hora, ouviu-se um grade brado: Eli, Eli, lamma sabachthani", assim traduzido: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"

Todos os manuscritos gregos transcrevem essas quatro palavras hebraicas e essa transcrição é unânime, mas a tradução da frase não é "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?", mas sim: "Meu Deus, meu Deus, quanto me glorificas!"

Ele, o Mestre, sabia que "a dor é uma bênção que Deus envia aos eleitos" e o sofrimento, "o cinzel oportuno que burila, no granito de nossa inferioridade, a grande obra do futuro: o Espírito redimido".

A frase dita por Jesus no alto da cruz era precisamente a fórmula que terminava, nos Mistérios do Egito, a prece de ação de graças dos iniciados; numa palavra, era ela sacramental e fazia parte dos ritos misteriosos. Parece-nos ter havido na tradução oficial um contra-senso propositado, porque as edições que contêm esta tradução não deixam de remeter o leitor ao Salmo 22, versículo 2, que é: "Ó meu Deus, ó meu Deus, por que me abandonaste?" Esta é exata, mas o texto original é diferente do de Mateus. No de Mateus está "sabachthani" e no do Salmo, "hazabattva".

Houve duas razões para o erro premeditado: a primeira era admitir que Jesus estivera entre os egípcios; e a segunda, que o livro de Mateus provava a existência, no ensino crístico, de uma doutrina secreta, esotérica, que só devia ser conhecida por certos iniciados. Julgamos, contudo, inadmissível que tenha lançado Jesus aquele brado de desespero.

– Como é a história relacionada com Teodora que teria influenciado a Igreja a abolir do seu magistério a doutrina da reencarnação?

Milton – Em 553 d.C. o Imperador Justiniano sugeriu à Igreja Católica torná-la oficial, mas a isto se opôs Teodora, amante do Imperador, que não desejava reencarnar, após sua morte, a fim de responder por seus erros de mulher de "maus costumes". Não queria voltar, pela reencarnação, talvez como escrava, para sofrer os rigores da lei de causa e efeito, pois a Igreja pregava a reencarnação...

O Imperador desfez sua proposta, dominado pela amante. Entretanto, a Igreja, desejando passar de perseguida a perseguidora, como passou, e a História registra, reuniu o 2o Concílio de Constantinopla, que, embora sem o quorum necessário, decretou a derrogação da lei de reencarnação, embora ela, a reencarnação, esteja claramente reconhecida em 30 passos diferentes do Velho e do Novo Testamento.

– É verdade que o dogma da ressurreição da carne tem sua base num erro de tradução?

Milton – Sim. Do estudo escriturístico deduzimos duas coisas distintas: 1o) a ressurreição (do Espírito), que consistia no ressurgir do Espírito depois da morte, saindo do cadáver; 2o) a reencarnação, ou o "reviver" na carne, com outro corpo, isto é, a volta à vida corporal.

Pois bem, a interpretação errada de uma idéia tão simples fez com que os "especialistas" (os exegetas, os dogmatistas) descobrissem uma ressurreição da carne. Mas como não podiam negar o fato concreto e expresso com clareza meridiana, e como não queriam admitir a reencarnação, resolveram que a ressurreição da carne se daria "ao final dos tempos", ou seja, depois que a Terra fosse aniquilada.

O Credo da Igreja Católica, em latim, diz "carnis ressurrectionem" (ressurreição da carne), quando deveria ser "carne ressurrectionem" (ressurreição na carne), isto é, em vez do genitivo carnis, deveriam ter escrito o ablativo carne. E daí a tradução que não expressa a verdade.

Ao encerrar-se o Concílio Vaticano II, designou o Papa Paulo VI uma comissão de peritos para proceder a uma correção da Vulgata. Tivemos, assim, uma Vulgata posta em dia com a ciência bíblica atual. Como temos observado, até o Pai-Nosso foi modificado (Mateus, 6:5-13). A oração ensinada por Jesus termina no versículo 13. Os versículos 14 e 15 não são palavras constantes da oração dominical, são observações feitas pelo Mestre.

A segunda solicitação do Pai-Nosso é a que cuida do corpo de emoções, dizendo: "Et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris" (E perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores). Parece-nos que o vocábulo dívidas incomodava, pois que lembra dívidas cármicas, que nos lembram carma, que, por sua vez, nos recorda a reencarnação. Até os espíritas já dizem o Pai-Nosso de Paulo VI, diferente do Pai-Nosso ditado aos discípulos por Jesus!

– Que motivos teria a Igreja para abolir o ensino da reencarnação?

Milton – Pelo que expusemos, dois fatores levaram a Igreja à decisão do 2o Concílio de Constantinopla: 1o) a grande campanha desencadeada por Teodora – cortesã libidinosa, amante do Imperador Justiniano e posteriormente sua esposa –, que não se conformava com a idéia de ter de encarnar diversas vezes para expiar seus crimes e pecados; 2o) a doutrina de céu e inferno imediatos dava maior poder ao clero em via de consolidação. Uma vez cristalizado, é muito difícil modificar-se um dogma. Assim, até hoje a Igreja condena a reencarnação, pregada pelas mais antigas religiões e filosofias do mundo e que é uma lei tão lógica e racional como são as leis físicas, com os seus ciclos de atividade e repouso, chamados dia e noite. Extensamente popular no Oriente, por longo tempo permaneceu obscurecida no Ocidente; hoje, porém, já se está tornando natural e conseqüente como é a certeza da vida depois da morte do corpo físico.


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita