Na entrevista que se
segue, Alaor fala
sobre seu trabalho e
sua obra.
– Você acaba de
lançar, pela Mythos
Editora, mais um
livro mediúnico de
sua psicografia e
assinado pelo
Espírito Yvonne
Pereira. Como foi a
recepção da obra?
Repleta de
aprendizados e
também de
dificuldades, não no
que diz respeito
propriamente à
recepção mediúnica,
que foi tranqüila,
mas muitas
perseguições
ocorreram na
tentativa de abortar
aquele ideal. Foi
iniciada e
interrompida por um
período, devido à
circunstâncias que
estavam além de
nossa capacidade em
contorná-las. Foi
uma experiência
ímpar e nos pegou de
surpresa, pois
quando nossa
benfeitora, de nome
Irmã Valquíria, nos
convidou para
escrever uma nova
obra, não
imaginávamos que se
tratava de um
romance, de maneira
que não houve tempo
para que nossas
idéias se
organizassem, e
percebemos com
clareza a
independência dos
pensamentos da
querida irmã Yvonne.
– Quais outros
livros você já tem
publicados? E há
outros para
publicação?
Semeadores da
Verdade,
de Espíritos
diversos, publicado
pela editora
espírita Paulo e
Estevão, da cidade
de Uberaba, e
Abra e Leia,
trovas de autoria do
espírito Jair
Presente, publicado
pela editora Fonte
Viva, da cidade de
Belo Horizonte. Sim,
temos mais três
outros livros no
prelo e outros para
futuras edições.
– Fale de sua
experiência na
psicografia. Quando
começou e como?
As faculdades
mediúnicas
desabrocharam no ano
de 1981, e depois de
peregrinarmos por
algumas casas
espíritas, e nos
instalarmos numa,
iniciamos o processo
de educação da
mediunidade de
psicofonia, que mais
tarde foi
interrompida pela
espiritualidade.
Então surgiu
espontaneamente a
psicografia, à qual
demos início numa
instituição espírita
no dia 5 de maio do
ano de 1982.
Vivenciamos nos
primórdios desta
faculdade
experiências
fascinantes, como
escutar os Espíritos
discursarem sobre
temas evangélicos e
pegar em nossa mão
no momento da
escrita. Atuamos
habitualmente na
condição de médium
semimecânico.
– Como palestrante,
como você registra a
inspiração dos bons
Espíritos em sua
fala?
Muito intensa,
pois
percebo que os
pensamentos fluem
com naturalidade, as
idéias são leves e
se conectam. A
sensação que tenho é
a mesma vivenciada
no momento do transe
mediúnico. Parece
que eles vasculham
minha mente à
procura de recursos
que às vezes tenho,
doutras não.
– Quando e como
surgiu o Lar
Espírita Irmã
Valquíria?
O Lar Espírita Irmã
Valquíria foi
fundado por nossa
iniciativa em 16 de
novembro de 2002,
motivados que fomos
pelas dificuldades
em realizar noutra
instituição o plano
de trabalho que
nossa benfeitora
estava propondo,
que, segundo ela,
iria nos
proporcionar a
oportunidade de
repararmos antigos
erros de vida
pretérita, deixando
claro que éramos um
médium em trabalho
de resgate
espiritual. Como
tantas outras
instituições, temos
atividades de sopa
fraterna e
peregrinação (visita
a lares carentes)
semanalmente, aos
quais levamos pães e
leite e cestas
básicas mensalmente;
palestras com
distribuição de
lanches e
refrigerantes aos
nossos assistidos;
reuniões de estudos
com os pais,
evangelização
infantil; reuniões
públicas; reuniões
de estudos com
enfoque no tema da
mediunidade; passes;
entrega de cestas
básicas no mês de
dezembro, entrega de
enxovais e
psicografias de
cartas destinadas
aos familiares...
– Como surgiu seu
contato com o
Espírito Yvonne
Pereira?
Antes de editar o
livro Maria Clara,
da editora espírita
Paulo e Estevão, da
cidade de Uberaba,
cuja autora
espiritual é a
senhora Yvonne
usando o pseudônimo
de Frederico
Francisco, a médium
Sra. Eliane, nossa
amiga pessoal, nos
solicitou um
prefácio para a obra
por nosso
intermédio.
Aguardamos longos
meses e ele só veio
depois da
desencarnação dessa
amiga, vítima de
acidente
automobilístico em
nossa cidade. Então,
numa noite, antes
que viesse o
prefácio, num
desdobramento
consciente que
habitualmente temos,
nos encontramos com
um grupo de
espíritos, dentre
eles D. Yvonne e
possivelmente
Charles, que trajava
uma roupa iluminada
e usava um turbante
na cabeça, e eles me
disseram que a
partir daquele dia
eu faria parte da
equipe deles.
Conversamos sobre
outros assuntos dos
quais não tenho
lembranças. O
prefácio veio
assinado por Charles
e posteriormente,
após muitos anos, o
livro assinado pela
generosa Yvonne.
– Nas reuniões de
estudos ou de
intercâmbio
mediúnico de que
participa, o que
mais lhe chama a
atenção? Quais as
principais
dificuldades
percebidas e as
maiores alegrias
vividas?
Nas de estudo, noto
o desconhecimento
doutrinário por
parte de alguns
companheiros,
aceitando tantas
vezes propostas e
orientações externas
que visam desfigurar
a pureza dos
pensamentos de Jesus
e de Kardec. Nas de
intercâmbio
mediúnico, noto o
esforço por parte
dos desencarnados
para se
identificarem, tendo
que se limitar
devido às nossas
limitações na
condição de médiuns,
tantas vezes devido
à ausência de
estudos,
principalmente de
O Livro dos Médiuns.
As dificuldades são
devidas aos
pensamentos
heterogêneos.
As maiores alegrias
surgem e se repetem
todas as vezes que
retorno à casa
espírita para dar
continuidade nos
meus singelos
deveres no campo no
qual milito com
muito amor e
disciplina.
– Qual é sua
percepção do
movimento espírita
atual?
Embora ele nem
sempre reflita a
pureza da proposta
do Espiritismo,
nossa visão é
otimista. O
Espiritismo é uma
doutrina nova, é
natural que
determinados ajustes
se façam necessários
no movimento
espírita. Temos
notado com grande
alegria muitos
confrades
comprometidos com a
verdadeira proposta
da Doutrina
Espírita, ao lado
também de alguns que
fazem barulhos, às
vezes por
desconhecimento
doutrinário, doutras
vezes devido ao
personalismo
exacerbado. Já foi
dito pelos Espíritos
que o mal se propaga
porque os bons são
tímidos. Embora
tímidos e discretos,
nós espíritas
temo-nos
prevalecido de todos
os recursos da
mídia para
divulgarmos nossos
princípios, mas o
desafio maior será
sempre viver o que
pregamos. Um pouco
de ousadia em prol
da causa de Jesus é
até saudável.
– Como você sente o
público em suas
palestras?
Repleto de
questionamentos e
conflitos,
necessitando de
diretrizes acertadas
para os próprios
passos, tanto quanto
nós mesmos. Frágil
tantas vezes,
adequando-se a
orientações de
pseudo-líderes,
abdicando do uso do
bom senso que o
Espiritismo tanto
enfatiza. Hoje é
medida urgente
ensinarmos aos
nossos irmãos a se
imunizarem contra o
chamado guiismo,
o que será possível
investindo nas
reuniões de estudos
doutrinários, o que
dispensará um
contato mais
prolongado com os
Espíritos para a
eles fazermos
perguntas quando
sabemos
perfeitamente onde
está a fonte das
respostas.
– Conte-nos sua
experiência mais
marcante como
médium, visando ao
nosso próprio
aprendizado.
Após receber uma
carta psicografada
de uma jovem
assassinada e
endereçada à mãe,
motivado por uma
percepção mediúnica
de aspecto negativo
fiz um comentário
que levou a mãe a
intensificar ainda
mais seu
desequilíbrio e a
cair em prantos.
Então tenho
aprendido que temos
que tomar muito
cuidado com que
falamos e, no que
diz respeito à
mediunidade
propriamente dita,
nem tudo que o
médium escuta ou vê
deve ser relatado.
A propósito, um
orador espírita
certa vez relatava
ao Chico que iria
fazer uma palestra
enfocando o tema
suicídio, e
pretendia causar
impactos com
comentários
negativos e
apavorantes. Então
Chico lhe perguntou
o que de positivo
estaria passando
para as mães aflitas
que tivessem
“perdido” um filho
naquela situação.
Hoje entendo quanto
é amplo o sentido de
desenvolver-se
mediunicamente.
Trata-se de um
aprendizado
constante; cada dia
uma lição nova.
– Suas palavras
finais.
Habituemo-nos a
seguir nossas
intuições. A
consciência está
programada para
apontar direções.
Desatendê-la é
martirizar-se
voluntariamente.
Harmonizar-se com
ela, este é nosso
maior desafio.
Tomando como
parâmetro o que
dissemos acima,
temos plena certeza
de que estaremos na
direção certa com os
nossos propósitos.
Lembramos, segundo
relato de nossa mãe,
que ao nascer, no
ano de 1964, devido
às características
que nosso corpo
apresentava (nossa
mãe nunca entrou em
detalhes a
respeito), a
parteira, que
provavelmente
portava determinada
sensibilidade,
afirmou à nossa mãe
que seríamos um
adivinho (médium) e
que tínhamos uma
missão a cumprir na
Terra. É o que temos
feito com todo amor.
E do ponto de vista
humano e mediúnico,
se Chico se
considerava um
cisco, nós
simplesmente não
existimos. Esta é a
mais sincera
confissão que já
fizemos. |