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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 5 - 16 de Maio de 2007

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

Busca interminável

A viagem que cada um de nós realiza em torno de si mesmo, buscando alcançar a liberdade de ação, é desgastante porque é desesperadora. O sentimento de prisão e a sensação de amarras que sentimos, literalmente, em nossos movimentos, nos impedem sempre de agir. Difícil compreender de onde vêm e porque estão tão presentes em nós.

A consciência dessa presença é tão viva que nos dá a impressão de ser um estado natural e, portanto, impossível de ser desfeita. O que torna tudo isso incrível é a necessidade de liberdade de movimentos – e não falamos, apenas, de movimentos físicos, sejam eles de que ordem forem – que convivem, de alguma forma, com essa constante presença em nossas vidas: as amarras.

Apesar da dificuldade, vamos procurar compreender o significado dessa contradição que nos impede de crescer para essa amplidão psíquica que nos é de direito possuir. O sentimento de liberdade – não importam agora as diferentes conceituações que se possam dar a ele – está inserido na própria natureza humana quando da sua criação. Essa liberdade, no nosso entender, não se refere àquela em que cada um pode realizar o que deseja – e muitos apreciariam esse estado de coisas – para satisfazer seus mínimos caprichos; se buscamos isso, basta olhar ao nosso redor para entendermos que a liberdade de cada um encontra limite na liberdade do outro. O direito que exigimos de sermos livres também é o direito do outro.

Esse sentimento ao qual nos referimos é a vontade de alcançar algo acima das amarras que nos prendem ao solo. Quantas vezes, cada um de nós já não desejou, ao olhar para o espaço, projetar-se em um imenso mergulho nessa imensidão. E estamos falando do mergulho físico, literalmente. O sentimento de liberdade ainda se liga ao da sensação que precisamos experimentar. As nossas emoções precisam, ainda, de parâmetros físicos. Por essa razão, quando falamos ou pensamos em tal conceito, nos imaginamos voando ou, para aqueles que preferem, mergulhando nas profundezas do oceano, ou ainda em altas velocidades procurando chegar mais depressa a lugar algum.

É muito pouco comum o ser humano perceber, com clareza, qual a liberdade que ele experimenta e qual realmente deseja. A confusão é evidente tendo-se em conta que o mundo que nos cerca é basicamente estruturado em razão de vivências sensitivas. Necessidade do Espírito para o seu crescimento! Assim, apesar de em algumas ocasiões experimentarmos essa liberdade "física" – mesmo que por breves instantes – acabamos retornando ao solo e nos sentimos amarrados. Duas necessidades que aparentemente se contrapõem, mas absolutamente importantes para aprendermos a separá-las e vivenciá-las, cada uma no seu momento.

É importante levarmos em consideração que o processo de identificação, separação e vivência conceitual pode ser o mesmo do crescimento físico pelo qual passamos da infância à maturidade. Nossos primeiros contatos com o mundo material se iniciam através do tato e muito lentamente passamos da fase do concreto para a conceitual. Por exemplo, primeiro sentimos a mesa (sensação física, táctil) para depois entendermos que a mesma palavra significa não só aquela mesa que primeiro nos serviu de parâmetro, mas todo e qualquer objeto que tenha a mesma finalidade. Transportando para o conceito de liberdade é inevitável depararmos com tal similitude. Entretanto, enquanto não abandonarmos a idéia de girar ao redor de nós mesmos, nessa busca interminável, nenhum passo conseguiremos dar em direção ao sentimento idealizado. O máximo que poderemos alcançar é, indubitavelmente, o realizado por causa da nossa total limitação psíquica de apreender o verdadeiro significado de liberdade.

No estágio evolutivo em que o homem se encontra, e só podemos falar agora do nosso planeta, esse máximo conquistado representa, por ora, uma grande vitória. Entretanto, é imprescindível levar-se em conta que, apesar de o tempo trabalhar a nosso favor, não podemos adiar mais a decisão de nos preparar- mos para o verdadeiro mergulho. Jesus nos deixou, em passagem evangélica, a confirmação de que somos muito mais capazes do que julgamos ser, e diz claramente que poderíamos ser como ele era e realizar o que ele realizava. O Mestre conhecia a alma humana; sabia de toda a potencialidade e também de todos os seus medos.

O ser e o realizar como ele significa, no nosso ponto de vista, o movimentar-se dentro do mais profundo respeito com toda a obra divina, a começar por si próprio. Entendemos que esse respeito só se dá na medida em que conhece- mos o objeto da nossa preocupação; na medida em que reconhecemos, em todos os cantos, a obra divina. Sem essa premissa verdadeira, dificilmente seremos capazes de nos reconhecermos como tal e, portanto, de nos respei- tarmos. Mas, quando isso acontece, iniciamos a preparação para o mergulho dentro de nós mesmos. No reconhecimento do outro como parceiro – porque também criatura do mesmo Criador – e não mais como adversário na conquista do direito de ser livre, vamos desenvolver o que há de mais precioso nessa batalha pessoal: a FRATERNIDADE. Quando nos reconhecemos como iguais – detentores dos mesmos direitos – nos sentimos em condições de compreender o outro em toda a sua capacidade de, aliado a nós, ser agente modificador de tudo que nos cerca. Essa possibilidade que se abre ao Espírito em luta na busca de sua liberdade, proporciona o encontro com seu EU, com sua consciência cósmica, dando-lhe a certeza de que sua liberdade está na união das duas vertentes que se lhe apresentam, no início, como sendo contraditórias: a vertente material – vida de sensações, limitada, e a vertente espiritual – vida consciencial, não limitada.

A aparente dualidade que o ser humano vivencia é que lhe traz esse desespero e a sensação de estar preso a amarras. Essa dualidade é necessária. O que se torna dispensável é a valorização que se dá apenas a uma delas, pois somente através da experiência material pode o Espírito crescer em entendimento de suas verdadeiras potencialidades, como obra de Deus - criado para ser perfei- to, dentro de toda a relatividade possível - mas, inevitavelmente, destinado a ser foco de luz a clarear outros corações, que um dia estarão vivendo as mes- mas angústias e os mesmos medos que hoje experimentamos.


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita