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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 45 - 2 de Março de 2008

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniamva@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Avance, mas com esperança!

As crises do mundo não são somente externas, como ecos da dimensão geopolítica, mas internas, como sintomas dos conflitos da alma. Desse modo, mais do que nunca, somos obrigados a despertar para nos conhecer e assumir responsabilidades para não vivermos alienados e falsos em relação a nós e em relação à esfera socioambiental.  Como sustentava Thomas Merton: 

“O que podemos ganhar navegando até a lua, se não somos capazes de transpor o abismo que nos separa de nós mesmos? Essa é a mais importante de todas as viagens de descoberta e, sem ela, todas as outras não são só inúteis como ainda desastrosas”. (1) 

A vida pode deixar de ser um campo fértil de oportunidades caso não descubramos as potencialidades existentes em nós ou desprezemos aquilo que em nós urge ser modificado – egoísmo, inveja e tantos outros sentimentos doentes e manifestações grosseiras que amortecem a vontade, instrumento hábil para corrigir as más inclinações e as ações causadoras de desarmonias plurais e que tornam a existência pesada ou desperdiçada. 

Iniciar o percurso do autoconhecimento é tarefa fundamental. Obriga à reflexão e requer o abandono de diversos hábitos egóicos, calcados em referenciais infantilizados, tal como o seguinte motivo condutor: “não consigo viver sem que o outro esteja a minha disposição”.  

Ora, a tarefa de conhecer-se reclama, simultaneamente, o assumir do cuidado consigo mesmo, que implica responsabilidade pela própria existência. Contudo, penso que o averiguar da própria sombra (vícios, bloqueios e feridas anímicas) contida em nós é exigente de alguns requisitos: humildade, paciência, seriedade.  

Sem dúvida, o melhor facilitador para mediar o contato com nossa “região sombria” é a paciência, que nos ensina a nos aproximarmos dela sem medo, pois é preciso mapeá-la e aceitá-la para, então, transformá-la. Entre terapeutas, principalmente junguianos, é sabido que aquilo que não for assumido não poderá ser salvo (tal como a metáfora da transformação do chumbo em ouro).

Já a humildade nos faz compreender que o erro necessariamente participa da estrada evolutiva, uma vez que somos seres a caminho e seria uma interpretação inapropriada crer na perfeição ‘instantânea’ após anos (para não dizer vidas) no cultivo de práticas contrárias às leis divinas, assistidas pelo hálito do amor, justiça e caridade. Além disso, somente conhecimento não basta, pois são nossas obras que nos revelam e dão a verdadeira cartografia de nossa realidade íntima. 

Por sua vez, a seriedade não pode ser misturada à culpa... Seriedade supõe motivação constante, empenho, firmeza de propósito. Já a culpa, resíduo de uma interpretação religiosa equivocada, corrói a confiança na possibilidade evolutiva, nega o acesso à via para o autoperdão, ativa os estados de pessimismo, desânimo e autodesprezo, que nada serve ao avanço do indivíduo. Dessa maneira, a favor de nossa saúde espiritual, mental e emocional, devemos compreender que o oxigênio do autoconhecimento, que sinaliza os meios para o processo da reeducação, são as fecundas esperanças. 

Necessária é a luta para a renovação. Nesse encalço, básica é a tarefa da aplicação do conhecimento espírita que bem auxiliam o entendimento da dimensão íntima. Com isso, solidificar-se-ão, em nosso cotidiano, os referentes que nos auxiliarão na transformação da velha postura de apontar falhas, disseminar críticas ou adulações, no lugar da modificação das próprias atitudes, que pressupõe auto-estima e respeito pelo próximo.  

James Hollis uma vez indagou: “Onde é que você está empacado em sua jornada pela vida?”  

Esta é uma pergunta imperativa para uma existência fecunda e responsável. E caso ela não seja trabalhada com humildade, paciência e seriedade, a vida se tornará pesada e nos aliaremos aos padecimentos, míopes ao nosso chamado evolutivo. Ora, não podemos esquecer que diante de nós há um horizonte interminável, em ressonância ao postulado da imortalidade, e a vida é positiva e para frente. Logo, para nosso bem, precisamos nos conhecer para nos educar, expandir nossa aptidão amorosa e, dessa forma, viver-conviver mais serenamente, pois mais autênticos. 

Bibliografia:

(1)MERTON, Thomas.  Thomas Merton: Spiritual Master. (Org.) Laurence Cunningham. NJ: Paulist Press, 1992, p. 431.
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita