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Entrevista
Ano 1 - N° 43 - 17 de Fevereiro de 2008
EUGÊNIA PICKINA 
eugeniamva@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Júpiter Villoz Silveira:

“Como médico, sou favorável à chamada paliação, em que o paciente não é abandonado ou negligenciado”
 

Júpiter Villoz Silveira (foto) é gaúcho, nascido em Sant’Ana do Livramento (RS) mas reside em Londrina (PR) desde 1972, quando veio a trabalho. Médico, endocrinologista e homeopata, ex-presidente da Associação Médica Espírita de Londrina, um dos fundadores da Casa do Caminho, ex-presidente da Casa do Caminho e atual membro do conselho administrativo desse Centro Espírita, palestrante dedicado, defende a necessidade da adoção do Projeto Pedagógico de Evangelização de Espíritos, que desperta no ser a verdade,  único alimento do Espírito. Contrário à

prática da ortotanásia, Júpiter diz ser favorável à chamada paliação, que considera morte tranqüila aquela em que a dor e o sofrimento são minimizados por cuidados adequados, no qual o paciente não é abandonado ou negligenciado.


Eis a seguir a entrevista que ele, atenciosamente, concedeu à nossa revista:

O Consolador: Quando teve contato com o Espiritismo?

Júpiter: Nasci em lar espírita. 

O Consolador: Dos três aspectos do Espiritismo – científico, filosófico e religioso – qual é o que mais o atrai?

Júpiter: Em primeiro lugar, não acredito que tais aspectos possam ser cindidos, pois qualquer ação nesse sentido seria o mesmo que tentar ver Jesus ou como o “Grande Cientista”, ou o “Grande Filósofo”, ou somente como o “Representante de Deus na Terra”. Essas dimensões, portanto, são indissociáveis e sua unidade é fundamental para um estudo consciente e uma prática ativa. 

O Consolador: Que autores espíritas mais lhe agradam?

Júpiter: Léon Denis, Herculano Pires, Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda. 

O Consolador: Que livros espíritas você considera de leitura indispensável aos confrades iniciantes?

Júpiter: O Livro dos Espíritos e o Evangelho segundo o Espiritismo. 

O Consolador: Se você fosse passar alguns anos num lugar remoto, com acesso restrito às atividades e trabalhos espíritas, que livros pertinentes à Doutrina Espírita você levaria?

Júpiter: Paulo e Estevão, os livros de André Luiz e o Evangelho segundo o Espiritismo

O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado espiritismo laico. Para você, o Espiritismo é uma religião?

Júpiter: Sim, sem dúvida. 

O Consolador: Outro tema que suscita geralmente debates acalorados diz respeito à obra publicada na França por J. B. Roustaing. Qual é a sua apreciação da obra?

Júpiter: Nunca a li, portanto desconheço.   

O Consolador: Como você vê a discussão em torno do aborto? No seu modo de ver as coisas, os espíritas deveriam ser mais ousados na defesa da vida como tem feito a Igreja?

Júpiter: O posicionamento da Associação Médico-Espírita Brasileira é muito claro e seguro em relação à proteção da vida. Apenas deveria ser mais divulgado.  

O Consolador: A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Ângelis, já se posicionaram sobre esse tema. Surgiu, no entanto, ultimamente a idéia de ortotanásia, defendida até mesmo por alguns médicos espíritas. Qual é a sua opinião a respeito?

Júpiter: Sou contra. Como médico, sou favorável à chamada paliação, que considera morte tranqüila aquela em que a dor e o sofrimento são minimizados por cuidados adequados (cuidados paliativos), no qual o paciente não é abandonado ou negligenciado. Ou seja, a paliação procura aumentar o conforto e manter a dignidade do paciente, mas sem interferir na sobrevida, pois não tem caráter curativo. Suas ações não visam apressar ou retardar a morte, mas fundamentalmente dar conforto ao paciente, tendo como foco as necessidades psicológicas e espirituais do doente terminal e da sua família. Além disso, a paliação considera o paciente terminal não como uma máquina, cujas peças estão avariadas e comprometidas, mas como um ser cumprindo sua destinação em acordo com uma visão holística, que entende essencial compreender o Espírito naturalmente ora encarnado, ora desencarnado, sendo esta visão também estendida aos familiares que o cercam. Ora, o ambiente espiritual que envolve o doente terminal é fundamental para que ele possa desvencilhar-se dos laços que o prendem à matéria com serenidade, tranqüilo para receber ajuda dos bons Espíritos e, desse modo, prosseguir sua jornada em equilíbrio. Infelizmente, isso freqüentemente não ocorre pelo apego e desespero vividos tanto pelo paciente quanto pelos encarnados que o cercam, embora munidos dos mais diversos conhecimentos religiosos.  

O Consolador: O movimento espírita em nosso País lhe agrada ou falta algo nele que favoreça uma melhor divulgação da Doutrina?

Júpiter: O que nos falta, enquanto movimento, é a vivência dos postulados espíritas. 

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o País e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

Júpiter: A situação atual do Planeta, que pode nos parecer um “caos”, faz parte do fechamento de um ciclo planetário. 

O Consolador: A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma eqüidade perfeita regulará as relações sociais?

Júpiter: O mundo de regeneração chegará quando passarmos da infância da humanidade para a madureza nos próximos milênios.   

O Consolador: Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil e no mundo?

Júpiter: Adotarmos a proposta de evangelização de nós mesmos (Evangelização de Espíritos).  

O Consolador: Você considera que existe uma pedagogia espírita inerente à obra de Kardec?

Júpiter: Herculano Pires já explicara no seu livro “Pedagogia Espírita” que há, sem dúvida, uma pedagogia que circunda a obra de Allan Kardec, mas a ela faltava somente uma metodologia. Nesse encalço, Eurípedes Barsanulfo, ao fundar o Colégio Espírita Allan Kardec, em Sacramento (MG), cogita então de uma metodologia que viesse a possibilitar o desenvolvimento do Projeto de Evangelização de Espíritos já anunciado pelo codificador. Essa proposta, então, conduzida pela Equipe do Espírito Eurípedes Barsanulfo, orienta um paradigma que, espelhado na natureza, tem como diretiva a necessidade de viver como Espírito, pois o fato é que nós somos Espíritos em experiências corporais. Logo, afastando-se do equívoco do Movimento Espírita brasileiro de fazer catequese (Evangelização Infantil), o Grupo Espírita Esperança e Caridade (SacramentoMG) propõe a Evangelização de Espíritos, que vai ao encontro das necessidades de cada Espírito em aprendizado na Terra. (1)  

O Consolador: Você poderia nos dar uma explicação sobre o que significa a Evangelização de Espíritos?

Júpiter: A Evangelização de Espíritos é um Projeto de Eurípedes Barsanulfo que pode ser entendida como um “método de vida que nos convida a vivenciar os ensinamentos trazidos por Jesus e codificados por Allan Kardec. Em sua prática percebemos o valor da lembrança, somos Espíritos eternos, co-participantes da criação, herdeiros de nós mesmos”. E sabemos que quem não se evangeliza não pode compreender as palavras de Jesus e quem não se transforma, não pode alcançar os princípios de Kardec: “Reconhece-se o verdadeiro cristão pela sua transformação moral”. Ou seja: a Evangelização de Espíritos pode nos auxiliar a vencer os obstáculos da nossa programação, à medida que nos propicia meios de reaprender, ascender novos sentimentos, fomentar novos pensamentos, alinhas novos hábitos porque “desperta no ser a verdade, alimento único do Espírito”. 

O Consolador: A Evangelização de Espíritos é uma proposta pedagógica nova?

Júpiter: A Evangelização de Espíritos inicia um processo saneador em que o Espírito-espírita reconhece suas dificuldades e utiliza de todos os ensinamentos contidos na Doutrina dos Espíritos e no Evangelho de Jesus para desenvolver sua luta e suas potências (qualidades positivas e talentos). Não é proposta nova, mas método amoroso utilizado por Jesus e por grandiosos Espíritos que estiveram fisicamente e continuam conosco, pois se constitui em uma educação que tem como base o conhecimento espírita e que busca nortear o avançar do Espírito Imortal perante sua trajetória momentaneamente humana, segundo a condicionante evolutiva. 

O Consolador: Há quanto tempo a Casa do Caminho e o Centro de Educação Infantil Espírita Eurípedes Barsanulfo adotam a Evangelização de Espíritos?

Júpiter: A Casa do Caminho tem compromisso com a educação. Desse modo, adotamos a Evangelização de Espíritos, nos moldes de Sacramento, há quinze anos. No entanto, somos cientes de que o sucesso dessa metodologia depende de uma boa formação de evangelizadores, pois estes lidarão com as necessidades próprias dos evangelizandos. Para isso, participamos anualmente do Encontro de Evangelizadores de Espíritos, em Sacramento, e desenvolvemos um itinerário de estudo permanente na Casa com temáticas ligadas a esse método, que estão necessariamente iluminadas pela Doutrina Espírita. De forma clara, procuramos, pela aplicação do Projeto Pedagógico da Evangelização de Espíritos, não incorrer no comportamento equivocado de “ensinar sem aprender”.   

O Consolador: Quem é o público-alvo da Evangelização de Espíritos?

   

Júpiter: A Evangelização de Espíritos, na Casa do Caminho (foto), é oferecida, atualmente, a todos os seus freqüentadores. Já em relação ao nosso Centro de Educação Infantil, o Projeto alcança 180 crianças, seja no berçário, creche e o chamado apoio (estudantes que passam o período vespertino na Casa do Caminho para fazer tarefas e participar  de  atividades  como música, teatro,

desenho e  outras formas extracurriculares de aprendizado e que se pautam pela Evangelização de Espíritos).   Ainda, o acesso à Evangelização de Espíritos está disponível para todas as pessoas (e idades). Para isso, basta ir à Casa do Caminho, aos sábados, a partir das 8h30min. (2)

O Consolador: Suas palavras finais.

Júpiter: Acredito, por experiência particular, que a Evangelização de Espíritos orienta uma educação saneadora direcionada para as necessidades reais do Espírito, esclarecendo as causas do sofrimento, mas com objetivo de auxiliá-lo a desenvolver as metas programadas em sua reencarnação, guiando-o na adaptação do seu ambiente reencarnatório para reeducação das injunções programadas, no propósito de construir novo entendimento de si e do outro, com base no amor e na caridade. Nas minhas palestras pelos Centros Espíritas do Paraná, São Paulo, MT, percebo que a maioria dos departamentos nas Casas Espíritas funciona bem, com exceção do departamento da evangelização, erroneamente nominado e destinado à evangelização infantil (catequese), o que considero um equívoco. Noto que após as palestras, as pessoas ligadas a esse departamento me procuram interessadas no método de Evangelização de Espíritos. No entanto, por não disporem de autonomia, a adoção da proposta é impedida, o que acho uma pena, pois é uma ferramenta formidável e que, por estar iluminada pelo conhecimento espírita, pode certamente ajudar o Espírito-espírita a conhecer-se para impulsionar o bem dentro de si mesmo, segundo o processo reeducador do amor e da caridade. 

Notas: 

(1) Evangelização de Espíritos − Projeto Pedagógico desenvolvido pelo Grupo Esperança e Caridade, com sede no Colégio Allan Kardec, fundado por Eurípedes Barsanulfo, junto à Fundação Lar de Eurípedes (Sacramento – MG). Os conceitos apresentados nas respostas pelo médico Júpiter Villoz Silveira se prendem ao Projeto de Evangelização de Espíritos traçados pelo Grupo Esperança e Caridade (Equipe de Eurípedes Barsanulfo), em Sacramento – MG. 

(2) Para saber mais sobre o Projeto de Evangelização de Espíritos acesse o site www.cak.com.br ou consulte as obras seguintes: Pelos Caminhos do Entendimento do Espírito; Eurípedes o Espírito e o Compromisso; Acordes de Jesus para uma Nova Educação, obras recebidas por psicografia de Alzira Bessa França Amui e por psicofonia de Luciano Sivieri Varanda e publicadas pela Editora Grupo Espírita Esperança e Caridade (Sacramento – MG). 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita