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Correio Mediúnico
Ano 1 - N° 43 - 17 de Fevereiro de 2008
 

Seara de ódio

Irmão X  

– Não! Não te quero em meus braços! – dizia a jovem mãe, a quem a Lei do Senhor conferira a doce missão da maternidade, para o filho que lhe desabrochava do seio – não me furtarás a beleza! Significas trabalho, renúncia, sofrimento...

– Mãe, deixa-me viver!... –  suplicava-lhe a criancinha no santuário da consciência – Estamos juntos! Dá-me a bênção do corpo! Devo lutar e regenerar-me. Sorverei contigo a taça de suor e lágrimas, procurando redimir-me... Completar-nos-emos. Dá-me arrimo, dar-te-ei alegria. Serei o rebento de teu amor, tanto quanto serás para mim a árvore de luz, em cujos ramos tecerei o meu ninho de paz e de esperança...

– Não, não...

– Não me abandones!

– Expulsar-te-ei.

– Piedade, mãe! Não vês que procedemos de longe, alma com alma, coração a coração?

– Que importa o passado? Vejo em ti tão-somente o intruso, cuja presença não pedi.

– Esqueces-te, mãe, de que Deus nos reúne? Não me cerres a porta!...

– Sou mulher e sou livre. Sufocar-te-ei antes do berço...

– Compadece-te de mim!...

– Não posso. Sou mocidade e prazer, és perturbação e obstáculo.

– Ajuda-me!

– Auxiliar-te seria cortar em minha própria carne. Disputo a minha felicidade e a minha leveza feminil...

– Mãe, ampara-me! Procuro o serviço de minha restauração...

Dia a dia, renovava-se o diálogo sem palavras, até que, quando a criança tentava vir à luz, disse-lhe a mãezinha cega e infortunada, constrangendo-a a beber o fel da frustração:

– Torna à sombra de onde vens! Morre! Morre!

– Mãe, mãe! Não me mates! Protege-me! Deixa-me viver...

– Nunca!

– Socorre-me!

– Não posso.

Duramente repelido, caiu o pobre filho nas trevas da revolta e, no anseio desesperado de preservar o corpo tenro, agarrou-se ao coração dela, que destrambelhou, à maneira de um relógio desconsertado...

Ambos, então, ao invés de continuarem na graça da vida, precipitaram-se no despenhadeiro da morte.

Desprovidos do invólucro carnal, projetaram-se no Espaço, gritando acusações recíprocas.

Achavam-se, porém, ligados um ao outro, pelas cadeias magnéticas de pesados compromissos, arrastando-se por muito tempo, detestando-se e recriminando-se mutuamente...

A sementeira de crueldade atraía a seara de ódio. E a seara de ódio lhes impunha nefasto desequilíbrio.

Anos e anos desdobraram-se, sombrios e inquietantes, para os dois, até que, um dia, caridoso Espírito de mulher recordou-se deles em preces de carinho e piedade, como a ofertar-lhes o próprio seio. Ambos responderam, famintos de consolo e renovação, aceitando o generoso abrigo...

Envolvidos pela caricia maternal, repousaram enfim.

Brando sono pacificou-lhes a mente dolorida.

Todavia, quando despertaram de novo na Terra, traziam o estigma do clamoroso débito em que se haviam reunido, reaparecendo, entre os homens, como duas almas apaixonadas pela carne, disputando o mesmo vaso físico, no triste fenômeno de um corpo único, sustentando duas cabeças.


Página psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, constante do livro Contos e Apólogos.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita