WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français  
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 41 - 3 de Fevereiro de 2008

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)


Religião e religiosos
verdadeiros e racionais

“(...) O Evangelho segundo o Espiritismo derroca os fundamentos do
 edifício que abrigava o clero há dezoito séculos.” - Erasto

Sempre obedientes aos Planos Divinos, os Espíritos só desvelaram o aspecto religioso do Espiritismo quando ele já estava científica e filosoficamente sedimentado. Tal se deu com o advento do terceiro livro básico: “O Evangelho segundo o Espiritismo” no ano de 1864. Portanto, a frase de Erasto, em epígrafe, bem poderia ter sido o título em caixa alta de chamada de matéria jornalística na primeira página de qualquer jornal escrito 140 anos atrás...

Como a nova formatação religiosa apresentada pelo Espiritismo iria, evidentemente, acirrar os ânimos dos “religiosos” tradicionais, Allan Kardec perguntou ao Espírito de Verdade (“Obras Póstumas”, pg. 311): “Que dirá o clero?

E a resposta não se fez esperar: “O clero gritará: heresia!!!... Porque verá que atacas decisivamente as Penas Eternas e outros pontos sobre os quais ele baseia a sua influência e o seu crédito. Gritará tanto mais, quanto se sentirá muito mais ferido do que com a publicação de O Livro dos Espíritos, cujos dados principais, a rigor, poderia aceitar. Agora, porém, tu entraste por um novo caminho, no qual não poderá ele acompanhar-te. O anátema secreto se tornará oficial e os espíritas serão repelidos, como o foram os judeus e os pagãos, pela Igreja Romana. Em compensação, os espíritas verão aumentar-se-lhes o número, em virtude dessa espécie de perseguição, sobretudo com o qualificarem, os padres, de demoníaca uma Doutrina cuja moralidade esplenderá como um raio de Sol pela publicação mesma do teu novo livro e dos que se seguirão.

“Aproxima-se a hora em que te será necessário apresentar o Espiritismo qual Ele é, mostrando a todos onde se encontra a verdadeira Doutrina ensinada pelo Cristo. Aproxima-se a hora em que, à face do Céu e da Terra, terás de proclamar que o Espiritismo é a única tradição verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente divina e humana. Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques. Entretanto, amigo, se a tua coragem ainda não desfaleceu sob a tarefa tão pesada que aceitaste, fica sabendo que foste feliz até o presente, mas que é chegada a hora das dificuldades... Sim, caro Mestre, prepara-se a grande batalha; o fanatismo e a intolerância, exacerbados pelo bom êxito da tua propaganda, vão atacar-te e aos teus com armas envenenadas. Prepara-te para a luta... Tenho, porém, fé em ti, como tu tens fé em nós, e sei que a tua fé é das que transportam montanhas e fazem caminhar por sobre as águas. Coragem, pois, e que a tua obra se complete. Conta conosco e conta sobretudo com a grande alma do Mestre de todos nós, que te protege de modo muito particular...

A reação do Clero contra o Espiritismo

“(...) É chegada a hora em que a Igreja tem de prestar contas do depósito que lhe foi confiado, da maneira por que pratica os ensinos do Cristo, do uso que fez da sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade a que levou os Espíritos. A hora é vinda em que ela tem de dar a César o que é de César e de assumir a responsabilidade de todos os seus atos. Deus a julgou e a reconheceu inapta, daqui por diante, para a missão de progresso que incumbe a toda autoridade espiritual.

“Somente por meio de uma transformação absoluta lhe seria possível viver; mas, resignar-se-á ela a essa transformação?! Não, pois que, então, já não seria a Igreja; para assimilar as Verdades e as descobertas da Ciência, teria de renunciar aos dogmas que lhe servem de fundamentos; para volver à prática rigorosa dos preceitos do Evangelho, teria de renunciar ao poder, à dominação, de trocar o fausto e a púrpura pela simplicidade e a humildade apostólicas. Ela se acha nesta alternativa: ou se suicida, transformando-se; ou sucumbe nas garras do progresso, se permanecer estacionária.

“Aliás, Roma já se mostra cheia de ansiedade e na Cidade Eterna se sabe, por inegáveis revelações, que a Doutrina Espírita causará dor viva ao papado, porque na Itália se prepara rigorosamente o cisma. Não é, pois, de espantar o encarniçamento com que o clero se lança ao combate contra o Espiritismo, impelido pelo instinto de conservação. Ele, porém, já verificou que suas armas se embotam contra essa potência que surge, seus argumentos não têm podido resistir à lógica inflexível; só lhe resta o demônio, mísero auxiliar seu no século XIX. Ao demais, a luta está aberta entre a Igreja e o progresso, mais do que entre ela e o Espiritismo. Ela é batida em toda a linha do progresso geral das idéias e sucumbirá sob os seus golpes, como tudo quanto sai fora do seu nível. A marcha rápida das coisas há de fazer-vos pressentir que o desenlace não demorará muito tempo. A própria Igreja parece compelida fatalmente a precipitá-lo”.

A religião cristã vista pelo Espiritismo

As religiões de antanho fundamentaram o edifício religioso no “sobrenatural”. Ora, nós aprendemos com o ínclito e insuperável Mestre Lionês (Kardec, “A Gênese”, capítulo XIII, itens 18 e 19):

“(...) Pretender-se que o sobrenatural é o fundamento de toda religião, que ele é o fecho de abóbada do edifício cristão, é sustentar perigosa tese. Assentar exclusivamente as verdades do Cristianismo sobre a base do maravilhoso é dar-lhe fraco alicerce, cujas pedras facilmente se soltam. Essa tese, de que se constituíram defensores eminentes teólogos, leva direito à conclusão de que, em breve tempo, já não haverá religião possível, nem mesmo a cristã, desde que se chegue a demonstrar que é natural o que se considerava sobrenatural, visto que, por mais que se acumulem argumentos, não se logrará sustentar a crença de que um fato é miraculoso, depois de se haver provado que não o é. Ora, a prova existe de que um fato não constitui exceção às leis naturais, logo, que pode ser explicado por essas mesmas leis e que, podendo reproduzir-se por intermédio de um indivíduo qualquer, deixa de ser privilégio dos santos. O de que necessitam as religiões não é do sobrenatural, mas do princípio espiritual, que erradamente costumam confundir com o maravilhoso e sem o qual não há religião possível.

“O Espiritismo considera de um ponto mais elevado a religião cristã; dá-lhe base mais sólida do que a dos milagres: as imutáveis leis de Deus, a que obedecem assim o princípio espiritual como o princípio material. Essa base desafia o tempo e a Ciência, pois que o tempo e a Ciência virão sancioná-la.

“Deus não Se torna menos digno da nossa admiração, do nosso reconhecimento, do nosso respeito, por não haver derrogado Suas leis, grandiosas, sobretudo, pela imutabilidade que as caracteriza. Não se faz mister o sobrenatural, para que se preste a Deus o culto que Lhe é devido. A Natureza não é de si mesma tão imponente que dispense se lhe acrescente seja o que for para provar a suprema potestade? Tanto menos incrédulos topará a religião, quanto mais a razão a sancionar em todos os pontos. O Cristianismo nada tem que perder com semelhante sanção; ao contrário, só tem que ganhar. Se alguma coisa o há prejudicado na opinião de muitas pessoas, foi precisamente o abuso do sobrenatural e do maravilhoso.

A origem do mal nada tem que ver com Deus

 “(...) Querem dar ao povo, aos ignorantes, aos pobres de espírito uma idéia do poder de Deus? Mostrem-no na sabedoria infinita que preside a tudo, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na apropriação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, de acordo com o meio onde ele é posto a viver. Mostrem-lhes a ação de Deus na vergôntea de um arbusto, na flor que desabrocha, no Sol que tudo vivifica. Mostrem-lhes a sua bondade na solicitude que dispensa a todas as criaturas, por mais ínfimas que sejam, a Sua previdência, na razão de ser de todas as coisas, entre as quais nenhuma inútil se conta, no bem que sempre decorre de um mal aparente e temporário. Façam-lhes compreender, principalmente, que o mal real é obra do homem e não de Deus; não procurem espavori-los com o quadro das penas eternas, em que acabam não mais crendo e que os levam a duvidar da bondade de Deus; antes, dêem-lhes coragem, mediante a certeza de poderem um dia redimir-se e reparar o mal que hajam praticado. Apontem-lhes as descobertas da Ciência como revelações das leis divinas e não como obras de Satanás. Ensinem-lhes, finalmente, a ler no livro da Natureza, constantemente aberto diante deles; nesse livro inesgotável, em cada uma de cujas páginas se acham inscritas a sabedoria e a bondade do Criador. Eles, então, compreenderão que um Ser tão grande, que com tudo se ocupa, que por tudo vela, que tudo prevê, forçosamente dispõe do poder supremo. Vê-lo-á o lavrador, ao sulcar o seu campo; e o desditoso, nas suas aflições, o bendirá dizendo: Se sou infeliz, é por culpa minha. Então, os homens serão verdadeiramente religiosos, racionalmente religiosos, sobretudo, muito mais do que acreditando em pedras que suam sangue, ou em estátuas que piscam os olhos e derramam lágrimas”.

Sem a luz da razão, desfalece a fé

A partir, portanto, da publicação do terceiro livro da codificação Espírita, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, foram novamente reavivados os contornos do Paleocristianismo, isto é, voltaram à plena luz do dia e da razão os peregrinos revérberos do Cristianismo revertido à sua origem, devolvido à sua primitiva pureza e pulcritude, levando a um irremediável sucateamento toda a estrutura religiosa medieval erguida sobre os pilotis da ignorância, do baraço e cutelo, estratificada no modelo cultural dos dogmas inverossímeis. Tais deformidades doutrinárias perenizadas pelos religiosos de antanho deram origem a outro desenho estrutural das idéias cristãs.

Hodiernamente, numa análise comparada, vamos observar que o perfil do desenho estrutural do Espiritismo se amolda perfeitamente ao Paleocristianismo. O mesmo já não se pode constatar com relação ao perfil da Igreja de Roma e ao das inúmeras igrejas ditas evangélicas, que mais valorizam os dízimos e as artimanhas de Satanás, mantendo seus profitentes na mais santa paralisia cerebral e ignorância.

Daí a gritaria e os anátemas encolerizados do clero e dos protestantes ao surgir no proscênio terrestre “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que espanca as trevas d’alma, apontando o caminho alforriador, e consolidando não só a formatação religiosa do Espiritismo, mas ensejando uma irresistível ação demolidora que implodiu os ancilosados e absurdos dogmas medievais.

Após o advento de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, religião e religiosos verdadeiros e racionais só o são aqueles que se lhes amoldam ao perfil, uma vez que “sem a luz da razão, desfalece a fé”.
 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita