GERSON SIMÕES MONTEIRO 
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Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
 

Espíritas não exorcizam
 

Devemos esclarecer, por oportuno, que a prática do exorcismo não é realizada nos Centros Espíritas que se orientam pelas obras de Allan Kardec. Os Espíritos obsessores não são expulsos, isto é, exorcizados nessas casas de caridade. Esses Espíritos atrasados, que algumas pessoas chamam de demônios, são amparados nas Casas Espíritas como enfermos espirituais e, em razão disso, recebem vibrações de amor e pensamentos de paz, para abandonarem o desejo doentio de vingança. 

A propósito, lembro-me de certa senhora que levou sua filha em um Centro Espírita pedindo para que ela fosse exorcizada, pois quando a filha ficava possuída, dava ataques e caía ao chão se contorcendo toda, saindo dessas crises sempre machucada. Diante disso, o dirigente do Centro explicou a essa mãe que os rituais exorcistas não atingem a causa, que é o Espírito vingativo, e que para a cura da obsessão, só a prece feita com sentimento e compaixão é capaz de tocar esses inimigos espirituais e levá-los a perdoar a pessoa perseguida. 

Após o comentário do dirigente, a jovem obsidiada recebeu a terapêutica dos passes e, sobretudo, orientação para perdoar os seus inimigos e praticar a caridade, com base em O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. Com a melhora de sua conduta moral, o Espírito que obsidiava a jovem foi tocado, principalmente, com as preces que ela fazia pedindo-lhe perdão. 

E tanto isso é verdade, que numa das reuniões de desobsessão, destinadas a moralizar os Espíritos vingativos e malfazejos, o Espírito explicou o motivo de sua vingança através de um médium psicofônico, e o porquê de não mais persegui-la, dizendo: “Em outra reencarnação ela era uma fazendeira poderosa, e eu um mísero escravo. Certo dia, ela ordenou ao capataz da fazenda amarrar-me num tronco e me chicotear até a morte, porque tentei fugir. Por isso estava me vingando, mas pelas preces sinceras que ela fez, implorando o meu perdão, decidi abandonar o meu propósito de vingança e seguir o caminho do bem”. Eis porque Jesus advertiu: “Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho...” (Mateus 5, 25 e 26).