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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 41 - 3 de Fevereiro de 2008

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniamva@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Retenção de ressentimento – um bloqueio para o amor 

Sabemos que as lembranças não são iguais. Enquanto algumas são vagas recordações de eventos, outras nos prendem no passado. Quando ficamos ressentidos com alguém, as tintas escuras e densas do fato infeliz nos mantêm algemados ao passado e impedidos de ancorar no presente. Por isso, perdoar é imprescindível para o nosso existir harmonioso no aqui e agora.  

Infelizmente, esse bom hábito é pouco ou mal praticado, pois na maioria das vezes o perdão se constitui de um pedido oco de desculpas e, no geral, carregamos por aí um fardo inútil de culpa (ou remorso) por equívocos que ocultamos e ressentimentos pelas feridas que nos causaram...  

A analista junguiana Clarissa Pinkola-Estes (1) traz em um dos seus livros um eficaz itinerário para o perdão que é constituído por ações que devem ser realizadas em quatro passos:  

“1) renuncie – deixe de lado;

2) contenha-se – abstenha-se de punir;

3) esqueça – afaste da lembrança, recuse-se a insistir; e

4) perdoe – abandone a dívida”.  

Sem dúvida, esse é um dos roteiros mais eficazes para ajudar as pessoas a se desligar do passado, à medida que possibilita o perdão ao ofensor e, ainda, o autoperdão.  

Em vários momentos de suas lições, o Cristo reforçou o perdão como requisito prioritário para uma conduta harmonizada no bem, pois somente ele é capaz de livrar o ofendido do embaraço da ofensa sofrida. Além disso, “o sacrifício mais agradável a Deus é “o dos próprios ressentimentos”, segundo a narrativa do seu Evangelho.” (2)  

Do aviso reiterado de Jesus sobre o significado profundo do perdão é possível extrair a síntese seguinte: enquanto perdoar é sinal de inteligência, própria a uma individualidade madura, não perdoar (e retaliar) resulta ainda de uma individualidade guiada pela inconsciência, própria de egos infantilizados, que têm medo do amor. Por isso, sensibiliza tanto a Primeira Epístola de Paulo quando ele conta que o contrário do amor não é o ódio, mas sim o medo. O medo de amar...  

Jean-Yves Leloup afirma: 

Podemos perdoar alguém com a nossa cabeça e também com o nosso coração, mas quando estamos na presença da pessoa que nos fez mal, nosso corpo sente uma espécie de repulsa. Existem em nós tantas memórias que provocam esta reação! E a libertação do medo não é somente uma coisa psíquica ou intelectual. É também algo físico. Quando nos aproximamos desta ou daquela pessoa, sentimos que o nosso corpo fica calmo, quando antes havia uma tensão, uma contração. Este é um sinal de que alguma coisa se limpou em nossa memória e que nós fomos libertados de um peso de memória que entranhava o nosso corpo”. (3) 

No lugar de condenar e conservar o ressentimento, é mais inteligente para qualquer pessoa perdoar para libertar e libertar-se e, desse modo, mais segura de si mesma poderá se desbloquear para crescer em bondade e amor, pois harmonizada com o princípio cristão da reconciliação.  

Bibliografia:

(1) PINKOLA-ESTES, Clarissa. Women who run with the wolves: myths and stories of the wild woman archetype. Nova York: Ballantine Books, 1992, p. 370.

(2) KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução Herculano Pires. 14 ed. São Paulo: FEESP, 1998, p. 129 [Capítulo X, item 7].

(3) LELOUP, Jean-Yves. Caminhos da realização: dos medos do eu ao mergulho no ser. Tradução Célia S. Quintas, Lise M. Alves de Lima, Regina Fittipaldi. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 61.
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita