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Especial

Ano 1 - N° 41 - 3 de Fevereiro de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br

Londrina, Paraná (Brasil)

É o Espiritismo uma religião? 

A velha polêmica sobre ser ou não o Espiritismo uma religião – assunto tratado na entrevista de Marcelo Henrique Pereira e também no artigo de Rogério Coelho, ambos constantes desta edição – não poderia apresentar em nosso meio dificuldade alguma.
 

Claro que os espíritas têm inteira liberdade de preferir esse ou aquele aspecto do Espiritismo, seja o filosófico, o científico ou o religioso. Mas ninguém tem, em sã consciência, o direito de negá-los, como fazem os laicos com relação ao aspecto religioso, adjetivo que costumam substituir pelo vocábulo moral. Ora, se é certo que o Espiritismo apresenta conseqüências morais, é igualmente correto afirmar que ele apresenta conseqüências religiosas.
 

Não é preciso recorrer a outros autores para percebê-lo, porque a própria obra de Kardec o atesta, como comprovam os trechos adiante transcritos, colhidos em diversas edições da Revue Spirite, periódico escrito e publicado por Allan Kardec de 1858 a 1869.

Ressaltam dos textos em foco a preocupação com atos tipicamente associados à religião – como a prece, a leitura do Evangelho e a prática do bem – e a reverência que Kardec e os Espíritos dedicam à pessoa de Jesus e ao Evangelho, bem como a conceituação do Espiritismo como

o Consolador prometido e sua íntima correlação com os ensinos do Cristo.


Dividimos os 40 textos em dois grupos: 1o - textos de autoria do Codificador do Espiritismo; 2o - textos assinados por Espíritos diversos.

 

São de autoria de Kardec os trechos da Revue Spirite adiante resumidos:

1. O ensino dos Espíritos, diz Kardec, é eminentemente cristão porque se apóia na imortalidade da alma, nas penas e recompensas futuras, no livre-arbítrio e na moral cristã. (Revue Spirite de 1858, p. 313.)

2. O Espiritismo é o mais poderoso auxiliar das idéias religiosas: ele dá religião aos que não a possuem; fortifica-a nos que a têm vacilante; consola pela certeza do futuro, faz suportar com paciência e resignação as tribulações desta vida e desvia o pensamento do suicídio. (Revue de 1859, p. 5.)

3. O Espiritismo não nega a Deus, a alma, o livre-arbítrio, as penas e recompensas futuras. Longe disso, ele prova, não pelo raciocínio, mas pelos fatos, essas bases fundamentais da religião, cujo inimigo mais perigoso é o materialismo. (Revue de 1859, p. 150.)

4. O Espiritismo é forte porque se apóia nas bases da religião: Deus, a alma, as penas e recompensas futuras, baseadas naquilo que fazemos. (Revue de 1860, p. 4.) 

No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião 

5. Impedindo inúmeros suicídios, devolvendo a paz e a concórdia a muitas famílias, tornando mansos e pacientes homens violentos e coléricos, dando resignação e consolo aos que não os tinham, reconduzindo a Deus os que o desconheciam, o Espiritismo, longe de antagonista, é o mais poderoso auxiliar da Religião. (Revue de 1861, p. 317.)

6. O Espiritismo jamais se arvorou em rival do Cristianismo, do qual se declara filho. Ele combate o ateísmo e o materialismo e repousa sobre as bases fundamentais de toda religião e sobre a moral do Cristo. “Se renegasse o cristianismo, ele se desmentiria, suicidar-se-ia.” (Revue de 1862, p. 121.)

7. O Cristianismo, tal qual saiu da boca de Jesus, mas apenas tal qual saiu, é invulnerável, porque ele é a lei de Deus. (Revue de 1864, p. 202.)

8. É o Espiritismo uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isso, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza. (Revue de 1868, p. 351.)

9. O verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião é um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, princípios e crenças. (Revue de 1868, p. 351 a 354.)

10. Esse laço é, porém, um laço essencialmente moral, que liga os corações, e seu objetivo é estabelecer, entre as pessoas que ele une, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. (Revue de 1868, p. 354 a 357.)

11. O Espiritismo é inteiramente baseado no dogma da existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade após a morte, sua imortalidade, as penas e as recompensas futuras. Seu obje­tivo é prová-las de maneira patente e sua moral é apenas o desenvolvimento das máximas do Cristo. (Revue de 1860, p. 308.)

12. Mataram o Cristo, mataram seus apóstolos, e no entanto a idéia cristã triunfou, vencendo até a perseguição dos Césares onipotentes. Por que, então, o Espiritismo, que não é senão o desenvolvimento e a aplicação da idéia cristã, não triunfará de alguns trocistas ou de antagonistas que não lhe puderam opor senão uma negação estéril? (Revue de 1861, p. 358.)

13. O Cristianismo, ao surgir, teve que lutar contra uma potência terrível: o Paganismo. O Espiritismo nada tem a destruir, porque assenta suas bases no próprio Cristianismo e no Evangelho, do qual é simples aplicação. (Revue de 1861, p. 316.)

14. A moral que ele ensina é boa ou má? É subversiva? Eis a questão. Ora, desde que é a moral do Evangelho desenvolvida e aplicada, condená-la seria condenar o Evangelho. (Revue de 1861, p. 317.) 

O Espiritismo é, de fato, o verdadeiro Consolador 

15. Em suas instruções os Espíritos superiores têm sempre o objetivo de despertar nos homens o amor do bem pela prática do Evangelho. (Revue de 1858, p. 5.)

16. Graças às comunicações de ora em diante estabelecidas de maneira permanente entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, ensinada em todas as nações pelos próprios Espíritos, não mais será letra morta, porque cada um a compreenderá e necessariamente será solicitado a pô-la em prática, a conselho de seus guias espirituais. (Revue de 1864, p. 99.)

17. Não existe nenhuma surpresa no fato de haver Deus enviado os bons Espíritos para lembrar o sentido verdadeiro de sua lei. “Eles não vêm para destruir o cristianismo, mas desligá-lo das falsas interpretações e dos abusos que nele introduziram os homens.” (Revue 1864, p. 275.)

18. A bandeira “Fora da caridade não há salvação”, por ele posta no frontispício do Espiritismo, não surgiu por ato de sua autoridade, mas dos ensinos dos Espíritos, que a colheram nas palavras do Cristo, em que ela se encontra com todas as letras, como pedra angular do edifício cristão. (Revue de 1866, pp. 114 a 116.)

19. A fraternidade deve ser a pedra angular da nova ordem social, mas não existirá fraternidade real, sólida e efetiva se não for apoiada em base inabalável, que é a fé, não a fé em tais ou quais dogmas, mas a fé nos princípios fundamentais que todos podem aceitar: Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinido, a perpetuidade das relações entre os seres. (Revue de 1866, p. 289 a 301.)

20. O Espiritismo não diz: Fora do Espiritismo não há salvação, mas apoiado no Cristo: Fora da caridade não há salvação, princípio de união e tolerância que ligará os homens num sentimento comum de fraternidade, em vez de os dividir em seitas inimigas. (Revue de 1866, p. 289 a 301.)

21. O Cristo não disse tudo o que poderia ter dito, porque os homens de sua época não o compreenderiam. Eis por que mais tarde seria enviado à Terra o Consolador, o Espírito de Verdade, que haveria de restabelecer todas as coisas e explicar tudo quanto ele dissera. (Revue de 1867, p. 261 a 285.)

22. Se considerarmos o poder moralizador do Espiritismo, a força moral, a coragem e as consolações que ele dá nas aflições, reconheceremos que ele realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador prometido. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside ao grande movimento de regeneração, a promessa de seu advento se acha realizada, porque ele é, de fato, o verdadeiro Consolador. (Revue de 1867, p. 261 a 285.) 

A Oração dominical deve ser a prece de todos os dias

23. Tal é a fé dos espíritas, e a prova de sua força é que se esforçam por tornar-se melhores, dominar suas inclinações más e pôr em prática as máximas do Cristo, olhando todos os homens como irmãos, perdoando aos inimigos e fazendo o bem pelo mal, a exemplo do Mestre. (Revue de 1868, p. 7 a 12.)

24. O mais perfeito modelo de concisão, no caso da prece, é a Oração dominical, que é a mais indicada para as preces da manhã e da noite, desde que dita com inteligência, de coração, e não dos lábios. (Revue de 1864, p. 234.)

25. Uma vez por semana, por exemplo, no domingo, pode-se consagrar à prece um tempo mais longo, a isto acrescentando a leitura de algumas passagens do Evangelho e a de algumas boas instruções, ditadas pelos Espíritos. (Revue de 1864, p. 234.) 

São de autoria dos Espíritos adiante nominados os trechos seguintes:

1. Mártires do Espiritismo são os que escutam, a cada passo, palavras insultuosas, como louco, insensato, visionário, as afrontas da incredulidade e outros sofrimentos ainda mais amargos. Mas a sua recompensa será bela, porque o lugar que o Cristo prepara aos mártires do Espiritismo será ainda mais brilhante. (Santo Agostinho, Revue de 1862, p. 122.)

2. O Espiritismo não é uma religião nova, mas a consagração dessa religião universal cujas bases foram lançadas pelo Cristo. “O Espiritismo, sob o ponto de vista religioso, é apenas a confirmação do cristianismo.” (Bernardin, Revue de 1862, p. 186 a 188.)

3. O Espiritismo é a realização de todas as profecias, o desenvolvimento da religião, o esclarecimento dos mistérios, o caminho reto que conduz ao verdadeiro objetivo e à perfeição. (Cardeal Wiseman, Revue de 1865, p. 213 e 214.)

4. A religião espiritualista é a alma do Cristianismo: é preciso não esquecer. (Lamennais, Revue de 1865, p. 216.)

5. A moral ensinada pelo Cristo sobrepuja os ensinos mais sublimes da Antigüidade; o que é preciso observar no Espiritismo é a moral cristã. (Lamennais, Revue de 1860, p. 364.)

6. O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, a mais sublime: a moral evangélica cristã, que deve renovar o mundo, reaproximar os homens e os tornar a todos irmãos; a moral que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade, o amor do próximo; que deve criar entre todos os homens uma solidariedade comum; a moral, enfim, que deve transfigurar a Terra e dela fazer uma morada para Espíritos superiores. (Um Espírito israelita, Revue de 1861, p. 96.) 

O Espiritismo é a aplicação da moral evangélica 

7. Foi Moisés quem abriu a estrada; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a acabará. (O mesmo Espírito, Revue de 1861, p. 97.)

8. O Espiritismo é a aplicação da moral evangélica, pregada pelo Cristo, em toda a sua pureza, e os homens que o condenam sem o conhecer são pouco prudentes. (Ferdinand, Revue de 1861, p. 168 e 169.)

9. O Espiritismo é uma ciência essencialmente moral. Os que se dizem espíritas não podem, pois, sem cometer uma grave inconseqüência, subtrair-se às obrigações que impõe. Disso advém a obrigação moral que tem o espírita de conformar sua conduta à sua crença e ser um exemplo vivo, um modelo, como o Cristo o foi para a humanidade. (Luís de França, Revue de 1866, p. 156 a 159.)

10. O Espiritismo não é senão a aplicação verdadeira dos princípios de moral ensinada por Jesus. Foi com o objetivo de fazê-la por todos compreendida que Deus permite as manifestações dos Espíritos. Ele vem, portanto, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior. (Luís de França, Revue de 1866, p. 156 a 159.)

11. Encarando como subversiva toda doutrina contrária à moral do Evangelho e aos princípios gerais do Decálogo, que se resumem nesta lei concisa: Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos, ficareis invariavelmente unidos. (Erasto, Revue de 1861, p. 365.)

12. Sabei que a caridade não se faz somente com esmola, mas também com o coração. Ide e pregai o Evangelho. Deus vos situou no alto, para que todos vos possam ver e vossas palavras sejam bem compreendidas. (Santo Agostinho, Revue de 1862, p. 151 e 152.)

13. Um novo livro acaba de aparecer (ele se reportava ao Evangelho segundo o Espiritismo): “é uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha”. “Pelos frutos se reconhece a árvore. Vede quais são os frutos do Espiritismo: casais onde a discórdia tinha substituído a harmonia voltaram à paz e à felicidade; homens que sucumbiam ao peso de suas aflições, despertados aos acentos melodiosos das vozes de além-túmulo, compreenderam que seguiam caminho errado e, corando de suas fraquezas, arrependeram-se e pediram ao Senhor a força para suportar suas provações.” (O Espírito de Verdade, Revue de 1864, p. 395 a 397.)

14. Toda a felicidade eterna está contida nesta máxima: "Amai-vos uns aos outros". A alma não pode elevar-se às regiões espirituais senão pela dedicação ao próximo. (São Vicente de Paulo, Revue de 1858, p. 226.)

15. Gostaria que a leitura do Evangelho fosse feita com mais interesse pessoal. Vossos males provêm do abandono voluntário em que deixais esse resumo das leis divinas. (S. Vicente de Paulo, Revue de 1858, p. 226.) 

Depois de ler os textos ora transcritos, não é difícil responder à pergunta que dá título a este artigo. Bezerra de Menezes, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy, Chico Xavier, Divaldo Franco, a exemplo de Emmanuel, Joanna de Ângelis e André Luiz, dentre muitos outros, já se manifestaram sobre o assunto.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita