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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo
Ano 1 - N° 40 - 27 de Janeiro de 2008

 

O intruso
 

Alberto era uma criança muito feliz. Tinha apenas quatro anos e sentia-se o centro do Universo. Rodeado pelo amor de quantos conviviam com ele, bastava que manifestasse um desejo e logo os pais se apressavam em satisfazê-lo. 

O quarto de Alberto, decorado especialmente para ele, era cheio de brinquedos. 

Certo dia a mamãe informou, com lindo e doce sorriso: 

— Alberto, você vai ganhar um irmãozinho! 

O menino sentiu que o mundo desabava sobre sua cabecinha. Não sabia bem o que era isso, mas percebeu que sua vida ia ser invadida por um estranho. Ouvindo a mãe referir-se ao intruso com amor, dentro dele acendeu-se uma luz de alerta que parecia dizer: 

— PERIGO! PERIGO! PERIGO!... 

Com o passar dos dias, suas suspeitas se confirmaram. Um dia a mamãe convidou: 

— Vamos sair e comprar roupinhas para o bebê? 

E lá foram eles percorrer as lojas e escolher roupinhas e presentes para o intruso. 

E dali por diante era sempre assim: 

— Temos que comprar móveis para o quarto do bebê! 

— O bebê vai precisar de uma banheira! 

— Que tal comprar ursinhos de pelúcia para enfeitar o quarto do bebê? 

Que tal comprar isso, que tal comprar aquilo... Era sempre assim. 

E não parou por aí. Um dia a mamãe chamou Alberto e perguntou com delicadeza: 

— Filhinho, quer trocar de quarto? 

— Por quê? 

— Porque eu e seu pai achamos que será melhor montar o quarto do bebê ali.

— Por quê? 

— Você ficará com um quarto maior e mais bonito. Você se incomoda? 

Alberto não se incomodou e mudou de quarto. Mas só por fora. Por dentro, a cada dia gostava menos desse “irmãozinho” que nem chegara e já fazia tanta confusão em sua vida. 

A barriga da mamãe começou a aumentar, e ela falava com carinho: 

— Veja, Alberto, o nenê está se mexendo. Coloque a mão na minha barriga e sinta. 

— Não. Não quero. 

— Então venha almoçar, meu filho. 

— Não. 

— Por que não quer comer? 

— Porque não gosto dessa comida. 

E Alberto, num repente, empurrou o prato que caiu ao chão em mim pedaços, espalhando comida para todo lado. 

Ele mostrava-se irritado, nervoso, e a mãe perguntou: 

— Por que fez isso? De uns tempos para cá, você está ficando insuportável, meu filho. Está manhoso e chorão, coisa que nunca foi. Se continuar assim, vai levar umas boas palmadas no bumbum. 

Alguns meses depois, a mãe foi para a maternidade, e Alberto ficou a sentir-se sozinho e abandonado, em casa. Na verdade, ficou com a vovó, enquanto o pai acompanhava a mamãe até o hospital. 

Quando sua mãe voltou, trazia um embrulho nos braços. Alberto, saudoso, correu para abraçá-la, gritando de alegria: 

— Mamãe! Senti muito a sua falta! Que bom que você voltou! 

Em vez de abraçá-lo com carinho, ela disse: 

— Cuidado, meu filho! Não faça barulho. Vai acordar o bebê. Veja, Alberto, é seu irmãozinho! Não é lindo? 

O garoto contemplou o pequeno rosto vermelho que saía do meio das roupas e deu sua opinião: 

— Não. Ele é feio. Muito feio. 

Se Alberto achava que antes o bebê ocupava muito o tempo e as atenções da mãe, agora então nem se fala! Ele desejava ficar junto da mãe, mas o colo dela estava sempre ocupado. Lidava o dia inteiro com o bebê. Dava de mamar, trocava as fraldas, dava banho, fazia dormir. 

Nem durante a noite “aquela coisinha” dava sossego. Ninguém mais dormia naquela casa. O intruso chorava o tempo todo. 

E as visitas? Gente que nunca tinha aparecido na sua casa, agora vinha visitar e trazer presentes. Sabem para quem? Para o bebê, é claro!  

Cada vez mais Alberto sentia-se infeliz e descontente. E cheio de raiva, também. 

Enquanto a mãe conversava com as amigas, ele aproximava-se do bebê fingindo abraçá-lo. Apertava suas bochechas. No fundo, gostaria mesmo é de machucar aquele intruso.

— Veja como ele gosta do irmãozinho! Não sai de cima dele! —

dizia a mãe, convicta.   

— Alberto está com ciúmes porque perdeu o colo! 

O menino olhou para a mulher que tinha dito aquelas palavras, fez uma careta e saiu da sala, emburrado. 

Ele não sabia o que fazer. A cada dia o “inimigo” ganhava mais espaço e ele era deixado de lado. 

A mamãe, percebendo o que estava acontecendo com Alberto, tomou-o no colo com muito carinho e disse: 

— Meu filho, nós o amamos muito. Não é porque ganhamos um outro bebê que deixamos de amar você. Os pais amam os filhos da mesma maneira e com o mesmo amor. Deus, que é Pai de todas as criaturas, nos deu a vida e nos colocou em famílias para que pudéssemos viver juntos nos ajudando mutuamente e aprendendo uns com os outros. Seu irmãozinho é um espírito que o Papai do Céu mandou para que nós cuidássemos dele, protegendo-o e educando-o de forma a se conduzir bem na vida. Entendeu? Você não precisa ficar com ciúmes dele. O que acontece é que, no momento, ele precisa mais de mim. Como você, quando era bebê!  

Alberto ficou mais tranqüilo depois dessa conversa e, com o passar do tempo, foi prestando mais atenção no bebê, até que, um dia, ele sorriu! Aquela coisinha feia e desengonçada, abriu um lindo sorriso. 

Foi tão inesperado que deixou Alberto surpreso e encantado. 

— Mamãe! Veja, ele sorriu para mim. O bebê é meu amigo! 

— Viu? Ele gosta de você, meu filho. O primeiro sorriso dele foi para você!

A partir desse dia, Alberto passou a ver o irmão com outros olhos. Já não o achava tão feio. Até que era engraçadinho! 

A mãe agora tinha mais tempo para Alberto e, sempre que necessário, pedia sua ajuda para cuidar do bebê, enquanto fazia os serviços domésticos. 

Sentindo-se mais seguro e feliz, Alberto esperava ansiosamente que o irmãozinho crescesse para poderem brincar juntos. 

Afinal, o bebê não era mais um intruso. Era seu amigo!

                                                                 
                                                                Tia Célia 

   


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