WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français  
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 4 - 9 de Maio de 2007

MARCELO HENRIQUE PEREIRA
cellosc@floripa.com.br
Florianópolis, Santa Catarina (Brasil)

A paz inquieta

Estes dias, pediram-me que falasse sobre a paz. Lembrei-me de Gandhi, tratado na escola como o símbolo-mor da luta contra as desigualdades, a injustiça e a violência. E do seu lema a "não-violência", a insubordinação "passiva", que de passiva não tinha nada, pois minou a resistência de seus opositores, apenas com diálogo e posicionamento.

Recordei-me, também, de Francisco de Assis, retratado por catequistas (já que fui católico até os onze anos de idade) e, depois, por expositores espíritas, e que, igualmente, representou a paz em outro dado momento histórico, justamente porque pregava a ação compreensiva, de perdão às ofensas, de amor incondicional, propugnando primeiro agir, depois aguardar pela reação de outrem e, mesmo que esta não fosse bem-intencionada e produtiva, entendia o agir do semelhante como condição de seu próprio estado evolutivo, que não permitia outra "resposta". Mas, o que mais me encantou, neste contexto, foi lembrar uma definição de José Fernandes de Oliveira (o Padre Zezinho) das canções e das poesias, o trovador de Maria, que dizia: É preciso ter paz inquieta!

Fiquei, então, a imaginar a profundidade e a extensão desse preceito, porque, a princípio, paz tem a ver com serenidade, tranqüilidade, normalidade. E a inquietude, do contrário, remete-nos à idéia do transitório, do revolucionário, da luta contra aquilo que julgamos estar descompassado, impróprio e injusto. Penso, em verdade, que Zezinho infundia-nos a coragem para a luta, não significando, com isso, que ela teria de alçar mão de armas violentas, agressivas e destruidoras. O potencial da "paz inquieta" estaria na revolução íntima, um certo inconformismo com o "estado posto", a realidade que nos assusta, e com a qual, evidentemente, não compactuamos.

Existem, pois, armas e "armas". Há momentos de ataque e defesa, de tentativa e de recuo, nos mais diversificados setores de nossa vida, e nos mais distintos cenários em que estejamos atuando. Recordando das variadas situações de nossa existência (algumas mais próximas, outras bem mais remotas) podemos perceber, com certa isenção e, até, franqueza na análise, quando foi-nos possível "lutar" por nossos ideais, fazendo com que outros percebessem nossa opinião, quando, definitivamente, pudemos influenciar nas mudanças, e, outras, em que não estávamos "com a verdade" e, por questões de sobrevivência (das relações de convivência, de conquistas anteriores, de empregos, etc.), tivemos que "dar o braço a torcer", aceitando decisões democráticas ou a voz de quem, naquele momento, teve mais força.

Penso, outrossim, que a paz inquieta deve mover o homem de bem em todas as circunstâncias da vida, sobretudo aquelas em que, ao perceber a fuga aos objetivos reais, a injustiça, a maldade e os vícios de comportamento humano, seja-nos possível lutar, com as armas que dispomos, para alterar o "status quo" vigente. Assim, qualquer indivíduo, no âmbito de suas capacidades, habilidades e especialidades, deve agir construtivamente no cenário social, demonstrando seu inconformismo com tudo o que lhe parecer indevido, desleal e antifraterno, num trabalho que, no somatório, possa representar, mais à frente, a melhoria das condições (psicológico-espirituais) do habitat terreno.

A inquietude pacífica de Zezinho, creia-me, é contagiante. Ela te pega de surpresa, num final de dia, num intervalo de almoço, durante as "viagens" mentais que todos temos, sem hora marcada... Ela nos aponta "o que" está errado (seja em nós, seja no ambiente exterior), nos impulsionando, a princípio, à mudança. Já ouvi dizer que "a primeira intenção é boa, é impulsionadora", seria como a voz de nossa consciência verdadeira, ou o sussurro daqueles amigos (invisíveis) que nos tutelam e nos auxiliam. Nem sempre ficamos com a "primeira" intuição e, por isso, muitas vezes, a paz inquieta se aquieta tanto que esquecemos ou desistimos de agir. Mas isto já é assunto para outra conversa... Por hora, que possamos evitar que a paz inquieta esmoreça. Vamos lá?


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita