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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 39 - 20 de Janeiro de 2008

LEONARDO MACHADO
leo@leonardomachado.com.br e www.leonardomachado.com.br
Recife, Pernambuco (Brasil)

 A verdadeira transformação para a verdadeira identidade (1) 

O educador recifense Paulo Freire, falando sobre “A importância do ato de ler: em três artigos que se completam”, diz-nos algo interessante, e muito verdadeiro, sobre a renovação. Diz ele que “cedo o novo fica velho se não se renovar”.

De certo, tal proposição tem um grande fundo de verdade. A Lei de Destruição, ou de Transformação, é algo natural, ela está em a natureza, e Lavoisier, em sua famosa lei, cujo enunciado filosófico ficaria conhecidíssimo, vem-nos mostrar que “na natureza nada se crea, nada se perde, tudo se transforma”.

E, de fato, vamos ver que uma Doutrina, o Espiritismo, codificada na França no século XIX, por Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec, diz-nos, em “O Livro dos Espíritos”, à pergunta 728, que “tudo se destrói para renascer e se regenerar, porque o que chamais destruição não é senão uma transformação que tem por objetivo a renovação e melhoramento dos seres vivos”.

Desse modo, transformar é um fazer necessário para o aprimoramento de tudo. E, nesse ínterim, a transformação se insere, perfeitamente, naquilo que o eu deve fazer na busca da sua real identidade. Só se consegue achar o eu real, quando o ser se transforma.

Essa metamorfose, porém, não é como muitos pretendem um processo exterior, ao contrário é uma busca interior. Esse se modificar não é sinônimo de se inserir em um contexto de mudança exterior, através de uma aprendizagem superficial de novos saberes cognitivos, mas, em realidade, de uma viagem interior, por meio de uma busca do eu primordial que guarda a verdadeira identidade do indivíduo.

Fora nesse contexto que a, já citada, Doutrina Espírita, no mesmo livro de sua codificação, igualmente, referido acima, em à pergunta 919, vem-nos advertir que o meio mais prático e eficaz de se melhorar nesta vida é seguir os conselhos de um sábio da Antigüidade que dizia “conhece-te a ti mesmo”.

Conhecer-se é, pois, a verdadeira transformação que o ser humano pode realizar nesta vida, já que ela o leva à sua verdadeira identidade que é o ser latente que jaz na raiz do seu “eu” espiritual, que está longe de sua periferia encoberta pelo seu ego. Quando isso o homem consegue fazer, ele deixa de ser o homem parcial e passa a ser o homem integral.

Contudo, tais conhecimentos não são novos. Em todas as épocas da humanidade vimos essa verdade ser levantada, com muita propriedade, por diversos sábios e por diversas filosofias do mundo.

Vejamos...

Na Grécia Antiga existia um templo em Delfos que se tornaria bastante conhecido. E, à sua entrada, existia uma inscrição que se denominava ser a “recomendação dos sete sábios antigos”, que tinha Tales de Mileto, segundo alguns, como um desses sete. Tal escritura dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. E a mesma encontraria na personalidade do grande filósofo Sócrates, que, com a sua vida, dividiria a história da filosofia, o sue grande propagador. Ser altamente evoluído, ele não cessava de recomendar as inscrições Délfica, entretanto a sua recomendação não fica, apenas, nos lábios, mas, principalmente, na sua atitude.

Ele não conseguia entender uma filosofia exterior e só achava que era possível uma filosofia embasada na vivência interior do ser. Por isso, pautava toda a sua vida, conforme as suas palavras. Fora tão coerente que a intolerância não pudera aceitar as verdades que ele trazia, fazendo com que o mesmo fosse morto com a cicuta.

Entretanto, apesar de possuir um profundo conhecimento de si mesmo, ele não cessava de se investigar, pois tinha consciência que a transformação e a busca pelo ser real são um processo contínuo. Por isso, em “Fedro”, conforme nos conta seu discípulo Platão, vamos ver Sócrates dizendo: “ainda não pude fazer plenamente o que diz a escritura délfica, por isso não acho certo investigar ninguém, enquanto preciso, ainda, investigar a mim mesmo”, “pois não são as fábulas que investigo, é a mim mesmo”.

No século VI a.C., vemos, igualmente, outro ser ilustre que dizia verdades semelhantes sobre a nossa verdadeira identidade e transformação. Trata-se de Lao-Tsé, que em seu “Tao Te Ching”, que seria uma das religiões mais antigas da China, conhecida como Taoísmo, dizia-nos, em seu poema 25, que “Nas profundezas do Insondável / Jaz o ser”. Ou, ainda, no seu poema 47, diz-nos que “Para conhecer o mundo, / Não é necessário viajar pelo mundo / O sábio atinge sabedoria / Sem viajar”.

Quer Lao-Tsé, que seria a base para, mais tarde, Confúcio fazer seus ensinamentos, dizer que da mesma forma que o Tao, ou Deus, como chamamos no Ocidente, é a existência fundamental, o nosso ser interno que provém Dele, também jaz nas profundezas do insondável. Porém, ele arremata, para se chegar nesse local, onde jaz o “eu” real não são preciso viagens exteriores, nem acúmulo, apenas, de conhecimentos, mas, em realidade, de uma viagem interior e da vivência desse saber, eis porque o sábio o é sem viajar.

Contudo, essa verdade não fica restrita, apenas, a esses grandes.

Muito tempo antes da vinda co Cristo, na Índia Milenar, cuja sabedoria, provavelmente, fez surgir toda a filosofia do mundo, vamos encontrar a figura de Krishna. Ele, no seu Bhagavad Gita, ou “Sublime Canção”, vem-nos dizer, no capítulo II, “Revelação da verdade”, que “o que é irreal não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da verdade compreendem a diferença entre o ser e o parecer. Perecíveis são os corpos, esses templos do Espírito. Quem pensa é a alma, o EU. Assim como o homem se despoja de uma roupa gasta e veste roupa nova, assim também a alma se despoja de corpos gastos e veste corpos novos. Até quando o homem é perfeitamente liberto de todos os desejos do ego finito e alcança a paz da alma pela realização do EU divino, então é um homem de perfeita sabedoria”.

Com essas palavras iluminadas ele vem mostrar que, acima de tudo, além de corpos materiais, nós somos o EU divino, o “eu” Espírito, o “eu” alma. Esse corpo é, apenas, uma roupa que vestimos em nossos diversos avatares, ou em nossas várias reencarnações. Por isso é preciso olhar para si mesmo, “conhecer-se a si mesmo” para se poder vislumbrar o “eu” divino e se libertar do ego finito. Eis aí a verdadeira identidade. Eis aí o mesmo princípio, com outras palavras, do que, hoje, vem-nos relembrar o Espiritismo.

Na Antiga Índia, igualmente, antes de Jesus, vamos encontrar, ainda, a figura do príncipe Siddharta Gautama, que teria o nome iniciático de Buda. Ele, em sua doutrina, na parte dos “Aforismos Sagrados”, do capítulo “O Caminho da realização prática”, mostra-nos que “tudo é mutável, tudo aparece e desaparece; só poderá haver a bem-aventurada paz quando se puder escapar da agonia da vida e da morte”.

Buda mostra aquele mesmo princípio da Doutrina dos Espíritos de que a Lei de Transformação é natural e constante, e que só poderemos atingir a suprema paz, ou a suprema realização, quando escaparmos do ciclo vida-morte, ou seja, das reencarnações de provas e de expiação, através da autoplenitude, da auto-realização, do autoconhecimento que leva o ser a verdadeira identificação do seu “eu”, e, assim, a evolução.

Poderíamos ir buscar as mais diversas fontes da sabedoria da humanidade, entretanto cairíamos no mesmo lugar comum. Pode, pois, o homem querer enganar-se o tempo que quiser. Entretanto, a verdade não pode ser ofuscada e, mais dias ou menos dias, terá ele que se render às evidências do fato que, com o Espiritismo, tornaram-se científicos. Lembremos das palavras conhecidas do sábio inglês Sir William Crookes que, dentre inúmeras coisas, descobriu os raios catódicos, que, hoje, deu origem aos Raios-X, que diziam sobre a veracidade desta realidade espiritual: depois de anos de estudos científicos “não digo mais é possível, digo isto é real”.

“Só o total ego-esvaziamento e sua subseqüente cosmo-plenificação é que podem dar uma resposta”, resumiria o sábio brasileiro Huberto Rohden, pois que só reformulando-nos o nosso ser real, através do ego-vacuidade, ou seja, da libertação do orgulho e do egoísmo, é que poderemos, realmente, identificarmo-nos e, assim, estarmos em harmonia com a harmonia cósmica do Pai que, segundo Allan Kardec, em “A Gênese”, capítulo II, a todos vê, através do fluido cósmico universal, bastando que o ego humano não seja uma barreira nessa comunicação.

E tudo isso o Ser maior que aqui na Terra esteve já falaria. Depois de enviar os seus mensageiros em diversos pontos do globo, Ele mesmo veio ter conosco para anunciar as mais sublimes verdades que o mundo já pudera escutar. Depois do Sermão do Monte, ninguém mais poderá dizer: “eu não sabia”, pois que Jesus, o Rei dos Reis, o nosso governante, veio fazer a maior revolução e a verdadeira a revolução do “amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”.

Fora por isso que o Mestre falara: “Eu sou a luz do mundo, mas vós, também, sois a luz do mundo, vós sois o sal da terra. Assim brilhe a vossa luz”. (Mt 5, 11-16). Pois, disse o Médico das Almas, “vós sois Deuses, podereis fazer tudo que eu faço e muito mais”.

Ele conhecia a nossa real identidade. Sabia que, por sermos filhos do Pai, somos, igualmente, de origem luminosa, pois que Deus é amor. E, assim, veio-nos resumir todos esses conhecimentos, dizendo-nos que somos da mesma essência que Ele, Jesus, próprio é.

Basta que, para chegarmos a fazer o que Ele fez, brilhemos a nossa luz, através da verdadeira transformação que o ser pode fazer a reforma íntima, através do autoconhecimento, para que esse possa entrever a verdadeira identidade que se pode ter a identificação o “eu” espiritual primordial, cheio de luz latente, potencial, que espera brilhar, quando o ego for transformado de opaco para translúcido, através da auto-iluminação.

Eis porque os Espíritos, em “O Livro dos Espíritos”, recomendaram a lembrança da máxima: “Conhece-te a ti mesmo”, pois sabiam eles que a verdadeira identidade, a do “eu” fundamental, só pode ser atingida pela verdadeira transformação, a da reforma íntima, através do autoconhecimento. 

Nota explicativa:

(1) Este artigo foi apresentado pelo autor em uma prova do curso de medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, em Recife – PE.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita