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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 34 - 9 de Dezembro de 2007

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br

Matão, São Paulo (Brasil)
         

Inspiração e mediunidade

Dois princípios básicos do Espiritismo inspiraram o título de notável coletânea de artigos do consagrado escritor Hermínio C. Miranda, publicados em Reformador durante mais de dois decênios – conforme a apresentação do livro, feita por Francisco Thiesen (à época Presidente da Federação Espírita Brasileira), datada em 31 de março de 1977 –, da qual extraímos para comentário um de seus dezoito capítulos. A obra é Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos e foi lançada poucos meses após o lançamento de Reencarnação e Imortalidade, igualmente com outros trabalhos publicados no citado e conhecido mensário da FEB. O autor é sobejamente conhecido dos espíritas, pela qualidade de seus escritos, sempre embasados na pesquisa e aprofundamento dos estudos espíritas, com sua costumeira lucidez doutrinária.

O capítulo 11, com o mesmo título que utilizamos na presente abordagem, está às páginas 189 a 197 da 1ª edição (outubro de 1977), com selo da FEB. Referido capítulo, como sugere o próprio título, descreve diversos casos  e exemplos de fatos mediúnicos ou anímicos em conhecidas personalidades da história humana, entre artistas, cientistas, pensadores, escritores, etc. Citando livros e autores, Hermínio leva o leitor a refletir sobre as influências psíquicas em vultos que trouxeram expressiva contribuição ao progresso da Humanidade. Aliás, o artigo inicia-se com referência ao extraordinário trabalho de Sylvio Brito Soares, também editado pela FEB, o livro Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo, onde “(...) em tantos desses vultos, como o demonstrou o confrade Brito Soares, a mediunidade é óbvia e inequívoca (...)”, conforme declara o próprio autor Hermínio.

E, nesta ordem de pensamentos, traz para deleite do leitor uma síntese biográfica do Professor George Washington Carver, que, segundo Hermínio, também poderia figurar com honra no livro de Brito Soares. Permito-me transcrições parciais do capítulo:

“(...) Mr. Carver foi, sem dúvida, um dos mais nobres e profundos Espíritos que já desceram à Terra. Sua história magnífica é uma legenda de grandeza, traçada, estranhamente, no plano da mais pura humildade e iluminada pela tranqüila genialidade. Estratificado em inúmeras e proveitosas encarnações, desceu para desempenhar missão difícil e cheia de tropeços. Venceu todos os obstáculos e seu belíssimo Espírito deve hoje pairar em alturas inconcebíveis a pobres principiantes como eu. Sua vida foi dramática. Há um século, em janeiro de 1860, nasceu negro e filho de escravos, nos Estados Unidos. Criou-se órfão, sem chegar a conhecer os pais. Pobre, doentio e sofredor, caminhou pelas estradas da miséria e do trabalho mais humilde. Aos 83 anos de idade física, seu poderoso Espírito regressou à elevada mansão donde tinha vindo. Havia conquistado, entre os homens de sua época e da sua pátria, uma posição de inigualável destaque, com a qual jamais um negro teria sonhado. Atravessara barreiras maciças de preconceitos de cor e condição social (...)”.

A breve transcrição da introdução biográfica é necessária para salientar ainda mais a existência fértil de um espírito lutador que renasceu em condições de muitas limitações, inclusive com a condição da orfandade e em luta contra os preconceitos mais arraigados de sua época. Prossigamos, porém, com a descrição de Hermínio:

“(...) Seu poder criador não conhecia limites, a ser a vontade de Deus. Somente no amendoim descobriu mais de 300 subprodutos, hoje largamente industrializados. Jamais se preocupou em registrar patentes de suas invenções e descobertas. (...) Achava preferível que suas fórmulas permanecessem como coisa comum, sem dono, para que qualquer pessoa pudesse utilizar-se delas. (...) Amou os livros, a música, os longos passeios pelo campo, as infindáveis horas de silêncio e estudo no seu laboratório, a que chamava, muito significativamente, a ‘pequena oficina de Deus’. Sempre dizia que ele pessoalmente não descobria nada. Deus é que, na sua imensa bondade, ia aos poucos revelando os segredos e mistérios das coisas. Bastava aproximar-se dEle com verdadeira humildade e inteligência aberta e pedir-lhe a graça da revelação. (...) Suas descobertas sobre o amendoim começaram dessa forma. Preocupado com a humilde plantinha, precisava com urgência descobrir meios de industrializá-las. Isso porque havia aconselhado seus irmãos de cor e de pobreza a plantarem grandes quantidades de amendoim. Esquecido, porém, das leis econômicas, verificou depois que criara um excesso de oferta, isto é, produziram tanto amendoim que este caiu a preços baixíssimos. O Professor Carver trancou-se então no seu laboratório, diante de Deus e diante do seu problema, para buscar uma solução. Por processos físicos e químicos, começou a desdobrar o amendoim em seus componentes, para saber o que Deus havia colocado naquela semente. Lá estavam, agora, todos à sua frente: água, óleos, gorduras, resinas, açúcar (...). E agora? Quereria o Senhor dizer por que havia feito o amendoim? Não tardou muito, as respostas começaram a surgir, não sem trabalho, não sem dedicação incansável, mas vinham aos borbotões. E o professor negro começou a produzir molhos, bebidas, café solúvel, água sanitária, solventes, papel, líquidos para limpar metais, tintas, plásticos, creme de barbear, óleo para fricção, xampu, borracha sintética, graxa... Parecia não ter mais fim a linha de subprodutos. (...)”

A seqüência do texto empolga pela riqueza de informações que Hermínio colocou no capítulo. Carver enfrentou preconceitos de início, alcançou reconhecimento público pela qualidade de suas descobertas, proferiu palestras a produtores de amendoim e chegou ser contemplado com o título de Doutor em Ciência, honoris causa, mas nunca se preocupou com dinheiro. Sua vida de dificuldades, todavia, foi assinalada por um potente fé em Deus e numa determinação inquebrantável, tendo vivido interessantes experiências de revelações através dos sonhos, conforme descrições de Hermínio, mas que deixamos de transcrever para não mais alongar a presente abordagem. Sugerimos aos leitores consultarem o capítulo na íntegra, na já citada obra.

Todavia, é imprescindível transcrever trecho de uma carta, onde Carver descreve sua concepção de prece: “Minhas preces parecem ser mais uma atitude que qualquer outra coisa. Faço poucas orações com os lábios, mas peço silenciosamente e diariamente ao Grande Criador e freqüentemente, muitas vezes ao dia, que permita falar com Ele através dos três grandes Reinos do Mundo que Ele criou – o reino animal, o mineral e o vegetal – para compreender suas relações mútuas, nossas relações com eles e para com o Grande Deus que nos fez a todos nós. Peço a Ele diariamente, e, às vezes, de momento em momento, para conceder-me sabedoria, compreensão e forças físicas para fazer Sua vontade; por isso estou sempre pedindo e sempre recebendo”. 

Ora, o assunto remete ao O Livro dos Médiuns (FEB, 62ª edição, tradução de Guillon Ribeiro). Os itens 182 e 183, da citada obra, são valiosos instrumentos didáticos no estudo da questão do tema inspiração e mediunidade: “182 – (...) A inspiração nos vem dos Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém, procede, principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da vida, às resoluções que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que todos são médiuns, porquanto não há quem não tenha seus Espíritos protetores e familiares, a se esforçarem por sugerir aos protegidos salutares idéias. Se todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer com freqüência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não sabe o que dizer, ou fazer. (...)” e “183 Os homens de gênio, de todas as espécies, artistas, sábios, literatos, são sem dúvida Espíritos adiantados, capazes de compreender por si mesmos e de conceber grandes coisas. Ora, precisamente porque os julgam capazes, é que os Espíritos, quando querem executar certos trabalhos, lhes sugerem as idéias necessárias e assim é que eles, as mais das vezes, são médiuns sem o saberem.”

O exemplo de vida do professor Carver e a fonte inesgotável de estudos, oferecida pela Doutrina Espírita, permitem-nos enxergar ainda mais a grandeza da vida humana ao lado da Bondade do Criador. Estamos todos num grande processo evolutivo, onde o aprendizado constante é a grande senha, mas igualmente amparados pelo Poder Criador que nos doou a vida e imensa gama de oportunidades, onde o esforço próprio e a dedicação ao bem abrem os canais da boa inspiração e do amparo que nunca falta...  
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita