WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français  
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 32 - 25 de Novembro de 2007

RITA CÔRE
garciacore@hotmail.com

Laje do Muriaé, Rio de Janeiro (Brasil)

Fâmulos de Deus

A palavra família vem do latim “famulus” que significa criado, servo. No português, existe também a palavra fâmulo, com o sentido de servo. Servir e ajudar são, pois, idéias e ações ligadas à própria origem da palavra família.

Não tomemos, no entanto, o verbo servir no sentido de se colocar como escravo, à semelhança da organização doméstica da sociedade clássica greco-romana, que deu origem à palavra. Vamos entendê-lo como ser solidário, fraterno, útil.  E nesse contexto é que nos perguntamos: Para que serve a família, de que forma ela nos é útil, enquanto um grupo de fâmulos?

As respostas podem ser as mais diversas. Porém, voltando às nossas origens, aos nossos primeiros passos neste planeta, veremos que os homens formaram grupos por uma questão de sobrevivência.

Os filhotes do homem, durante um período mais longo do que os dos demais no reino animal, não sobrevivem sem cuidados. Se as fêmeas, por instinto, defendem suas crias até que possam caminhar sozinhas, as mulheres primitivas logo verificaram que precisavam servir por mais tempo aos seus filhos, antes de deixá-los entregues a si mesmos.

No alvorecer da humanidade terrestre, o grupo familiar tem na mulher a sua base, e no homem o seu sustento e defesa, num processo de ajuda mútua que irá pouco a pouco despertando afetos, criando laços na trajetória evolutiva e nos ensinando a ser fâmulos uns dos outros.

No trânsito da existência, sabemos que é necessário atuar sobre a matéria, não só como partícipes do projeto divino de evolução, mas também porque o corpo físico é indispensável para a nossa depuração pessoal. Assim, o primeiro serviço que nos presta a família é o de nos abrir a porta estreita da reencarnação, dando-nos a oportunidade de um novo corpo para uma nova lição.

E, ainda hoje, mesmo com todo o avanço da ciência no seu aprendizado de criar corpos em laboratórios, essa porta se abre através do homem e da mulher. É impositivo da Lei de Atração, que está na questão 60, de O Livro dos Espíritos, como sendo a mesma para seres orgânicos e inorgânicos. Eis o mecanismo que faz um homem se juntar a uma mulher. A atração é lei da vida.

Mas viver é perigoso, já dizia o grande Guimarães Rosa. E agora acrescentamos: viver, ainda que perigoso, é um fato natural. Conviver, porém, é mais difícil, pois é um trabalho de conquista do ser. E nem sempre estamos dispostos a viver com, por estarmos fixados em nosso interesse pessoal.

Em relação à família, nesse projeto de aprendizado da arte da convivência, encontramos nos dias atuais as mais diversas formações, mesmo do ponto de vista consangüíneo.

Temos filhos de casais que se separaram, temos netos criados por avós que assumem o papel de pais. E, embora nem todos vivam sob o mesmo teto, os laços afetivos não precisam ser desfeitos.

Se homem e mulher se separam, pai e mãe não se separam jamais, quando compreendem a importância do papel que assumiram no projeto divino da criação.

Ao romperem um relacionamento homem-mulher, pai e mãe não devem deixar de se respeitar e de amar os filhos. Porque os filhos são Espíritos sob sua responsabilidade nesta encarnação e são frutos de Deus. E deles a Ele se dará conta.  A família é bem mais do que se pensa.

De qualquer forma, por mais diferentes sejam as formações familiares na atualidade, voltemos à idéia de que o núcleo básico – pai e mãe – é a porta para a reencarnação.  E isso nem sempre se dá em paz, já que muitos vivem, mas não convivem.

É lógico que uma relação a dois não se destina apenas à procriação. Mas também é da relação a dois que se inicia o núcleo familiar, como vimos, desde os primeiros tempos da vida na Terra, certamente a partir da atração sexual.

Dissociado do amor, no entanto, o sexo passa como chuva de verão. E se a chuva criadeira da afeição sincera e da responsabilidade com a família não alimentar os vínculos de cumplicidade e respeito, a relação se esvai como areia que o vento leva.

Há aquele tipo de casal que diante das primeiras dificuldades já se separa. Há outro tipo que mantém a família, mas perde a capacidade de se querer bem, de fato e com prazer. Disso decorrem os desentendimentos na educação dos filhos, as mágoas que molham de lágrimas as fronhas da desilusão. Há ainda uma outra prática: a do silêncio que finge não saber e joga o pó das frustrações debaixo do tapete desgastado da rotina. Nesse caso, nem há discussões. O diálogo gira em torno das contas a pagar, do colégio das crianças, do conserto da geladeira etc. Como vai a família? Bem, obrigado.

Crianças e adolescentes, no entanto, percebem a falta de afeto que, naturalmente, recai sobre eles, sofrem e se desestruturam por isso. Nesses casos, a alegria familiar só comparece nas reuniões festivas de aniversários e comemorações diversas, com o riso forçado que caracteriza a espontaneidade perdida. E onde se perdeu? Por que se perdeu?

O Espiritismo, na sua concepção evolucionista da vida, através da reencarnação, nos responde a essas perguntas de forma objetiva e racional. E ao encontrarmos essas explicações, reencontramos as lições Daquele que nos mostrou o melhor caminho para conviver: Jesus de Nazaré. Nos seus ensinamentos e na prática sincera e disciplinada da Doutrina dos Espíritos, temos condições de aprender e de exercitar a arte de viver juntos.

As explicações espíritas para as dificuldades que encontramos na vida de relações são incontáveis e a elas devemos recorrer, identificando no amor muito mais que um simples gostar, pois é ele o princípio da coesão cósmica, no qual tudo se encadeia.

Diz-se, numa tradução poética para a visão holística do universo, que quando se toca uma flor, uma estrela sente. A concepção espírita da família e de sua importância na trajetória evolutiva é semelhante a essa bela imagem, pois nos desperta para a responsabilidade dos nossos atos, que jamais afetarão apenas a nós mesmos, pois o que fizermos terá repercussão no próximo e no próximo e no próximo, ad infinitum.

Da flor à estrela além do teto, além das paredes do grupo consangüíneo ou do núcleo que forma um lar, além do cônjuge, dos parentes, dos amigos, além do círculo dos nossos interesses – está o projeto divino da evolução. Compreendê-lo é um caminho para aprender a conviver, não só na família que formamos, mas na família de Jesus que são todos aqueles que fazem a vontade do Pai. Todos aqueles que se harmonizando com a ordem da criação, assumem a sua parte, na alegria de servir, pela ajuda mútua, à construção da família universal. Tão longe, tão perto. Da caverna à Regeneração.

Mas não nos esqueçamos de que é em casa que se começa a tecer a túnica nupcial para as bodas do Filho do Rei, pois, como irmãos de Jesus, somos todos fâmulos de Deus. 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita