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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 31 - 16 de Novembro de 2007

CHRISTINA NUNES 
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

O médium e o profissionalismo religioso  

Minha secretária chega eletrizada, contando o caso acontecido há uns dias com uma senhora na casa de quem trabalhou há tempos. Disse que a tal senhora teve o marido adoentado e precisado de atendimento num hospital, em função de complicações intestinais. Assim, acompanhada de seu segundo filho, levaram-no e, ao chegarem lá, foram atendidos por um médico para quem comentou, no decorrer do atendimento:

O senhor se parece com o meu falecido filho, que também era médico.

Ao que o médico, agradável e cordato, devolveu a curiosa observação.

A senhora também me lembra um pouco a minha mãe... e, atendo-se ao caso em curso que pedia presteza, após realizar alguns exames iniciais no paciente idoso, acrescentou para a senhora em expectativa: Eu preciso dos exames anteriores do seu marido. A senhora os tem? solicitou, aludindo a exames recentes que ela havia mencionado ter o seu marido realizado há pouco tempo, em razão de problemas semelhantes. Embora estranhando um pouco, ela confirmou. Só que não os trouxera. E se dispôs a ir rápido com o filho mais novo até em casa para pegar o que se pretendia, deixando o marido à espera no hospital, em companhia do médico.

Para seu espanto, lá chegando, encontrou um tumulto. Rolos de fumaça se desprendiam do seu apartamento, enquanto pessoas nervosas do condomínio se ajuntavam, na correria para sanar o problema inaudito. Ela havia esquecido no fogo uma panela que, quando afinal conseguiram entrar na casa às pressas, constataram já se achar calcinada no fogaréu, com a ameaça de incendiar não apenas todo o seu apartamento, mas também o edifício!

Após a correria e o tumulto, mais tarde, eis que, ainda pálida e nervosa, ela retorna para o hospital empunhando os exames. E o médico, recebendo-a de volta e agradecendo à Providência, perguntou, logo de saída:

Estava tudo bem na sua casa?

A mulher, ainda sobressaltada, não se deu conta da estranha oportunidade da pergunta tranqüila e interessada dirigida pelo agradável doutor e se precipitou logo em contar:

Imagine! Mal sabe o senhor quanto foi providencial me mandar em casa para pegar estes exames! Meu apartamento ia incendiar! Esqueci uma panela no fogo, e lá cheguei bem a tempo de evitar o sinistro!

Ao que, para o seu maior pasmo, o digno profissional respondeu-lhe aos comentários angustiados com uma revelação extemporânea e inimaginada:

Sim, eu sei; foi bem o seu filho, que ali está, próximo a nós, que me pediu que lhe mandasse em casa em razão de alguma emergência que lá ocorria... e, com um sorriso bondoso, esclareceu, indicando os exames antigos que ela lhe entregara... Eu não precisava, em absoluto, destes exames!... E, ante o olhar pasmo da senhora, apontava, amável, para o espaço vazio ao lado da cama do seu marido...

O médico era espírita e médium! Um daqueles casos nos quais a Espiritualidade, nos acompanhando e assistindo da dimensão invisível da vida, intercede decisivamente para, ainda uma vez, não apenas nos prestar o auxílio valioso e impagável, mas para confirmar a patente e ininterrupta interação existente entre os dois lados da vida!

Agora imaginem, caríssimos, este mesmo acontecimento com outro desfecho: imaginem se, noutra hipótese, fosse este profissional da área médica um espírita, médium, mas inescrupuloso, que encerrasse o episódio acrescentando à sua revelação à senhora maravilhada que o escutava, tomada de evidente encanto: (...) foi o seu filho que me pediu que lhe mandasse em casa. Gostaria que, de alguma forma, a senhora retribuísse o meu concurso neste caso, já que a minha intercessão certamente a salvou de um grave e trágico acontecimento. Aceitaria alguma retribuição financeira. Afinal, os médicos vêm passando por dificuldades salariais...

Imaginem o caso concluído deste modo. Que se pensaria de tal espírita e, mais ainda, de um médium que mercadeja com algo que mais não é do que um dom e inerente à natureza humana, de vez que todos o possuem de uma ou de outra forma, mais ou menos evidenciado diferindo determinados médiuns que o externam mais acentuadamente nalgum momento do seu trajeto evolutivo e cármico, apenas e no mais das vezes pelo compromisso sério vinculado ao histórico de suas vidas passadas, que os conduz a um estágio corpóreo programado para o trabalho ostensivo com a mediunidade reveladora do intercâmbio entre ambos os lados da vida?

Eis aí a razão básica e ética de o médium consciencioso desempenhar o seu trabalho na área espírita seja aí o da cura, ou na área da literatura mediúnica, ou onde for mantendo-se, decididamente, distanciado da objetivação do lucro material por intermédio do exercício peculiar deste dom, cabendo maior responsabilidade ainda aos que, em se situando em posição privilegiada do ponto de vista financeiro, se valem do eventual retorno assalariado de certos trabalhos da seara espírita, qual a publicação de obras psicografadas, para se robustecerem materialmente.

A incoerência é a mesma e tão gritante quanto a que existiria no caso exposto, já que este gênero de atividade comporta no seu próprio desempenho e na confiabilidade que nos depositam os verdadeiros autores das obras a ela vinculadas laborando conosco a partir da banda invisível da vida – o reconhecimento suficiente e o "pagamento", reais e adequados.

Mera questão de ética da cidadania universal porque, se seria aviltante que um médico portador de uma mensagem de urgência de um habitante do invisível cobrasse o que mais não se revela do que obrigação do intermediário mediúnico em favor do bem estar alheio, também não procede de forma alguma que medianeiros da palavra da espiritualidade empenhada no despertar da consciência humana para as realidades maiores que nos aguardam se ponham a mercadejar com um dom que lhes surge exacerbado com a finalidade única da prestação de serviço útil aos reencarnados, assim como se faria revoltante que alguém que se dispusesse a guiar um cego nas vias públicas, numa eventual necessidade, lhe cobrasse em seguida pelo que se lhe constituiu num mero dever de consciência e de cidadania, na boa aplicação do seu sentido da visão.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita