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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 30 - 9 de Novembro de 2007

JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, Distrito Federal (Brasil)

Resguardemos Kardec das enxertias conceituais e
práticas exóticas

Para alguns confrades de índole "light ou clean" (!?), a pureza doutrinária ecoa como algo obscuro, subjetivo. Não compartilhamos dessa tese. Cremos na observância da simplicidade dos conceitos escritos, praticados e alicerçados na Codificação, cujas recomendações básicas foram apoiadas pelos "Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus", (1) no dizer do Espírito de Verdade, na introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Aconteceu conosco recentemente: ao término de uma palestra, cujo tema enfatizava a questão das práticas estranhas às normas de conduta que a Doutrina Espírita preceitua, aproximou-se de nós um confrade, deixando transparecer uma série de dúvidas quanto à instituição espírita que freqüentava, próxima à sua residência. Confessou-nos que estava tentando se harmonizar com aquele grupo, mas a forma como conduziam os trabalhos conflitava com os esclarecimentos contidos nos Livros da Codificação.

Esclareceu-nos, também, que naquele centro os trabalhadores adotavam a prática da "apometria" para promoverem sessões de "desobsessão" e que o tratamento pela "corrente magnética" era a coqueluche do centro-oeste brasileiro. (sic) (!?) Disse-nos, ainda, que, enquanto uns utilizavam cristais para energizarem os assistidos, outros recomendavam o hábito da meditação sob pirâmides para o necessário equilíbrio espiritual. Havia, também, aqueles que incentivavam o famoso "banho de sal grosso", juntamente com ervas "medicinais" e outros quejandos.

Convidado para trabalhar naquele centro, em serviços de atendimento aos necessitados da região, mostrou-se-nos extremamente receoso em assumir tal responsabilidade, já que tais práticas não eram condizentes com os ensinamentos da Doutrina Espírita.

Ao nos questionar se deveria ou não aceitar tal tarefa, demos a ele o seguinte conselho: Já que possuía algum conhecimento sobre as normas da Codificação e demonstrava bom senso crítico e critério doutrinário, das duas, uma: ou ele se afastaria do grupo em que se associara, procurando se identificar com outra instituição, na qual estivessem estabelecidas reuniões nos moldes da Terceira Revelação, ou permaneceria qual missionário, transmitindo, aos poucos, as claras noções da Doutrina Espírita.

Lembramos ao nosso irmão que muitos centros sustentam movimentos e idéias hipnotizantes, na tentativa de embutir, na espinha dorsal da Doutrina Espírita, algumas práticas estranhas, sob os auspícios dos apelos assistencialistas de inócuos resultados, e propagam neologismos de impacto para "tratamentos espirituais", supostamente eficazes.

Explicamos que o trágico da questão é que esses grupos são dominadores e, por conseqüência, detêm poder hegemônico no movimento espírita em certas localidades.

Esclarecemos ainda a ele que o Centro Espírita tem que funcionar como se fosse um autêntico pronto-socorro espiritual, tal qual refrigério em favor das almas em desalinho, e não um reduto de ilusões. A Casa Espírita tem que estar preparada para receber um contingente cada vez maior de pessoas perdidas no lodaçal de suas próprias imperfeições, uma vez que estão nos vales sombrios da ignorância.

Aqueles que lêem livros tidos como de literatura avançada, mas de autores um tanto quanto duvidosos, sem antes lerem e estudarem com seriedade Allan Kardec, correm o grande risco de enveredar por caminhos estreitos e trilhas confusas, de difícil acesso esclarecedor. Os núcleos espíritas refletem a índole e consciência doutrinária dos seus dirigentes. As práticas narradas pelo irmão chocam-se, nitidamente, com os postulados kardecianos. Logo, aí não se pratica Espiritismo. Contudo, são estágios de entendimento insipientes, talvez necessários para pessoas neófitas (lembrando aqui: a cada um segundo o merecimento). Foi preciso lembrá-lo, porém, de que, mesmo nos grupos mal orientados por seus dirigentes, existem pessoas que se dispõem a ajudar irmãos necessitados, independentemente de regras preestabelecidas, o que lhes confere algum mérito, obviamente.

Todavia, o alertamos sobre as dificuldades que, certamente, iria encontrar, pois não seria fácil o acesso às mentes cristalizadas em bases de "verdades indiscutíveis", mas nada impeditiva da aceitação do desafio, se a vontade de servir fosse maior que as práticas não alinhadas com o projeto espírita. O importante é servir em nome do Cristo, mesmo convivendo, heroicamente, com práticas vazias de sentido lógico. Por outro lado, serenando-lhe o Espírito hesitante, lembramos-lhe que ninguém é obrigado a conviver sob as amarras dos constrangimentos.

O Espiritismo traz-nos uma nova ordem religiosa que precisa ser preservada. A Terceira Revelação é a resposta sábia dos Céus às interrogações da criatura aflita na Terra, conduzindo-a ao encontro de Deus. Cremos que preservá-la da presunção dos reformadores e das propostas ligeiras dos que a ignoram, e apenas fazem parte dos grupos onde é apresentada, constitui dever de todos nós.

"Neste momento, contabilizamos glórias da Ciência, da Tecnologia, do pensamento, da arte, da beleza, mas não podemos ignorar as devastadoras estatísticas da perversidade que se deriva dos transtornos comportamentais. (...) as criaturas humanas ainda não encontraram o ponto de realização plenificadora. Isto porque Jesus tem sido motivo de excogitações imediatistas no campeonato das projeções pessoais, na religião, na política e nos interesses mesquinhos. “ (1)

Se abraçamos o Espiritismo por ideal cristão, não podemos negar-lhe fidelidade. O legado da tolerância não se consubstancia na omissão da advertência verbal diante das enxertias conceituais e práticas anômalas que alguns companheiros intentam impor no seio do Movimento Espírita.

Para os mais afoitos, a pureza doutrinária é a defesa intransigente dos postulados espíritas, sem maior observância das normas evangélicas; para outros, não menos afobados, é a rígida igualdade de tipos de comportamentos, sem a devida consideração aos níveis diferenciados de evolução em que estagiam as pessoas. Sabemos que o excesso de rigor na defesa doutrinária pode nos levar a graves erros, se enredarmos pelas trilhas de extremismos injustificáveis, visto que redundarão em divisão inaceitável, em face dos impositivos da fraternidade.

É óbvio que não podemos converter defesa de pureza kardeciana em cristalizada padronização de práticas que podem obstar a criatividade espontânea, diante da liberdade de ação. Não obstante repelir atitudes extremas, não podemos abrir mão da vigilância exigida pela pureza dos postulados espíritas. Não hesitemos, pois, quando a situação se impõe e estejamos alerta sobre a fidelidade que devemos a Kardec e a Jesus. É importante não esquecermos de que nas pequeninas concessões vamos descaracterizando o projeto da Terceira Revelação.

"É necessário preservar o Espiritismo conforme o herdamos do eminente Codificador, mantendo-lhe a claridade dos postulados, a limpidez dos seus conteúdos, não permitindo que se lhe instale adenda perniciosa, que somente irá confundir os incautos e os menos conhecedores das suas diretrizes.” (2)

É inegável que existem inúmeras práticas não compatíveis com o projeto doutrinário que urge serem combatidas à exaustão, nas bases da dignidade cristã, sem quaisquer laivos de fanatismo, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno de questões controversas.

Apresentando certa apreensão quanto ao Movimento Espírita, nosso 'Kardec Brasileiro' recorda: "a Boa Nova (...) produz júbilo interno e não algazarra exterior (...). Não é lícito que nos transformemos em pessoas insensatas no trato com as questões espirituais. Preservar, portanto, a pulcritude e a seriedade da Doutrina no Movimento Espírita é dever que nos compete a todos e particularmente ao Conselho Federativo Nacional através das Entidades Federadas" (3)

Sobre os que ainda se fixam demasiadamente nas questões fenomênicas, Bezerra lembra: "(...) a mediunidade deve ser exercida santamente, cristãmente, com responsabilidade e critérios de elevação para não se transformar em instrumento de perturbação e desídia." (4) O exercício da mediunidade deve ser reservado às pessoas que conheçam Espiritismo, visto ser extremamente perigosa a participação de pessoas ignorantes em trabalhos de aguçamentos mediúnicos e, por desatenção desse tópico, após mais de um século de mediunidade à luz da Doutrina Espírita, temo-la, ainda, atualmente, ridicularizada pelos intelectuais, materialistas e ateístas, que insistem em desprezá-la até hoje.

Lamentavelmente, em nome do Espiritismo, muitos propõem apometrias, desobsessão por corrente mento-eletromagnético (5), aplicações de luzes coloridas para higienizar auras humanas e curar (pasmem!) azia, cálculo renal, coceiras, dores de dente, gripes, soluços em crianças, verminoses, frieiras, etc. Se não bastasse, recomenda-se até carvãoterapia (?!) para neutralizar "maus-olhados". É só colocar um pedaço de tora de carvão debaixo da cama e estaremos imunes ao grande flagelo da humanidade, o "olho comprido", e, nessa tragicomédia, o Espiritismo vai capengando em certos centros espíritas.

A verdadeira prática espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Mestre Jesus. Assim, o grupo espírita só terá maior credibilidade se houver pureza doutrinária e se a prática estiver conforme os ensinamentos de Jesus, sob qualquer tipo de continente (desobsessão, educação mediúnica, palestras, livros, mensagens, Assistência Social etc.).

No Espiritismo, o Cristo desponta como excelso e generoso condutor de corações e o Evangelho brilha como o Sol, na sua grandeza mágica. Uma doutrina que cresceu assustadoramente nos últimos lustros, em suas hostes surgiram bons líderes, ao tempo em que também apareceram imprudentes inovadores, com a presunção de "atualizar" Kardec.

Recordemos que Kardec legou à humanidade a melhor de todas as embalagens (pureza doutrinária) ao divino presente que é a Doutrina dos Espíritos. Dessa maneira, aqueles que têm como base o alicerce do Evangelho podem até conviver com qualquer obra ou filosofia, que estarão imunizados contra o vírus das influenciações obsidente.

Bibliografia:

(1) Bezerra de Menezes. (Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 9 de novembro de 2003, no encerramento da Reunião do Conselho Federativo Nacional, na sede da Federação Espírita Brasileira, em Brasília. Publicada em Reformador/Dezembro/2003).

(2)
Idem.

(3) Ibidem.

(4) Ibidem.

(5) Jornal Alavanca (abril/maio/2000).

 

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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita