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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 27 - 19 de Outubro de 2007

WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)

Kardec e o autoconhecimento

Complicado andar por terras estranhas, em uma viagem onde falta conhecimento do caminho a seguir. Quando isso ocorre, as chances de erro são grandes. Imprescindível, portanto, se munir de todas as condições para que essa viagem transcorra da melhor forma possível.

A viagem que nos referimos aqui é o retorno do Espírito ao mundo da matéria, pelas portas sagradas da reencarnação.

Mas, e o planejamento? Não planejamos essa viagem de retorno ao mundo físico? Como foi planejado, devemos entender que não será algo tão estranho, afinal, é como se relembrássemos os caminhos a percorrer com o propósito de não nos perder.

Sim, é verdade, se seguirmos o planejamento, procurando cumpri-lo, tudo é mais fácil, embora saibamos que todo plano está sujeito à mudança de rumo, porquanto depende de nossas escolhas.

Podemos seguir o que foi planejado no plano dos Espíritos, como podemos, entorpecidos pelos sentidos da carne, adentrar outros caminhos.

Então, como lograr êxito em nossa jornada terrena se não cumprimos o que foi traçado outrora, no plano espiritual? Afinal, se optamos por outros caminhos que não os estudados e planejados, nossas chances de sucesso ficam mais difíceis.

Sim, outras chances podem ser mais difíceis, mas não impossíveis, pois outras medidas, no que toca ao que foi anteriormente planejado, não implicam, necessariamente, fracasso existencial.

Entretanto, há nessa história um ingrediente que faz a diferença em nosso favor: o autoconhecimento! Autoconhecimento que está explícito na codificação da Doutrina Espírita, mais precisamente na questão de n.º 919, de O Livro dos Espíritos, onde os benfeitores indicam o autoconhecimento como condição essencial para o sucesso nos palcos da vida.

Quem exercita o autoconhecimento sabe as virtudes que possui e as limitações a superar. E, diga-se de passagem, conhecer as virtudes não quer dizer ser prepotente, mas sim saber as conquistas efetuadas, ou alguém duvida  que temos muitas conquistas?

Sim, temos muitas virtudes, muitas habilidades que desenvolvemos ao longo de nossas existências. O grande problema é que muitos consideram que saber da existência dessas virtudes é se vangloriar. Nada disso. Isso é autoconhecer-se, saber o que já foi conquistado. O que não pode é ficar submisso aos excessos e idolatrar a própria figura ou utilizar as conquistas efetuadas no campo da cultura, por exemplo, para constranger o semelhante.

Quem se considera professor da vida, estar efetivamente pronto a ocupar digníssimo lugar ao lado do Pai, entra em um marca-passo existencial e deixa de avançar pela simples razão de se considerar pronto. Somos todos seres em constante construção, inseridos em um incessante processo de aquilatar virtudes e superar limitações; contudo, é necessário conhecer as virtudes que necessitam ainda ser conquistadas e, de outro lado, as mazelas que urge depurarmos.  

É ilustrativo o caso do alcoolismo, uma doença que só é vencida quando o alcoólatra toma ciência de sua condição. Precisa o alcoólatra primeiro admitir a doença para, depois, vencer o vício. Enquanto o alcoólatra tenta se enganar, considerando que nada tem, persistirá doente por um simples motivo: ignorância!

Esse exemplo apenas demonstra a necessidade constante que temos de cultivar o autoconhecimento, estudando-nos permanentemente para que não fiquemos à mercê de nossas mazelas.

E no quesito autoconhecimento, vale a pela lembrar Kardec, conhecedor de si mesmo e ciente das próprias virtudes. Além disso, tinha plena ciência de que não era o único capaz de desempenhar o trabalho de organização da Doutrina Espírita.

E ele o demonstrou de maneira objetiva e segura, sem ares de superioridade que caracteriza o ser prepotente. Allan Kardec nos diz, em Obras Póstumas, referindo-se à caridade: (...) Certamente não me cabe fazer o inventário do bem que pude fazer; mas, num momento em que parece tudo esquecer-se, é-me muito permitido, creio, chamar à minha lembrança que a minha consciência me diz que não fiz mal a ninguém, que fiz todo o bem que pude, e isso o repito sem ostentação; sob esse aspecto, a minha consciência está tranqüila.

E, da mesma obra acima citada, extraímos outra prova de autoconhecimento que possuía o codificador do Espiritismo, que não se considerava insubstituível, deixando explícito que uma obra gigantesca como o Espiritismo não ficaria subordinada a um homem apenas, prova cabal da magnitude divina: (...) Não tenho a pretensão de ser o único ser indispensável; que Deus é muito sábio para fazer repousar o futuro de uma doutrina, que deve regenerar o mundo, sobre a vida de um homem; que, aliás, sempre me foi dito que a minha tarefa era constituir a Doutrina, e que me será dado o tempo necessário.

Na família, na sociedade, no trabalho e nas atividades voluntárias que desempenhamos, somos todos importantes, mas não insubstituíveis. Ter consciência da condição de eternos alunos da vida é o segredo para que não estagnemos na prepotência, nem nos afundemos nas obscuras águas da falta de confiança em nós mesmos. Temos virtudes, é importante saber disso. Temos limitações, e é mais importante ainda não ignorá-las para que cumpramos fielmente os desígnios do Criador, que almeja um futuro promissor para todos, sem exceção.

Pensemos nisso.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita