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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 27 - 19 de Outubro de 2007

RITA CÔRE
garciacore@hotmail.com

Laje do Muriaé, Rio de Janeiro (Brasil)

O gosto amargo das acusações

Temos visto, no meio espírita, companheiros que se referem a atividades mediúnicas alheias ou à atuação de palestrantes e conferencistas com veemente tom de reprovação.  Justificam-se eles, em seus escritos e na tribuna, que assim o fazem em apoio à bandeira da fidelidade doutrinária. No entanto, a própria Codificação e os ensinamentos de Jesus apontam-nos outros caminhos para se corrigirem equívocos.

Allan Kardec deu-nos o exemplo, através das atitudes de equilíbrio e bom-senso, nos momentos de crise. A Doutrina Espírita, por sua vez, é um sublimado compêndio de pedagogia a nos mostrar, entre incontáveis lições, que as sombras só se dissipam com a luz e não com outras sombras que a elas se assemelham.

Estabelecer polêmicas inúteis, enfim, não leva ninguém à libertação pelo conhecimento nem ao aprimoramento moral, é mero exercício de paixões personalistas, que acabam em cinzas e amargura.

Circulam, é verdade, no Movimento Espírita, publicações marcadas de mágica fantasia ou de suposições precipitadas que nada acrescentam, gerando confusão e mal-estar. Mas não será acusando este ou aquele companheiro que se resolverão os desvios de rota.

O esclarecimento através do estudo e o exemplo dos que buscam a paz e o entendimento serão mais fortes aliados nessa luta pelo saneamento dos enganos do que as acusações, muitas vezes, incitadas pelo orgulho de um saber ao qual falta sabedoria de conviver.

Quando se denunciam erros, supostos ou verdadeiros, de um líder espírita, com o verbo exaltado da revolta, gera-se um clima que incentiva competição e inveja, mesmo que não tenham sido estes os móveis da ação.

Erros, todos os cometemos. Porém, a palha no olho do irmão não deve constituir objeto de denúncias amargas em exposições públicas.  Atitudes dessa categoria são um desserviço ao Movimento Espírita, a despeito da máscara das boas intenções de revelar “verdades” que a ninguém ajudam. Ao contrário, faríamos melhor se nos ocupássemos com a divulgação da Doutrina em suas bases seguras e autênticas, para que os próprios leitores e ouvintes se capacitassem para separar o joio do trigo.

Não se trata de estar conivente com as distorções doutrinárias que ferem a razão, nem de se acovardar em omissões comprometedoras.  A diferença está no “como” agir.

O papel de quem fala em nome da Doutrina Espírita é divulgá-la, é esclarecer as mentes ingênuas e mágicas que, por falta de estudo, centram seu interesse nos fenômenos, estacionando na curiosidade e desconhecendo que o Espiritismo se fundamenta, de fato, em sua filosofia.

Divulgar a Doutrina é, portanto, o meio mais eficaz de evitar a atenção que se tem dado a revelações inoportunas e irrelevantes para o progresso do Espiritismo no Brasil.

Se o freqüentador da Casa Espírita, em suas Reuniões Públicas, descobrisse que a reencarnação é oportunidade de crescimento e que especulações a seu respeito não passam mesmo de especulações e, por isso, não têm a importância que lhes dão, teria respaldo teórico e doutrinário para não cair nas malhas da proliferação de psicografias sensacionalistas. Portanto, não é preciso acusar, mas esclarecer.

Se o mesmo amigo tivesse notícia de que existem pesquisas científicas sérias a respeito do processo reencarnatório, mesmo fora dos círculos espíritas e que somente através de comprovações metódicas ou de evidências indiscutíveis é que se pode afirmar ser um determinado Espírito o mesmo de outras eras; se tivesse aprendido que a mediunidade, embora fundamental, é às vezes escorregadia, tornando-se fonte de enganos e que não há médiuns perfeitos; se tivesse tomado conhecimento de que o método de Kardec para a seleção dos ensinamentos dos Espíritos foi a sua concordância e a conseqüente universalidade da informação, teria também descoberto que o Espiritismo está na Codificação e não nesta ou naquela obra mediúnica isoladamente. Mais uma vez, não é preciso acusar, mas sim esclarecer.       

A luz do conhecimento e da autêntica evangelização é que pode dissipar as sombras da ignorância e do carreirismo mediúnico. Mas um dos entraves, para que se instale de fato essa dinâmica entre nós, está evidenciado no Movimento Espírita como uma perigosa antítese: de um lado, os mágicos; de outro, os fundamentalistas.

Os mágicos supervalorizam a mediunidade, especialmente a própria, e negligenciam a orientação doutrinária e os ensinamentos de Jesus que respaldam a fé raciocinada; os fundamentalistas negam o valor das obras mediúnicas, atendo-se apenas a Kardec, como se ele mesmo não tivesse recorrido aos médiuns para nos trazer a Doutrina que, afinal, é dos Espíritos.

Enfim, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não se pode negar a importância da mediunidade responsável, nem se julgar um médium por esta ou aquela obra, mas avaliar suas produções como um todo, observando sua utilidade e descartando os focos passíveis de dúvidas, frutos da imaginação exaltada. Quanto mais se chama a atenção para um fato, por julgá-lo inconveniente, mais ele se divulga.           

Nesses dias de terceiro milênio, na contagem do nosso tempo, a hora é  de construir a paz e a tão almejada unificação. O Movimento Espírita não carece de polêmicas insensatas, mas de obras, não necessariamente mediúnicas, que tenham a marca dos saberes que amadurecem, que apontam roteiros seguros de bem viver, acompanhando o progresso da Ciência e as constatações da História, sem sustos ou deslumbramentos. Levantem–se, pois, as vozes de boa vontade para esclarecer e pacificar. Mas que não estacionem na palavra, traduzindo o verbo em ação. As boas obras se reconhecem pelos seus frutos. A vida acaba por mostrar quem é quem. E aos que se comprazem em usar a palavra para acusar e dividir só lhes restará, ao se levantar o véu das vaidades, o gosto amargo das acusações.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita