WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français  
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Entrevista
Ano 1 - N° 27 - 19 de Outubro de 2007
FERNANDA BORGES
fernanda@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Aylton Guido Coimbra Paiva:

“O Espiritismo inspira a reforma íntima e a educação do Espírito, mas também a ação social para a transformação da sociedade"

Foi aos 15 anos de idade que Aylton Guido Coimbra Paiva conheceu a Doutrina codificada por Allan Kardec. Naquela época, o livro “Do Calvário ao Infinito”, do Espírito de Vitor Hugo, psicografado pela médium Zilda Gama, é que o levou a encontrar respostas para muitas questões que, segundo suas próprias palavras, “até então religião nenhuma não tinha me respondido”.

Radicado na cidade de Lins (SP), Aylton Paiva é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais. No meio    espírita,    tem    ação    decisiva     nas 

atividades  de divulgação e unificação no vizinho Estado de São Paulo, além de ser um dos articulistas da revista espírita O Consolador.

Em sua visão, o movimento espírita brasileiro vem trabalhando de forma positiva e reúne homens e mulheres dedicados em divulgar a Doutrina Espírita, conforme as possibilidades e limitações de cada um.

Este e outros temas importantes, como a violência, o aborto e a eutanásia, fazem parte da entrevista que o estimado confrade concedeu a esta revista.

O Consolador: Onde você nasceu?

Reencarnei na cidade de Dois Córregos, Estado de São Paulo, em 28 de julho de 1937.

O Consolador: Que motivo o levou a residir na cidade de Lins?

Logo que nasci, meus pais mudaram-se para Jaú. Residi depois, durante muito tempo, em Bauru e após meu casamento passei a residir em Lins, onde moro até a presente data.

O Consolador: Qual a sua formação?

Curso superior completo. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.

O Consolador: Quais cargos ou funções você já exerceu no movimento espírita?

Diretor de Mocidade Espírita; presidente de Centro Espírita; diretor da União Municipal Espírita de Bauru (SP); presidente da USE Intermunicipal de Lins; secretário da Comissão Regional Sul do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira.

O Consolador: E no momento, que cargo você está exercendo?

Sou diretor conselheiro da Casa dos Espíritos de Lins e presidente da USE Regional de Bauru.

O Consolador: Quando você teve contato com o Espiritismo?

Com 15 anos de idade, recebi de meu tio Sebastião Paiva o livro “Do Calvário ao Infinito”, escrito por Vitor Hugo, psicografado pela médium Zilda Gama. Esse livro ajudou-me a encontrar respostas para muitas questões que, até então, as religiões que conheci não tinham respondido.

O Consolador: Qual foi a reação de sua família ante sua adesão à Doutrina Espírita?

O tio Sebastião ficou muito contente, minha mãe aceitou, meu pai inicialmente não se incomodou, mas quando se tornou evangélico contestou essa minha opção.

O Consolador: Dos três aspectos do Espiritismo – científico, filosófico e religioso – qual é o que mais o atrai?

Julgo todos importantes, porém, talvez por minha formação cultural, atraem-me os aspectos filosófico e religioso.

O Consolador: Que autores espíritas mais lhe agradam?

Allan Kardec, com suas obras “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “A Gênese” e o “Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo”. Em seguida, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, Gustave Geley, Herculano Pires, Humberto Mariotti e Hernani Guimarães Andrade. Quanto a autores desencarnados,  André Luiz, em sua série admirável, psicografada pelo inesquecível médium Francisco Cândido Xavier.

O Consolador: Que livros espíritas você considera de leitura indispensável aos confrades iniciantes?

Basicamente o “Principiante Espírita”, de Allan Kardec, as obras básicas da Codificação e a série André Luiz, psicografada por Francisco Cândido Xavier.

O Consolador: Se você fosse passar alguns anos num lugar remoto, com acesso restrito às atividades e trabalhos espíritas, que livros pertinentes à Doutrina Espírita você levaria?

Os mesmos da pergunta anterior, acrescidos de “O Reino” e “O Espírito e o Tempo”, de Herculano Pires; “O Homem e a Sociedade Numa Nova Civilização”, de Humberto Mariotti; Paulo e Estevão, de Emmanuel/Chico Xavier e o meu “O Espiritismo e a Política Para a Nova Sociedade” (estudo das Leis Morais de “O Livro dos Espíritos”).

O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você, o Espiritismo é uma religião?

O próprio Allan Kardec definiu isso muito bem, esclarecendo que o Espiritismo não era uma religião com a organização e a estrutura de religiões existentes, porém tinha um aspecto religioso ao tratar de temas que a filosofia e a ciência acadêmica não tratam: Deus, o espírito eterno, a adoração a Deus, a oração e as normas éticas contidas nos Evangelhos atribuídos a Mateus, João, Marcos e Lucas.

O Consolador: Outro tema que suscita geralmente debates acalorados diz respeito à obra publicada na França por J. B. Roustaing. Qual é sua apreciação dessa obra?

A mesma de Allan Kardec expressa na Revista Espírita: uma obra mediúnica, psicografada por um médium. Respeitava o direito que Roustaing tinha de divulgá-la, como opinião pessoal. Acrescento eu: sem ter passado pelo critério do “controle universal dos ensinos dos Espíritos“, conforme encontramos em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, Introdução, II, Autoridade da Doutrina Espírita. Na obra há teses que confrontam as teses do Espiritismo.

O Consolador: O terceiro assunto em que a prática espírita às vezes diverge está relacionado com os chamados passes padronizados, propostos na obra de Edgard Armond. Embora saibamos que em geral a opção adotada pelo movimento espírita seja tão-somente a imposição das mãos tal como recomenda J. Herculano Pires, qual é sua opinião a respeito?

Entendo, com base em Kardec e nos esclarecimentos de André Luiz, em sua série de livros, psicografados por Francisco Cândido Xavier, que ao médium, expressando amor ao próximo, compete exteriorizar as energias espirituais e quem manipulará essas energias para fixá-las nos tecidos do perispírito e nas células do corpo físico são os técnicos espirituais – os Espíritos especializados nessa área, independentemente dos movimentos que o médium faça com as mãos.

O Consolador: Como você vê a discussão em torno do aborto? No seu modo de ver as coisas, os espíritas deveriam ser mais ousados na defesa da vida como tem feito a Igreja?

Como recurso extremo, admitido pela ética médica, o aborto só deve ser adotado para salvar a vida da mãe. Acho que o movimento espírita, através das Federações, do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira e por ações de Centros, Instituições e pessoas espíritas, tem oferecido a sua contribuição em defesa da Vida, devendo fazê-lo cada vez com mais eficiência, atingindo, também, as crianças que ainda morrem de fome, no Brasil e no mundo.

O Consolador: A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Ângelis, já se posicionaram sobre esse tema. Surgiu, no entanto, ultimamente a idéia da ortotanásia, defendida até mesmo por médicos espíritas. Qual a sua opinião a respeito?

Para mim a ortotanásia é o direito de morrer na hora certa, pelas leis espirituais, biológicas e éticas e não em momento artificialmente imposto, pela ainda tão falha ciência humana. Os capítulos da Lei da Destruição e da Lei da Conservação, em As Leis Morais de “O Livro dos Espíritos”, trazem contribuições importantes para o tema.    

O Consolador: O movimento espírita em nosso país lhe agrada ou falta algo nele que favoreça uma melhor divulgação da Doutrina?

Agrada-me muito. Constato homens, mulheres e jovens estudando e trabalhando para divulgar e implantar a Doutrina Espírita em nossa sociedade. Essa realização caminha segundo nossas possibilidades e limitações, individuais e coletivas, todavia avança sempre.

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o país e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

Constituem o reflexo dos estágios em que ainda nos encontramos em termos do orgulho e do egoísmo, tanto individual como coletivo. Nós espíritas poderemos melhor conscientizar-nos e melhor agir em nossa ação social, que é uma ação política (sem ser político-partidária ) estudando a 3ª Parte de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec – As Leis Morais. 

O Consolador: A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra “amor” estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais?

Acho que não podemos medir cronologicamente esse evento. Busco em “A Gênese”, de Allan Kardec, no capítulo XVII: “A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as idéias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado. Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos, o Espiritismo se encontrará com ela no mesmo terreno. Aos homens progressistas se deparará nas idéias espíritas poderosas alavancas e o Espiritismo achará, nos novos homens, Espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo... O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade”.

O Consolador: Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil e no mundo?

Divulgar o Espiritismo, com base nas obras básicas da codificação de Allan Kardec. Estimular permanentemente o estudo do Espiritismo nas mesmas obras. Entender que o Espiritismo não veio para ser trancafiado dentro do Centro Espírita. Ele veio para a humanidade e, conseqüentemente, inspirar a reforma íntima ou a educação do Espírito, mas também a ação social para transformação da sociedade, associando-se a outros movimentos que propugnam pela justiça e o amor entre as pessoas e os povos.
 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita