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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 23 - 21 de Setembro de 2007

EDUARDO BATISTA DE OLIVEIRA
ebatistadeoliveira@ig.com.br

Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)

Dogmas

Allan Kardec, antes de dedicar-se à codificação do Espiritismo, exerceu, por 30 anos, a missão de educador, tendo publicado diversas obras didáticas. Somente aos 51 anos, portanto já bem maduro, é que começou a estudar os fenômenos das manifestações dos Espíritos, que, à época, se revelavam pelas “mesas girantes”, grande atração pública na França de então.

A maturidade e a experiência no campo técnico-pedagógico conferiram a Kardec condições para a elaboração, a partir das respostas dadas pelos Espíritos às suas perguntas, de um complexo e novo sistema filosófico. Contudo, mesmo sendo um filósofo especialista, em sua primeira obra, O Livro dos Espíritos, Kardec não utilizou a linguagem técnica nem seguiu os rigores de uma minuciosa exposição filosófica. Tal postura não serviria a seus propósitos, afirmava. O Livro dos Espíritos, editado somente dois anos após o início de seus estudos acerca das manifestações espirituais (prova de sua profunda dedicação à nova tarefa abraçada), destinava-se ao grande público, e não apenas a especialistas.

Um novo princípio filosófico-espiritual destaca-se em sua obra: o da FÉ RACIOCINADA, muito evidente em O Livro dos Espíritos, em que Kardec se posiciona como um aprendiz que busca os mínimos detalhes nos esclarecimentos. A respeito desse princípio, Kardec asseverou ser preferível errar numa avaliação a aceitar algo que não passasse pelo crivo da razão. Em razão de tal princípio doutrinário, o Espiritismo é considerado não-dogmático, isto é, não impõe regras filosóficas que não sejam compreensíveis à luz da razão. Por isso dizemos que a fé espírita é a fé raciocinada, e não a “fé cega”, dogmática.

Infelizmente, a despeito da insistência de Kardec a respeito desse princípio, assistimos em nosso meio espírita a diversas tentativas de dogmatizações. Práticas equivocadas e irracionais têm sido introduzidas e, aos poucos, tratadas como essenciais. Muitos são os esforços, individuais ou de grupos, de se impor “verdades” incompreensíveis.

Em O Livro dos Médiuns, Kardec afirma que a faculdade mediúnica se relaciona com predisposições orgânicas: “a fé não é condição obrigatória para o iniciante” em mediunidade, pois até pessoas completamente incrédulas se espantam ao se perceberem escrevendo sem querer, ao passo que crentes sinceros não o conseguem. Experiências de escrita automática na Psicologia, iniciadas por Pierre Janet, comprovam a afirmativa de Kardec (o fenômeno é tratado como natural e de ocorrência em qualquer circunstância, podendo ser observado em crianças, adultos e idosos, qualquer que seja o temperamento, o estado de saúde ou o grau de desenvolvimento intelectual e moral). Outros clássicos, como Léon Denis e Gabriel Delanne, da mesma forma, julgam que a mediunidade está ligada a propriedades do corpo físico, tendo o último concluído que tal se dá pelas modificações sutis sofridas pelo perispírito, transmitidas ao organismo. Por isso, prossegue Kardec em sua afirmativa, quando após alguns meses o médium não obtiver mais do que insignificantes sinais de manifestações dos Espíritos, será inútil persistir em exercícios de mediunidade, pois fica evidente que, apesar de médium, não há no caso a mediunidade produtiva. Contrariando essa assertiva, há vários centros espíritas em que as pessoas são, por meses seguidos e às vezes anos, equivocadamente “postas a se desenvolver”, com lápis à mão sobre a folha de papel, à espera da manifestação dos Espíritos. “Pura perda de papel”, afirma Kardec.

Tenhamos fé, sim, mas fiquemos atentos: não vamos deixar que nos imponham práticas que a nossa razão rejeita. Lembremos sempre que a nossa fé é racional e precisa estar de olhos bem abertos para não se deixar enganar por verdades prontas e acabadas.


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita