WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français  
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 20 - 29 de Agosto de 2007
FERNANDO A. MOREIRA
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

A fé, as obras e a Bíblia

“Tu tens a fé e eu tenho as obras; mostre-me a tua fé sem as tuas obras, que eu com as minhas obras mostrar-te-ei a minha fé.”
(Tiago 2, 24)
  

O Espiritismo nos destina a fé raciocinada, lastreada, portanto, pela razão, sendo ela extremamente dinâmica, nos fazendo obreiros do nosso progresso moral; esta é a verdadeira fé; a fé com obras; a fé que nos leva ao merecimento, pois “revela o seu objetivo, que consiste em conduzir a criatura ao Criador, mediante a lei incoercível da evolução”. (1)

É a fé que, como mola propulsora, nos impulsiona à reforma íntima e à nossa ascensão espiritual; nos irmana ao nosso próximo, luarizando a  nossa   evolução,  por  remeter-nos à

reparação de nossas faltas e nos dando, por isso, força espiritual. “A fé é o emblema da perfeição e a insígnia do poder”, (2) por isso carrega nela “uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação...” (3)

A fé exerce assim o seu poder de cura, pois é a chave que abre a porta da casa construída pelo nosso merecimento, para que possamos ser beneficiados pelos fluidos da justiça divina; a fé nos eleva a Deus e O traz até nós, deixando-nos usufruir a Sua bondade infinita (veja a figura). Esta “graça”, no entanto, só acontece, quando existe este anelamento entre a nossa fé e o nosso merecimento.

“A fé é força que irradia como energia operante e, por isso, consegue remover as montanhas das dificuldades, aplainar as arestas do conflito, minar as resistências que se opõem à marcha do progresso.” (4)

A fé cega, ao contrário, é estática e acaba estagnada no fanatismo; é a fé sem obras e “(...) que aproveitará, irmãos meus, a um que diz que tem fé se não tem obras? Acaso podê-lo-á salvar a fé? (...) a fé se não tiver obras é morta em si mesma.” (Tiago 2, 17)

Obra, segundo a conotação bíblica, é o cumprimento dos nossos deveres morais e as boas obras têm mérito e serão recompensadas, porque “a cada um será dado, segundo as suas obras.” (Mateus 16, 27)

No Evangelho, no episódio da cura do servo do centurião romano (Lucas: 7, 1-10), este tendo ouvido falar de Jesus, mandou suplicar por alguns anciãos judeus que Ele viesse curar o seu servo e eles, dirigindo-se a Jesus, imploraram seu concurso, dizendo: “É um homem que merece lhe faças esta graça, pois que ama o nosso povo e nos edificou uma sinagoga.”  Supõe-se que eles sabiam que Jesus valorizava o merecimento e por isso invocaram o argumento, e Ele o curou, e só o faria nestas primeiras circunstâncias.

Na parábola da mulher hemorroíssa, que padecia de hemorragia havia doze anos (Marcos, 5, 21-43), esta veio-lhe da multidão e tocou-lhe a capa, na certeza inquebrantável de que ficaria sã e Jesus, dirigindo-se a ela, assim se expressou: “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica curada do teu mal.”

Ainda no Evangelho, na parábola da cura dos dez leprosos (Lucas 17, 11-19), Jesus se dirigiu ao samaritano, único dos dez que havia retornado para, prostrado aos seus pés, render-lhe graças, pronunciando as seguintes palavras: “Levanta-te, vai, tua fé te salvou.”  Os outros nove haviam sido curados, mas só o samaritano estava, assim como a mulher hemorroíssa, salvo pela fé; “salvo sim porque ela fez desabrochar na alma do samaritano o valor, a alegria sã, a gratidão.” (5)

Ao paralítico na piscina, depois de curado, Jesus disse: “Olha, já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior.”  (João 5, 1-14)

Havia aí, pois, um condicionamento para a perpetuação daquela cura, que era o de não pecar mais, mantendo-se na prática das boas obras, para que não lhe sucedesse a recidiva, ou coisa pior. 

Nós espíritas temos que ser os obreiros do amor, em relação ao nosso próximo, amando-o como a nós mesmos e, portanto, também nos amando, como a ele mesmo; acreditar em Deus, acreditando em si mesmo, sendo “filhos legítimos da fé que pensa, da fé que desvenda a imortalidade, da fé que conduz a Deus.”
(6)

A fé é, assim, a luz da esperança; a esperança, a dinamizadora da caridade, e a caridade, a fonte da reforma íntima, só conseguida pela ação, espelhada na vivência dentro dos preceitos evangélicos. “A vida de Jesus constitui a obra programada pela fé.” (7)

Não se pode questionar esta sincronização entre o amor, a fé e as obras, contra os argumentos na interpretação errônea dos textos bíblicos, muita vez com dolo, de que “só a fé salva e obras nada valem”.  

Citaremos, na bibliografia, algumas referências de alguns destes mesmos textos, inclusive os selecionados no nosso trabalho, (8) para que não paire qualquer dúvida sobre o que neles foi dito. 

“Infelizes daqueles que usam a fé para crescer no materialismo”,
(9) porque “Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor!, entrarão no reino dos céus; aquele, porém, que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse entrará no reino dos céus.”  (Mateus 7, 21) 

BIBLIOGRAFIA: 
(1) VINÍCIUS. Na Seara do Mestre; 5ª ed.: FEB, 1985, pg 57.
(2) SCHUTEL, Caibar . Parábolas e Ensinos de Jesus: 13ª ed., SP: Casa Ed. “O Clarim”, 1993, pg. 261.
(3) SANT´ANNA, Ernani. Notações a um Aprendiz, RJ: FEB, 1991, pg. 39.
(4) FRANCO, Divaldo. Jesus e o Evangelho_ À Luz da Psicologia Profunda. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 1ª ed., RJ: Liv. Esp. Alvorada. Ed., 2000, pg. 165.
(5) VINÍCIUS. Nas Pegadas do Mestre: 7ª ed., FEB, 1989, pg. 50.
(6) SCHUTEL, Caibar. “O C|LARIM”, Casa Ed. O Clarim, SP, maio, 2000, pg. 5.
(7) MAIA, João Nunes. Pelo Espírito MIRAMEZ. Cristos, 1ª ed., 1989, pg. 163.
(8) Gênesis (4, 7); Salmos (27, 4-5); Provérbios (11, 18); Eclesiástico (36, 18); Mateus (5, 12; 7,15-20; 10, 40-42; 16, 27; 25, 31-40; Lucas (7, 1-10; 17); João (3, 20); Romanos (2, 5-11); Coríntios (I; 13,3; II: 5, 10); Hebreus (6, 10); Tiago (2, 14-18; 2 ,24); Apocalipse (22, 12).
(9) GLASER, Abel, pelo Espírito SCHUTEL, Cairbar. Fundamentos da Reforma Íntima: 4ª ed., Casa Ed. O Clarim, 2000, pg. 84.
 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita