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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 2 - 25 de Abril de 2007

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)

Neopentecostes

“Eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne”.

- Atos dos Apóstolos, 2:17.

Ao analisar as absurdas quão inverossímeis citações extraídas da pastoral de Monsenhor Gousset, cardeal-arcebispo de Reims, para a quaresma de 1865, que pelo mérito pessoal e pela posição do autor na hierarquia da Igreja, se pode inferir que tais conceitos eram a última expressão daquela vetusta Instituição sobre a doutrina dos “demônios”, mostra-nos Allan Kardec, de maneira clara e insofismável, a materialização de um dos ditos do Senhor[1]: “cego guiando cegos”.

Pincemos[2] apenas uma dessas “preciosidades” medievais: “(...) Eles, [os demônios], inculcam o erro sob todas as formas, e é para obter esse resultado que a madeira, a pedra, as florestas, as fontes, as mãos dos meninos se tornam oráculos”.

Em sua ingenuidade Monsenhor Gousset estava profligando a mediunidade tão acoroçoada por Jesus e pelos cristãos dos 3 primeiros séculos, período em que o Cristianismo ainda não estava sofrendo o achincalhe das autoridades governamentais e eclesiásticas, e se mantinha ainda tão pulcro e simples como quando saíra da boca do Nazareno, na forma de pérolas de luz para clarear a sombra da ignorância que então reinava.

Mas com a sua habitual percuciência, o ínclito Mestre lionês pulveriza toda a fraca estrutura da construção ideológica daquele pastor de almas, começando por pinçar dos Atos dos Apóstolos os versículos 17 e 18 do capítulo II, nos quais se lê:

“(...) Derramarei do meu Espírito sobre toda a carne: - vossos filhos e filhas profetizarão; os jovens terão visões e os velhos terão sonhos.  Nesses dias repartirei meu Espírito por todos os meus servidores e servidoras, e eles profetizarão”.

Se Monsenhor Gousset estivesse com a razão, qual seria o sentido destas palavras do Evangelho?

Com seu descortino balizado pelo bom senso, Kardec aduz1“(...)  Não estará nestas palavras do Evangelho a predição tácita da mediunidade dos nossos dias a todos concedida, mesmo às crianças?  E essa faculdade foi anatematizada pelos apóstolos?  Por que não ver antes o dedo de Deus na realização daquelas palavras?”

Kardec continua pelo capítulo X, da 1ª. parte do livro “O Céu e o Inferno”, a explicar a dinâmica e as condições requeridas para um intercâmbio mediúnico sadio e proveitoso tanto para encarnados quanto para desencarnados, isento de mistificações. 

Entre outras recomendações, o Mestre lionês afirma que o mais essencial de todas as disposições para nos comunicarmos com os Espíritos é o recolhimento coadjuvado pela fé e o desejo do bem, pois dessa forma nos tornamos mais aptos para estar em contato com os Espíritos superiores e esses nunca deixam de comparecer sempre que são evocados para um fim útil, só se recusando a responder quando tal condição não é observada.

Finaliza Kardec[3]

(...) As acusações formuladas pela Igreja, contra as evocações, não atingem, o Espiritismo, porém as práticas da magia, com a qual este nada tem de comum. O Espiritismo condena tanto quanto a Igreja as referidas práticas, ao mesmo tempo em que não confere aos Espíritos superiores um papel indigno deles, nem algo pergunta ou pretende obter sem a permissão de Deus.

Certo, pode haver quem abuse das evocações, quem delas faça um jogo, quem lhes desnature o caráter providencial em proveito de interesses pessoais, ou ainda quem por ignorância, leviandade, orgulho ou ambição se afaste dos verdadeiros princípios da Doutrina; o verdadeiro Espiritismo, o Espiritismo sério os condena porém, tanto quanto a verdadeira religião condena os crentes hipócritas e os fanáticos. Portanto, não é lógico nem razoável imputar ao Espiritismo abusos que ele é o primeiro a condenar, e os erros daqueles que o não compreendem. Antes de formular qualquer acusação, convém saber se é justa. Assim, diremos: A censura da Igreja recai nos charlatães, nos especuladores, nos praticantes de magia e sortilégio, e com razão. Quando a crítica religiosa ou céptica, dissecando abusos, profliga o charlatanismo, não faz mais que realçar a pureza da sã doutrina, auxiliando-a no expurgo de maus elementos e facilitando-nos a tarefa. O erro da crítica está no confundir o bom e o mau, o que muitas vezes sucede pela má-fé de alguns e pela ignorância do maior número. Mas a distinção que uma tal crítica não faz, outros a fazem.  Finalmente, a censura aplicada ao mal e à qual todo espírita sincero e reto se associa, essa nem prejudica nem afeta a Doutrina”. 

Podemos também considerar como uma feliz variável do Neopentecostes o esforço concentrado feito por várias editoras de livros Espíritas, incluindo-se aí a Federação Espírita Brasileira, no sentido de traduzir as Obras Básicas do Espiritismo e muitas outras subsidiárias para diversos idiomas de forma que o maior número de criaturas possa ter acesso aos alcandorados e alforriadores conhecimentos espiritistas que, na verdade, são os ensinamentos redivivos do próprio Cristo. 

Trata-se, sem dúvida de um esforço hercúleo e nobre, tendo em vista que existem no mundo aproximadamente 6000 idiomas, (uma verdadeira torre de Babel).  Mas, desses 6000 idiomas restará até o ano de 2100 apenas a metade, segundo estudos dos especialistas.  Isso é paradoxalmente bom e ruim.  Ruim porque um idioma que se extingue leva consigo todo um contexto da civilização a ele vinculado, mas, por outro lado, é bom no sentido de facilitar o intercâmbio lingüístico minimizando as diversidades hoje existentes e facilitando o encaminhamento do rebanho terrestre na direção de “um só Pastor”, conforme as Escrituras Neotestamentárias.   E é evidente que o Esperanto terá aí o seu papel importante nessa equalização lingüística, ou seja: nesse novo e necessário Pentecostes.

[1] - Mt., 15:14.

[2] - KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 51.ed.Rio de Janeiro: FEB, 2003, 1ª. parte, cap. X, item 8.

[3] - KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 51.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, 1ª. parte, cap. X, item 15.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita