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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 2 - 25 de Abril de 2007

JOSÉ CARLOS MONTEIRO DE MOURA
jcarlosmoura@terra.com.br
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)
 

Atavismo religioso

A visita do Papa Bento XVI ao Brasil no próximo mês de maio não deverá implicar qualquer esperança quanto a um possível avanço no diálogo inter-religioso, defendido até pelos membros mais esclarecidos do próprio Catolicismo. Tem-se a impressão, no entanto, de que isso não é objeto de suas cogitações, em face da postura que adota desde os tempos em que era o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, nome moderno do Santo Ofício.

No final do ano passado, colaborou até mesmo para acirrar ainda mais os ânimos entre Ocidente e Oriente quando associou o Islã à violência, invocando um pronunciamento de Manoel II Paleólogo, imperador bizantino do século XIV.

A reação do mundo islâmico foi de tal ordem que levou Daniel Pippes, renomado  especialista em Oriente Médio e Islamismo, a escrever: “Quaisquer que tenham sido as intenções do papa, ele causou um furor quase previsível no mundo islâmico. Por toda parte autoridades políticas e religiosas condenaram o discurso algumas clamando por violência”.

Em mais de uma oportunidade deixou muito claro que não admite nenhuma outra religião, pois tem insistido em dizer que “só na Igreja Católica se encontra a Igreja de Cristo. Nas outras há apenas elementos, como portas e paredes, mas não chegam a formar uma casa. Por isso não são igrejas nem devem, de direito, ser assim chamadas”. Tanto quanto seu antecessor, João Paulo II  - de quem foi o mais próximo colaborador -, é partidário convicto do “Fora da Igreja não há salvação”

Até no que diz respeito às divergências existentes no seio do Cristianismo (Igreja Católica Romana, Igrejas Ortodoxas e Igrejas Reformadas ), é de notar que, quando a Igreja Romana se aproxima de algum desses segmentos, o faz com indisfarçável sentimento de superioridade. Dificilmente cede algum espaço, por menor que seja. Insiste e persiste em se julgar a única e exclusiva detentora da verdade, por obra e graça divinas!

Por isso, não se deve esperar, nesse particular aspecto, qualquer boa vontade do Chefe do Catolicismo para com as demais religiões existentes no Brasil, sobretudo com relação ao Espiritismo, que, graças a Deus, continua sendo a grande pedra no sapato dos que defendem e sustentam as dogmáticas verdades romanas.

A nós particularmente, a não ser pela curiosidade natural que a sua figura humana desperta, sobretudo e principalmente em face de seu aspecto prussiano e muito próximo dos generais de Hitler, a aludida visita é de todo irrelevante e destituída de qualquer conseqüência mais séria. Estão distantes os tempos em que os povos e nações do Ocidente eram coagidos a se curvar ante o poderio papal, cuja intromissão nos negócios de estado desses povos e nações era incontestável e inevitável.

Tais considerações são feitas tendo em vista algumas manifestações de certos confrades, que se mostram eufóricos ante aquilo que consideram uma grande conquista do Espiritismo, tendo em vista o fato de que, embora o Brasil seja a maior nação espírita do mundo, isso não impedirá que receba em seu solo o representante de Cristo na Terra (sic) !

É induvidoso, claro e irrefutável que o Espiritismo nada sofrerá, nem para melhor, nem para pior, com a presença do papa entre nós. Suas virtudes, bem como seus problemas e dificuldades – e negar que eles existem será negar a própria natureza humana de seus adeptos – não se modificarão, nem desaparecerão graças a um milagre de Sua Santidade.  Infelizmente, ele não está livre de algumas mazelas típicas de tudo aquilo em que há a participação do ser humano. Os que as cultivam se esquecem, conscientes ou inconscientemente, de que a Doutrina não é nossa, mas dos Espíritos. Enveredam, quase sempre, pelo terreno tortuoso da intolerância religiosa e a levam para dentro do Movimento. Tornaram-se comuns, em face disso, as filiações a essa ou àquela corrente doutrinária, as disputas de natureza acadêmica, as críticas marcadas pela ironia e, às vezes, os ataques diretos à própria honra alheia! 

O efetivo comprometimento com a Doutrina dos Espíritos, cujo objetivo final é, segundo Kardec, estabelecer, em definitivo, a lei da  fraternidade e da solidariedade entre os homens - o que somente será alcançado através da reforma interior de cada membro da sociedade -  nem sempre é observado com a seriedade desejável. 

Essa situação deve ser evitada e, progressivamente, eliminada do meio espírita. Trata-se, contudo, de um trabalho que parte do particular para o geral (ou do individual para o coletivo) e que exige o esforço próprio de cada um. Ele significa, em síntese, a já relembrada reforma íntima, cuja realização independe da presença física de quem quer que seja, a não ser que ela implique, como no caso, por exemplo, de Francisco Cândido Xavier, um exemplo tão marcante e sensibilizador que provoque uma reação capaz de modificar o modo de ser das pessoas.  

Daí se conclui que o progresso do Espiritismo no Brasil e no mundo depende, única e exclusivamente, do esforço pessoal de cada adepto. Não se condiciona a romarias, visitas de autoridades religiosas, práticas devocionais ou a outros tipos de procedimento que a herança religiosa de seus seguidores ainda mantém viva – como reminiscência reencarnatória – no subconsciente de cada um.   


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita