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Especial

Ano 1 - N° 17 - 8 de Agosto de 2007

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br

Londrina, Paraná (Brasil)

Fenomenologia das experiências mediúnicas é tratada em tese
de doutorado na USP

Estudo com 115 médiuns de São Paulo indica que a maioria
possui alto nível socioeducacional e, segundo a pesquisa,
não apresenta problemas mentais

Na literatura científica, muitas vezes os médiuns são descritos como pessoas de baixa escolaridade e renda e sua mediunidade é apresentada como um "mecanismo de defesa contra as opressões sociais" ou como manifestação de algum quadro dissociativo ou psicótico.

Estudo realizado pelo psiquiatra Alexander Moreira de Almeida (foto) com médiuns espíritas da cidade de São Paulo mostrou, no entanto, um perfil diferente: os médiuns apresentaram um alto nível socioeducacional e uma prevalência de transtornos mentais menor do que a encontrada na população em geral.

O psiquiatra constatou que 46,5% das pessoas tinham curso superior, 76,5% eram mulheres, menos de 3% estavam desempregados, e a idade média era de 48 anos. A maioria era espírita há mais de 16 anos, vieram de famílias não-espíritas e as vivências mediúnicas começaram na infância. "Esse perfil sociodemográfico se encaixa no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra um crescimento da proporção de espíritas conforme aumenta a escolaridade da população", comenta o psiquiatra.

Os participantes do estudo atuam em nove centros espíritas kardecistas da Capital, pertencentes à Aliança Espírita Evangélica. O médico aplicou um questionário sociodemográfico a 115 médiuns antes e depois das sessões espíritas. Eles também responderam a questões referentes à atividade mediúnica. O médico ainda utilizou os questionários SRQ (Self-Report Psychiatric Screening Questionnaire), que rastreiam a presença de transtornos mentais, e o EAS (Escala de Adequação Social), que mostra como a pessoa se relaciona em sociedade.

O estudo e suas conclusões fazem parte da tese de doutorado que o Dr. Alexander Moreira de Almeida defendeu em 22 de fevereiro de 2005 na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), tendo como orientador o professor Francisco Lotufo Neto (foto).
A tese pode ser vista no site Portal do Conhecimento

http://www.teses.usp.br/ - da conhecida e respeitada instituição de ensino.

Eis de forma sintética o trabalho apresentado à USP, conforme publicado no referido site:  

Tese de Doutorado

Título original

"Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas"

Autor

Alexander Moreira de Almeida

E-mail

alexma@usp.br

Unidade

Faculdade de Medicina (FM)

Área de concentração

Psiquiatria

Orientador

¤ Francisco Lotufo Neto

Banca Examinadora

¤ Francisco Lotufo Neto
¤ Leonardo Ferreira Caixeta,
¤ Paulo Dalgalarrondo
¤ Paulo Rossi Menezes
¤ Homero Pinto Vallada Filho

Data da Defesa

22/02/2005

Palavras-chave

¤ classificação
¤ epidemiologia
¤ espiritismo
¤ espiritualismo
¤ etnologia
¤ psicologia
¤ religião e psicologia
¤ transtornos dissociativos
¤ transtornos psicóticos

Resumo Original

Objetivos: Definir o perfil sociodemográfico e a saúde mental em médiuns espíritas, bem como a fenomenologia e o histórico de suas experiências mediúnicas.

Métodos: 115 médiuns em atividade foram selecionados aleatoriamente de centros espíritas de São Paulo. Numa primeira etapa foram aplicados os questionários: sociodemográfico e de atividade mediúnica, SRQ (Self-Report Psychiatric Screening Questionnaire) e EAS (Escala de Adequação Social). Todos os médiuns com provável psicopatologia pelo SRQ (n=12) e o mesmo número de controles foram entrevistados com base no DDIS (Dissociative Disorders Interview Schedule), SCAN (Schedules for Clinical Assessment in Neuropsychiatry) e através de uma entrevista qualitativa.

Resultados: 76,5% da amostra eram mulheres, idade média 48,1 ± 10,7 anos, 2,7% de desemprego e 46,5% de escolaridade superior. Eram espíritas, em média, há 16,2 ± 12,7 anos e possuíam uma média de 3,5 tipos de mediunidade (incorporação 72%; psicofonia 66%; vidência 63%; audiência 32%; psicografia 23%). Cada modalidade mediúnica era exercitada entre 7 a 14 vezes por semana em média, não havendo diferença entre os sexos. 7,8% dos médiuns ficaram acima do ponto de corte para transtorno psiquiátrico menor pelo SRQ e a amostra alcançou uma pontuação de 1,85 ± 0,33 na EAS. Houve correlação significativa entre os escores de adequação social e de sintomas psiquiátricos pelo SRQ (r= 0,38 p<0,001). Não houve correlação entre a intensidade de atividade mediúnica e os escores SRQ e adequação social. Os médiuns diferiam das características de portadores de transtornos de identidade dissociativa e possuíam uma alta média (4) de sintomas Schneiderianos de primeira ordem para esquizofrenia, mas estes não se relacionaram aos escores do SRQ ou do EAS. Foram identificados quatro grupos de relatos de surgimento da mediunidade: sintomas isolados na infância ou na vida adulta, quadros de oscilação do humor e durante o curso de médiuns. A psicofonia/incorporação possui como pródromos uma sensação de presença, sintomas físicos diversos e sentimentos e sensações não reconhecidos como próprios do indivíduo. Posteriormente, é sentida uma pressão na garganta e mecanicamente começa-se a verbalizar um discurso não planejado. A intuição foi caracterizada pelo surgimento de pensamentos ou imagens não reconhecidos como próprios. A audição e a vidência se caracterizaram pela percepção de imagens ou vozes no espaço psíquico interno ou objetivo externo. A psicofonia só ocorria no centro espírita, as demais modalidades mediúnicas ocorriam tanto dentro como fora dos centros espíritas.

Conclusões: Os médiuns estudados evidenciaram alto nível socioeducacional, baixa prevalência de transtornos psiquiátricos menores e razoável adequação social. A mediunidade provavelmente se constitui numa vivência diferente do transtorno de identidade dissociativa. A maioria teve o início de suas manifestações mediúnicas na infância, e estas, atualmente, se caracterizam por vivências de influência ou alucinatórias, que não necessariamente implicam num diagnóstico de esquizofrenia.


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