O termo exorcismo
(do grego
exorkismós, "ato
de fazer jurar",
pelo latim
exorcismu)
designa o
ritual
executado por uma
pessoa
devidamente
autorizada
para
expulsar
Espíritos
malignos (ou
demônios)
de outra pessoa que
se encontre num
estado considerado
de possessão
demoníaca. Pode
também designar o
ato de expulsar
demônios por
intermédio de
rezas e
esconjuros
(imprecações).
Nas culturas
egípcia, babilônica,
assíria e judaica,
atribuíam-se certas
doenças e
calamidades naturais
à ação dos demônios.
Para afastá-los,
recorria-se a algum
esconjuro ou
exorcismo. A cultura
ocidental recebeu
essas idéias por
meio da Bíblia e do
Cristianismo
primitivo.
|
No Cristianismo,
exorcismo (do grego
exorkismós,
"ato de fazer
jurar", pelo latim
exorcismu)
é a cerimônia que
objetiva esconjurar
os Espíritos maus,
forçando-os a deixar
os corpos possessos,
ou eliminar sua
influência sobre
pessoas, objetos,
situações ou
lugares. Quando visa
à expulsão de
demônios, chama-se
exorcismo
solene e deve
fazer-se de acordo
com fórmulas
consagradas, que
incluem aspersão de
água benta,
imposição das mãos,
conjurações, sinais
da cruz, recitação
de orações, salmos,
cânticos etc. Além
disso, o ritual
católico do
exorcismo pode ser
executado por
sacerdotes somente
quando expressamente
autorizados por
bispos. |
São Francisco
exorcisando
demônios
em
Arezzo
(Itália) |
O Antigo Testamento,
embora reconheça a
atuação do demônio a
partir da tentação e
da queda de Adão no
paraíso,
praticamente não
alude a uma ação
maléfica direta do
diabo sobre os
homens. Em o Novo
Testamento, que não
apresenta
modificações
essenciais no que se
refere ao exorcismo,
o Evangelho de
Marcos é o que
insiste de maneira
mais realista nos
exorcismos
supostamente
praticados por Jesus
e por seus
discípulos. Em
certos casos,
trata-se de expulsar
o demônio do corpo
de possessos ou
lunáticos. Em
outros, da cura de
enfermidades
atribuídas à ação do
demônio. Os
evangelistas se
servem dessas
vigorosas
ilustrações para
demonstrar a vitória
de Jesus sobre
Satanás e também
para mostrar como
seu povo se libertou
do pecado.
"Chegou o momento de
ser julgado este
mundo, e agora o seu
príncipe será
expulso"
(João, 12:31). Esses
milagres seriam um
sinal da instauração
do reino de Deus.
"Se, porém, eu
expulso demônios
pelo Espírito de
Deus, certamente é
chegado o reino de
Deus sobre vós"
(Mateus, 12:28).
O exorcismo na
igreja primitiva
As curas e os
exorcismos foram
comuns na igreja
primitiva. Com o
reconhecimento
oficial da Igreja
sob o imperador
Constantino, os
exorcismos
carismáticos,
realizados
informalmente por
qualquer cristão,
deram lugar à
institucionalização
da função do
exorcista. O
Rituale Romanum
reuniu mais tarde
diversos ritos de
exorcismos para
situações variadas.
Também as igrejas
reformadas
estabeleceram tais
ritos.
O racionalismo do
século XVIII
conseguiu explicar
muitos mistérios
supostamente
sobre-humanos, o que
também sucedeu, de
modo ainda mais
intenso, com a
descoberta do
hipnotismo e da
psicologia profunda
no século XIX. A Igreja Católica,
como também algumas
|
|
denominações
protestantes,
admite os
exorcismos
ordinários,
contidos no rito
do batismo, como
símbolo da
libertação do
pecado e do
poder do
demônio.
Pratica-se o
exorcismo
ordinário na
bênção da água
batismal e na
sagração dos
santos óleos. Os
exorcismos
solenes, que têm
por objetivo
expulsar o
demônio do corpo
de um possuído,
são práticas
raríssimas e só
confiadas,
mediante
permissão
episcopal, a
sacerdotes muito
experientes.
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O exorcismo católico
inicia-se com a
expressão latina
"Adjure te, spiritus
nequissime, per Deum
omnipotentem" (eu te
ordeno, espírito
maligno, pelo Deus
Todo-Poderoso).
O processo pode ser
longo e extenuante,
chegando a se
estender por vários
dias. A possessão
está associada ao
mal. O processo de
libertação é feito
de forma dramática e
violenta. Os
exorcistas recorrem
as preces,
água-benta,
defumadores,
essências de rosas e
arruda. O sal que é
associado à pureza
espiritual também é
utilizado.
Os adeptos do
Catolicismo mantêm,
no entanto, em nossa
época, uma atitude
dúbia em relação ao
exorcismo. Se, por
um lado, procuram
guardar distância de
sua prática, atuando
mais próximos a
psiquiatras e
médicos e
autorizando estudos
para esclarecer o
fenômeno, de outro
lado continua a
permitir, em certos
casos, a prática dos
rituais de expulsão.
O próprio papa João
Paulo II admitiu ter
aplicado o ritual do
exorcismo no caso de
uma jovem, em 4 de
abril de 1982. O
papa João Paulo II
teria, segundo
fontes seguras,
praticado o
exorcismo pelo menos
em mais duas
ocasiões durante seu
pontificado. O
primeiro se deu no
final dos anos 70,
mas dele pouco se
sabe. No último, ele
atendeu uma jovem de
19 anos que, segundo
a Igreja,
apresentava sinais
de possessão
demoníaca.
O papa João Paulo II
como exorcista
O cardeal Jacques
Martin relatou da
seguinte forma o
exorcismo de 4 de
abril de 1982, no
qual João Paulo II
atendeu uma mulher
italiana de nome
Francesca: “Ela
rolava pelo chão,
berrando. O papa
começou a rezar,
pronunciando em vão
vários exorcismos, e
disse à mulher:
‘Amanhã rezarei uma
missa por ti’.
Repentinamente,
Francesca voltou ao
normal e pediu
desculpas ao
pontífice. Um ano
depois,
perfeitamente
curada, compareceu
com o marido a outra
audiência com o
papa”.
O caso da jovem de
19 anos,
supostamente
possessa por um
demônio, não teve o
mesmo final feliz. A
jovem urrava
palavras estranhas e
dizia-se agredida
por símbolos
cristãos. João Paulo
a abraçou e rezou
para livrá-la da
influência maligna, sem chegar a cumprir
os rituais do exorcismo, que são
bastante
|
longos e
cansativos. A garota
se acalmou, mas
horas depois
mergulhou em nova
crise, sem ficar
curada. A jovem, que
vive na região da
Úmbria, Itália, tem
tido surtos desde os
12 anos. Antes de
ser atendida pelo
papa, foi tratada
por médicos
psiquiatras e também
pelo padre Gabriele
Amorth (foto),
exorcista-chefe de
Roma, sem reagir aos
rituais. O padre
Amorth disse, em
entrevista publicada
pela revista
Época, ter
realizado
aproximadamente
50.000 exorcismos ao
longo da vida,
embora
considere
que
somente 84
foram
|
|
possessões
autênticas.
Segundo ele, os
sintomas da
possessão
incluem força
física
sobre-humana,
xenoglossia (a
fala espontânea
em língua que
não foi
previamente
aprendida) e
revelações de
segredos sobre
as pessoas.
|
No Brasil, as
permissões no seio
católico para
realização de
exorcismo têm sido
ultimamente
raríssimas e há
mesmo nesse meio os
que pensam como o
polêmico padre Oscar
Quevedo, que diz:
“Exorcismo não
existe”. “Os
demônios não atacam
ninguém. Exorcismo é
curandeirismo. É
exercício ilegal da
medicina.”
A
prática do exorcismo
nas diferentes
religiões
Católicos -
O manual do
exorcismo aprovado
pelo Vaticano indica
como sinais da
possessão demoníaca:
falar línguas
estrangeiras, exibir
força descomunal e
desproporcional ao
físico do indivíduo,
referir-se a coisas
e lugares que o
indivíduo jamais viu
e repudiar Deus,
Maria, os santos, a
cruz e as imagens
sacras. Conforme os
ensinamentos
divulgados pela
Igreja, o ritual
prescrito pela Santa
Sé começa com a
aspersão de água
benta sobre o
possuído, seguida de
orações de leitura
de textos bíblicos.
Em seguida, o
exorcista põe as
mãos sobre a pessoa
e invoca o Espírito
Santo para que o
demônio saia do
corpo. A cerimônia é
encerrada com a
apresentação da
cruz, símbolo do
poder de Cristo
sobre o diabo. O
cânone dominicano
Walker, de Brighton,
que coordena o Grupo
de Estudos do
Exorcismo Cristão,
afirma:
"Normalmente, tudo
que é preciso são
conselhos e rezas".
Anglicanos –
O demônio, segundo
os anglicanos, pode
ser combatido em
orações, hinos e
leituras da Bíblia,
mas não existe uma
cerimônia
específica. Os casos
de exorcismo são
muito raros. Quando
ocorrem, o possuído
é "tratado" num
grupo de orações,
que lhe recomenda
jejum, abstinência
sexual e adoração a
Deus. Não existe na
Igreja Anglicana um
ritual específico de
exorcismo; segundo a
doutrina anglicana o
demônio pode ser
combatido com
orações, hinos e
leitura da Bíblia.
Judeus -
A literatura
rabínica clássica
não prevê a
existência do
demônio, por isso a
religião não
reconhece rituais de
exorcismo. Nos
séculos XVI e XVII,
surgiu a figura do
dibuk,
Espírito perverso
que podia ser
expulso em ritos de
oração. Para a
maioria dos judeus,
porém, isso é
considerado apenas
folclore.
Evangélicos
pentecostais e
neopentecostais -
Todos os males,
dizem eles, são
causados pelo
demônio. Há tipos de
possessão que
estragam a vida
amorosa, provocam
miséria, perturbam a
família. Nos cultos,
os endemoninhados
são conduzidos ao
altar. O pastor
grita com Satanás e
exige que abandone o
corpo em nome de
Jesus.
A
fórmula
utilizada pelas
outras
igrejas evangélicas
é simples e, segundo
eles, eficiente,
baseando-se na
utilização de "O
nome de Jesus".
A pessoa que
apresenta sintomas
de possessão ou
infestação por
demônios
ou
Espíritos
imundos fica
imediatamente
libertada após a
imposição de mãos
e declaração
verbal
por parte do pastor
ou autoridade
equivalente na
igreja, para que as
entidades estranhas
à pessoa se retirem.
O que
diz o Espiritismo
O exorcismo parte da
idéia de que existem
demônios, mas os
demônios não
existem. Esses a
quem a Igreja chama
demônios são
Espíritos inferiores
e que chegam às
vezes a praticar
muito mal, mas são
seres perfectíveis
que podem ser
demovidos de seus
intentos negativos
por força da
persuasão e da
prece.
Satanás ou o diabo –
que segundo a crença
popular seria o
chefe dos demônios –
é, na realidade, um
ser alegórico que
resume em si todas
as paixões más dos
Espíritos
imperfeitos. Seus
chifres e a cauda
são o emblema da
bestialidade, da
brutalidade e das
paixões animais.
Nas obsessões e na
possessão, a causa é
externa e tem-se
necessidade de
libertar o doente de
um inimigo
invisível, não por
meio de remédios,
mas por uma força
moral superior à
dele. Ambos, aquele
que perturba e o
indivíduo perturbado
pelo processo
obsessivo, precisam
de amparo e, por
isso, o objetivo da
desobsessão é
atender os dois,
para que se
reconciliem e voltem
a ter uma
convivência
pacífica, como
filhos de Deus que
são. Os passes
magnéticos, a
doutrinação e os
esforços do
obsidiado por se
modificar moralmente
são os recursos
espíritas, conforme
Kardec preceitua em
suas obras,
sobretudo em O
Evangelho segundo
Espiritismo,
cap. 28, itens 81 a
84.
Sobre o assunto
escreveu o
Codificador do
Espiritismo:
“A cura das
obsessões graves
requer muita
paciência,
perseverança e
devotamento. Exige
também tato e
habilidade, a fim de
encaminhar para o
bem Espíritos muitas
vezes perversos,
endurecidos e
astuciosos,
porquanto há-os
rebeldes ao extremo.
Na maioria dos
casos, temos de nos
guiar pelas
circunstâncias.
Qualquer que seja,
porém, o caráter do
Espírito, nada se
obtém, é isto um
fato incontestável,
pelo constrangimento
ou pela ameaça.
Toda influência
reside no ascendente
moral. Outra verdade
igualmente
comprovada pela
experiência tanto
quanto pela lógica,
é a completa
ineficácia dos
exorcismos,
fórmulas, palavras
sacramentais,
amuletos, talismãs,
práticas exteriores,
ou quaisquer sinais
materiais.
A obsessão muito
prolongada pode
ocasionar desordens
patológicas e
reclama, por vezes,
tratamento
simultâneo ou
consecutivo, quer
magnético, quer
médico, para
restabelecer a saúde
do organismo.
Destruída a causa,
resta combater os
efeitos.” (Obra
citada, cap. 28,
item 84,
“Observação”.)