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Entrevista
Ano 1 - N° 16 - 1º de Agosto de 2007
FERNANDA BORGES
fernanda@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 
Orson Peter Carrara:

 

“O Espiritismo é religião, mas foge ao sentido místico e ritualístico imposto pelas

religiões tradicionais”
 

Nascido em família espírita, Orson Peter Carrara (foto) não poupa o uso de belas palavras para falar sobre a Doutrina Espírita. Morador do interior paulista, na cidade de Matão (SP), Orson é autor de dois livros além de numerosos artigos que retratam sua cativante sintonia com os conhecimentos espíritas. Em um de seus artigos, onde o tema abordado é o “Sesquicentenário do Livro dos Espíritos”, ele acentua a importância da obra que deu início à Doutrina Espírita, com a certeza de que fala por muitos adeptos da doutrina. Segundo ele, o livro significa “um valoroso e abençoado roteiro de vida (...). Autêntica luz a nortear os caminhos, propiciadora de entusiasmo, alegria, gratidão, estímulos e imensas perspectivas que se tornam reais e realizadores com o amadurecimento natural que vamos adquirindo”.


Ainda criança, Orson vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, de Mineiros do Tietê (SP), onde aprendeu os fundamentos do Espiritismo. A entidade, fundada em 1923, mantém hoje, uma intensa programação para estudo e divulgação da doutrina. Ali, ocupou a presidência do Centro por duas vezes, adquirindo muita experiência e entusiasmando-se ainda mais pelo estudo e pela divulgação das obras de Kardec.

Atualmente, além de escrever e divulgar a Doutrina de Kardec num site pessoal (www.orsonpcarrara.rg3.net), tem publicado artigos em diversos jornais e revistas do país, como O Consolador, de que participa como articulista desde o número de estréia, à qual concedeu a seguinte entrevista:

O Consolador: Em que cidade você nasceu?

Orson: Nasci em Mineiros do Tietê (SP), aos 10 de março de 1960, numa família espírita.

O Consolador: Onde reside atualmente?

Orson: Em Matão (SP). Morei na cidade natal até os 40 anos. Casei-me em 1982 com Aparecida Neuza Marana Carrara, de cuja união nasceram os filhos Cíntia (1985) e os gêmeos Cássio e Alexandre (1988). Trabalhava no Banco do Brasil, onde me sentia um "peixe fora d´água". Mudei-me para Matão no ano de 2000, para atuar profissionalmente como Assessor de Imprensa na Casa Editora O Clarim, onde permaneci até março de 2006. Mudei-me para Catanduva em abril daquele ano para atuar profissionalmente na CANDEIA (conhecida distribuidora de livros espíritas), mas retornei para Matão em janeiro de 2007. No momento atuo profissionalmente como Assessor Editorial, à distância, trabalhando em casa.

O Consolador: Qual a sua formação?

Orson: Minha formação é superior incompleto. Não cheguei a concluir a faculdade.

O Consolador: Que cargos e funções você já exerceu no movimento espírita?

Orson: Por várias vezes, cargos de gestão em instituição espírita de Mineiros do Tietê e em órgãos de unificação espírita na região de Jaú (SP).

O Consolador: Que cargo exerce neste momento?

Orson: Há mais de vinte anos atuo na imprensa, como articulista, e como palestrante. Também participo como coordenador de reuniões de estudos numa instituição espírita de Matão, além de organizar jornadas com palestrantes para diversas casas da região central do Estado de São Paulo.

O Consolador: Já que você nasceu em família espírita, houve algum fato ou circunstância especial em sua vida que tenha fortalecido seu vínculo com o Espiritismo?

Orson: Não. Nasci em família espírita e meu avô também era espírita. Assim, desde a infância estive vinculado ao Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos, de Mineiros do Tietê, a quem devo minha formação doutrinária e entusiasmo com a divulgação espírita.

O Consolador: Dos três aspectos do Espiritismo – científico, filosófico e religioso – qual é o que mais o atrai?

Orson: Os três exercem grande fascínio sobre minha aspiração intelecto-moral. Como as três áreas estão entrelaçadas entre si, estou sempre envolvido em reflexões e pesquisas nas três áreas. Considero a vida um autêntico espetáculo de oportunidades, perspectivas e alegrias e isso me leva a sempre pensar em ciência, em filosofia e religião, quase que simultaneamente.

O Consolador: Que autores espíritas mais lhe agradam?

Orson: Após a lucidez de Kardec, coloco Léon Denis e Yvonne A. Pereira entre os que mais me atraem. São obras que estou sempre buscando.

O Consolador: Dos livros espíritas que você já leu, quais você considera de leitura indispensável aos iniciantes?

Orson: Não há dúvidas que os livros da Codificação Espírita, e não só para ler, mas para estudar e conhecer mesmo.

O Consolador: Se você fosse passar alguns anos num lugar remoto, com acesso restrito às atividades e trabalhos espíritas, que livros pertinentes à Doutrina Espírita você levaria?

Orson: Pergunta interessante esta. A mim nunca a fizeram. Mas eu levaria todos os livros de Kardec e também os de Yvonne Pereira. E levaria também os extraordinários “Sob as areias do tempo” e “O passado vive em nós” (psicografados pela médium Grace Khawali), pois estas duas obras contêm material para reflexões demoradas e constantes.

O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você, o Espiritismo é uma religião?

Orson: Sim, o Espiritismo é religião, mas foge ao sentido místico e ritualístico imposto pelas religiões tradicionais. A palavra religião ficou desgastada pelo tempo e a Doutrina Espírita vem resgatá-la com princípios lógicos, científicos e filosóficos, que lhe devolvem o sentido de ligação com a Divindade. O Espiritismo nos ensina a viver, nos ensina a pensar.

O Consolador: Outro tema que suscita geralmente debates acalorados, diz respeito à obra publicada na França por J. B. Roustaing. Qual é sua apreciação dessa obra?

Orson: Não a li, nem me interesso por ler. Devido à gama de atividades e pesquisas proporcionadas pelo estudo do Espiritismo, inesgotáveis em Kardec e seus desdobramentos, adotei o critério pessoal de não me ocupar com assuntos polêmicos e sem consenso. Uma característica marcante da revelação espírita é o consenso universal e por isso, quando não há consenso sobre um assunto, não perco tempo com ele. 

“Perdemo-nos ainda nos prejuízos da
dominação, da tentativa de imposição
de idéias, na intolerância”
 

O Consolador: O terceiro assunto em que a prática espírita às vezes diverge está relacionado com os chamados passes padronizados, propostos na obra de Edgard Armond. Embora saibamos que no Paraná a opção já definida pela Federação seja tão-somente a imposição das mãos tal como a recomenda J. Herculano Pires, qual é sua opinião a respeito?

Orson: Também penso e defendo a idéia da imposição das mãos para transmissão de passes. Todavia, respeito posições diferentes. Penso que a preocupação com a padronização, porém, descaracteriza a simplicidade do passe.

O Consolador: Como você vê a discussão em torno do aborto? No seu modo de ver as coisas, os espíritas deveriam ser mais ousados na defesa da vida, como tem feito a Igreja?

Orson: Não se trata de ousadia, mas de postura. Penso que nós, os espíritas, estamos trabalhando em favor da vida. Nossa posição é clara, conhecida e divulgada. Penso que isso já é suficiente.

O Consolador: A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Angelis, já se posicionaram sobre esse tema. Surgiu, no entanto, ultimamente a idéia da ortotanásia, defendida até mesmo por médicos espíritas. Qual é sua opinião a respeito?

Orson: Penso que o assunto merece mais acuradas reflexões. Considerando o bom senso que caracteriza o pensamento espírita, devemos maturar ainda mais a questão, antes de defendermos posições definitivas.

O Consolador: O movimento espírita em nosso país lhe agrada ou falta algo nele que favoreça uma melhor divulgação da Doutrina?

Orson: Penso que precisamos pensar mais na “causa espírita”, além da dedicação à “casa”, que também é importante como núcleo agregador. Não podemos desprezar a causa coletiva que nos irmana. E isso pede pensar em termos coletivos, o que na prática significa a promoção de constante interação entre os diversos núcleos, mas também a preocupação com o repasse de informações que nos são ou foram úteis e podem beneficiar outros grupos. Isso é solidariedade! Quando bloqueamos a informação, estamos obstruindo os canais da comunicação. Existem trabalhos notáveis no Brasil e que são desconhecidos. Quem os viu ou os conhece não divulga. Isso é lamentável. Temos o dever de divulgar as iniciativas que promovam o bem-estar e o crescimento das criaturas.

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o país e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

Orson: A criminalidade e a violência refletem o estado interior das criaturas. Temos notado em nossas andanças que há muita solidão, muita carência afetiva. O mais essencial agora, além do conhecimento e da divulgação teórica do Espiritismo, é também sermos fraternos uns com os outros, aproximarmo-nos das pessoas, estendermos-lhes nossas mãos e nossa atenção. Mesmo dentro das instituições espíritas ainda há muito distanciamento das verdadeiras necessidades humanas. Temos que pensar nisso. Noto que muitos se entregam à violência pela ausência de alguém que lhes dê atenção, simplesmente...

O Consolador: A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra “amor” estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais?

Orson: Não há como precisar datas, pois isso depende de atitude coletiva. Cremos, no entanto, que já amadurecemos bastante e vivemos a melhor época da história, graças às oportunidades que estão em nossas mãos. Contagiarmo-nos uns aos outros pelo entusiasmo, pelo bem, pela atenção, pela fraternidade, é o caminho que vai proporcionar essa tão esperada conquista. Mas isso é uma construção diária, de cada um. Não será um passe de mágica.

O Consolador: Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil e no mundo?

Orson: Falar ao coração. Conquistar pelo sentimento. A cultura, a divulgação teórica só alcançará resultados práticos se abrirmos o coração. Note o que fizeram os grandes líderes que alteraram a história. De que adianta a cultura sem amor? De que valem títulos sem fraternidade, prevalecendo o egoísmo, a intolerância? Falar com o coração, alcançar o sentimento alheio, eis o segredo. Observe-se que a violência é fruto, entre outras causas, da indiferença individual ou coletiva. O oposto, ou seja, a atenção, trará os resultados que desejamos. Permita-me, para concluir, usar um pensamento de D. Helder Câmara: “Diante do colar – belo como um sonho – admirei, sobretudo, o fio que unia as pedras e se imolava anônimo para que todos fossem um...”.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita