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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 15 - 25 de Julho de 2007

RENATO COSTA
rsncosta@terra.com.br

Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

Reflexões sobre o conceito de ressurreição

 

Segundo o conhecimento atual, os processos de decomposição dos corpos, no mais das vezes, acabam por devolver à natureza os elementos que os constituíam, na condição de matéria inorgânica. Esta, por sua vez, por obra dos mecanismos naturais, acaba sendo absorvida pelas plantas e estas pelos animais, inclusive pelo homem. Desse modo, a matéria inorgânica que, em uma ocasião, havia sido usada para fornecer um corpo a um determinado ser vivo estará sendo, no decurso de maior ou menor tempo, reaproveitada pela mãe natureza, na formação dos corpos de uma infinidade de outros seres.

Para aqueles que acreditam que ressuscitarão no mesmo corpo físico que animaram, fazemos, então, as perguntas: “Se todas as almas dos homens, no dia do julgamento final, recuperassem os seus corpos, qual delas ficaria com aquelas partes constitutivas que tivessem pertencido a uma infinidade delas e a seres de outras espécies quando vivos?” “Será que algum de nós, pelo menos um, teria a sorte de nenhum elemento constitutivo de seu corpo ter sido, em milhões e milhões de anos, reutilizado em outros corpos?” A lógica e o bom senso nos asseguram que não.

Para quem ainda tem dúvida, recomendamos a leitura das Questões 1010 e 1011 de O Livro dos Espíritos.

Examinemos, agora, as duas passagens bíblicas mais conhecidas sobre ressurreição, quais sejam, as alegadas ressurreições de Lázaro e de Jesus, para vermos se elas se prestam a provar que o Espírito pode voltar ao mesmo corpo após o evento a que chamamos de morte. Com relação à de Lázaro, destacamos as seguintes passagens no evangelho de João, no capítulo 11, entre os versículos 1 e 44:
 

4 A essas palavras, disse-lhes Jesus: "Esta enfermidade não causará morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus.”; ...............11 Depois dessas palavras, ele acrescentou: "Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo.” ........ 14 Então Jesus lhes declarou abertamente: "Lázaro morreu”.
 

Chama atenção a aparente contradição entre o versículo 14 e os anteriores. O que teria levado Jesus a afirmar Lázaro morto, uma vez chegado ao local, se antes ele tinha sido incisivo ao afirmar que Lázaro tinha uma enfermidade que não lhe causaria a morte?


Um ataque
cataléptico pode durar de poucos minutos a alguns dias e é um distúrbio que impede a pessoa de se movimentar, apesar de continuarem funcionando seus sentidos e funções vitais, que ficam só desacelerados. Foi provavelmente isso que Lázaro teve, mas a humanidade teria de esperar mais 2.000 anos para saber o que acontecia nesses momentos e parar de enterrar os pobres doentes ainda vivos.


Jesus, no primeiro momento, afirmou que Lázaro apenas dormia, sendo, pois, evidente que sabia que Lázaro não estava morto. No entanto, que poderia ele dizer? Poderia o Mestre adiantar de 2.000 anos um conhecimento científico? Assim, apesar de saber que a doença de Lázaro não o levaria à morte, Jesus disse o que o povo podia entender. Não disse que Lázaro estava tendo um ataque cataléptico porque ninguém entenderia absolutamente nada do que estivesse dizendo.


Se caísse um raio na época sobre uma pessoa e dissessem que a pessoa tinha sido castigada por Deus, o que o amável leitor teria dito se pudesse estar lá com o conhecimento de hoje? “Não, não foi um castigo de Deus, mas o fato de estar a atmosfera altamente ionizada, o de a pessoa estar usando um sapato de sola de couro, o de não haver pontos altos na redondeza, etc.”. Olhariam para o amigo e o taxariam de louco. O melhor que um de nós teria a fazer era concordar com eles e, depois, com habilidade e paciência, ensinar como eles deveriam proceder em ocasião de temporal.


Como acabamos de ver, aquilo que é conhecido como a ressurreição de Lázaro nada teve a ver com ressurreição e sim com o retorno de um estado cataléptico do qual o Mestre tinha conhecimento que não podia compartilhar. E o que dizer da alegada ressurreição do Mestre? Dizem as escrituras que Maria de Magdala o encontrou a sós. Há no relato de João sobre esse primeiro encontro um fato importante para entendermos como Jesus estava então.
 

Jo 20.11 Maria, porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro, 12 e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu-lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. 14 Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus. 15 Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. 16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! - que quer dizer, Mestre. 17 Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.

Por que razão Jesus teria impedido Maria de o tocar? Sabemos, dos estudos feitos com os grandes médiuns de efeitos físicos, como Elizabeth d´Espérance, o mal que faz à saúde deles quando alguém toca em uma forma materializada com uso do ectoplasma de seu corpo. Não estaria no relato de João uma indicação de que Maria de Magdala estaria cedendo, sozinha, o ectoplasma necessário para que ela visse o perispírito de Jesus com seus olhos físicos, a tal ponto lhe parecendo material que ela quis tocá-lo? Nas aparições posteriores, por outro lado, Jesus foi visto por grupos de discípulos e não por um único. Assim, nos outros encontros com os discípulos, eram vários os médiuns cedendo o ectoplasma, o que fazia com que nenhum deles corresse risco maior de saúde se tocassem na forma ectoplasmática que tornava visível o perispírito de Jesus. É por isso que Jesus pode dizer a Tomé que o tocasse. Uma interpretação tão perfeita dos acontecimentos somente o espiritismo oferece ao passo que se apelarmos para o conceito de ressurreição, a ordem de Jesus a Maria para que não o tocasse fica sem explicação lógica.

Examinadas as duas passagens bíblicas que falam de ressurreição, vejamos como Paulo, o Apóstolo dos Gentios, dedica parte da sua Primeira Epístola aos Coríntios a explicar como seria a Ressurreição dos Mortos:

35 Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? E, com que corpo vêm? Insensato! O que semeias não recobra vida, sem antes morrer. 37 E, quando semeias, não semeias o corpo da planta, que há de nascer, mas o simples grão, como, por exemplo, de trigo ou de alguma outra planta. 38 Deus, porém, lhe dá o corpo como lhe apraz, e a cada uma das sementes o corpo da planta que lhe é própria. ... 42 Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível; 43  ... semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual”

Se por um lado, como vemos, Paulo é absolutamente claro em seus ensinamentos, descartando com veemência a hipótese de a ressurreição se dar no mesmo corpo físico, por outro, podemos ser levados a crer que o Apóstolo sustenta a hipótese de haver uma única vida para cada um de nós e que a de que a ressurreição se dá uma única vez, no fim dos tempos. Adiantemos um pouco a leitura da Epístola citada para ver se é isso mesmo que ele quis dizer.

51 Eis que vos revelo um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta... Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. ...”

Percebe-se, pela última frase, que Paulo se incluía e àqueles a quem se dirigia no rol dos que não estariam mortos no dia em que a última trombeta soasse, pois ele diz “nós seremos transformados” (o grifo é nosso). Das duas uma: ou Paulo esperava o soar da última trombeta para enquanto ele e aqueles para quem escrevia estivessem vivos, o que nos parece de uma ingenuidade incompatível com a sabedoria do apóstolo, ou ele estava incluindo a si e aos seus interlocutores, todos seguidores de Jesus, entre aqueles que, já estando avançados no caminho certo, não precisariam mais despertar. No entanto, Paulo também afirma que mesmo os mortos ressuscitariam no último dia, em seu corpo incorruptível. O que entendiam Paulo e seus conterrâneos, afinal, como ressurreição dos mortos?

Não há espaço neste artigo para citarmos as diversas evidências bíblicas sobre a crença na reencarnação entre os judeus. O leitor interessado encontrará material abundante sobre o assunto nos livros apresentados na Bibliografia e ao longo de toda a Codificação, em particular no Capítulo IV de O Evangelho segundo O Espiritismo.

O que é certo é que, uma vez aceita a Reencarnação, os ensinamentos de Paulo ficam claros. Somente atingiremos a perfeição, após termos reencarnado tantas vezes quanto necessário para aprendermos tudo o que requer o máximo estágio evolutivo. E quando tal ocorrer, não precisaremos mais encarnar em mundo algum. E o que ocorrerá, então, com o nosso perispírito?

LE Q. 94: De onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial?

“Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”

Sendo nosso perispírito formado do fluido universal do mundo onde precisamos encarnar, é evidente que o Espírito que não mais precisa encarnar em mundo algum possui um perispírito tênue, sutil, despojado de fluidos grosseiros. Será, então, o corpo espiritual, incorruptível, de que fala Paulo.

E a boa notícia é que todos chegaremos a esse estágio, sendo isso o que o Apóstolo dos Gentios afirma ao dizer que “todos seremos transformados” (o grifo é nosso). O que, mais uma vez, está em plena concordância com aquilo que nos ensina a Codificação.

Os argumentos a favor da reencarnação são fartos e bem documentados por autores de várias crenças e das varias parte do mundo, não cabendo neste artigo um longo argumento a favor. No entanto, para finalizar, vamos fazer uma breve analogia que nos parece bastante esclarecedora.

Para termos uma pálida idéia das leis divinas nada melhor que analisarmos as instituições humanas, apesar de sua imperfeição. Como sabemos, nossas escolas permitem que o aluno repita o ano caso seu aproveitamento seja insuficiente. Mesmo sendo o aluno reprovado na repetência, a escola não o impede de matricular-se em outra para repetir uma terceira vez. Qualquer criança, mesmo que tenha para isso que mudar freqüentemente de escola, pode repetir a mesma série tantas vezes quanto necessário até lograr passar para a seguinte. Até adultos, idosos inclusive, podem voltar aos bancos da escola para aprender a ler. Não é assim?


Se as instituições humanas, por mais imperfeitas que sejam, toleram os erros e as deficiências dos alunos e dão a eles incontáveis oportunidades de repetir a mesma série até serem aprovados, como aceitar a absurda hipótese segundo a qual Deus dá somente uma chance a cada ser humano para acertar e ir para o céu ou errar e ir para o inferno? Não, Deus também nos dá intermináveis chances e nos descortina a eternidade para que aprendamos a lição! É isso que a razão e o bom senso nos fazem concluir.  

Bibliografia:

Aleixo, Sérgio Fernandes. Reencarnação: Lei da Bíblia, Lei do Evangelho, lei de Deus. Rio de Janeiro: Lachâtre, 1999.

d´Espérance, Elizabeth. No País das Sombras. Rio de Janeiro: FEB, ...

Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. 76 Ed. Rio de Janeiro: FEB,1995.

_____, ____. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 Ed. Rio de Janeiro: FEB,1996.

Miranda, Hermínio C. Reencarnação na Bíblia. São Paulo: Pensamento, 1999.

Neto, Paulo. A Bíblia à Moda da Casa. São Paulo: Rede Visão, 2002.

Vanrell, Prof. Dr. Jorge Paulete. Mecanismo da Morte. Obtido em 02 de julho de 2004 de http://www.pericias-forenses.com.br/mecamorte.htm


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita