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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo
Ano 1 - N° 14 - 18 de Julho de 2007

 
Tempo perdido

Certo homem era marceneiro de profissão e possuía extraordinária facilidade para trabalhar com madeira. Era um verdadeiro mestre em seu ofício e todos admiravam seus trabalhos.
Esse homem tinha um sonho.
Desejava esculpir na madeira uma imagem de Jesus, a quem ele amava profundamente, em tamanho natural.
Conversando com um amigo, o marceneiro falou do sonho que acalentava em seu íntimo e o companheiro o incentivou:
— Então por que você não começa? Com seu talento e habilidade nas mãos, tenho certeza que a escultura será uma obra prima!
Ao que o marceneiro respondeu:
— Ah! Meu amigo! Desejo não me falta. Contudo,

 o trabalho deverá ser perfeito e ainda não resolvi qual a madeira que irei utilizar.
Sempre em dúvida, o artesão deixava o tempo passar. Uma madeira porque era muito rija; a outra porque não era resistente o suficiente; outra era macia e de fácil manejo, porém a tonalidade não o agradava.

E assim o tempo foi passando e o marceneiro não se dava conta.
Alguns anos depois reencontrou o amigo que tinha retornado à cidade e, curioso, perguntou sobre a obra.
— Já resolvi o tipo de madeira que irei trabalhar. Entretanto, ainda não iniciei porque não estou nas minhas melhores condições íntimas. Creio que para esculpir a figura do Mestre preciso estar bem comigo mesmo e com o mundo. Sabe como é, os fregueses exigem muito da minha atenção e, não raro me irrito, perdendo a paciência. Além disso, não podendo dispensar o serviço da marcenaria, onde ganho o sustento para minha família, só posso dedicar-me ao sonho acalentado pela minha alma nos momentos de folga. E aí, grande parte das vezes, eu sinto-me exausto e sonolento. Contudo — completava tentando aparentar entusiasmo —, pretendo começar minha obra prima dentro em breve.
Algum tempo depois, voltaram a se encontrar e, questionado pelo amigo que demonstrava interesse pelo assunto, o artesão argumentava:
— Infelizmente, ainda não iniciei o trabalho porque as condições não permitem. A família exige muito da minha atenção e os filhos requisitam meus carinhos. Você compreende, ainda são pequenos e dependentes. Porém, quando que eles crescerem um pouco mais, poderei trabalhar em paz.
E assim o tempo foi passando. Muitos anos depois, em visita à cidade, o amigo foi procurar o marceneiro. Encontrou-o velho e doente.
Após os cumprimentos e a troca de notícias, felizes com o reencontro, o visitante interrogou, curioso:
— E daí? Estou ansioso para ver o trabalho que você tanto desejava executar. Com certeza deve ter ficado soberbo!
Os olhos do artesão se apagaram e uma tristeza infinita vibrou em sua voz já trêmula pela idade:
— Ah, meu amigo! Infelizmente, nem cheguei a iniciar o trabalho que representava o sonho de toda uma vida. As dificuldades foram muito grandes e a necessidade de prover o sustento da família me absorveu. Agora, encontro-me doente e sem forças. A vista está fraca e já não enxergo mais como antes, e as mãos, trêmulas, não me permitem mais trabalhar.
Penalizado, o visitante amigo viu-o puxar um lenço e enxugar uma lágrima, cheio de arrependimento e amargura.
— É tarde, meu amigo. Tive todas as condições e não soube aproveitar. Perdi a oportunidade que o Senhor me concedeu.
Tentando animá-lo, o visitante considerou:
— Quem sabe? Não desanime. Talvez ainda seja possível.
O marceneiro fitou o amigo, demonstrando que compreendia toda a extensão da sua inutilidade e da sua cegueira, e respondeu convicto:
— Não agora; só se for em outra existência!

                                                                            Tia Célia

 

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita