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Entrevista
Ano 1 - N° 14 - 18 de Julho de 2007
FERNANDA BORGES
fernanda@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


Elsa Rossi:
“Para mim, a Doutrina Espírita é um grande canteiro que tem sementes sob toda a terra que o jardineiro, amoroso,
faz o trabalho de regar”
 

 

A milhares de quilômetros de sua terra natal, a paranaense Elsa Rossi fala do Espiritismo como se estivesse cantarolando uma bela canção, recheada de notas escritas com muito amor e carinho. Diretora do Departamento de Unificação para os Países da Europa, da Coordenadoria Europa do Conselho Espírita Internacional, Elsa, que hoje vive em Londres trabalhando na divulgação da Doutrina Espírita, conta à revista O Consolador um pouco de sua vida, seu envolvimento com o Espiritismo,  além de  registrar  aqui  sua visão

 com relação a algumas obras e assuntos relacionados à Doutrina codificada por Allan Kardec.

Por meio de palavras que nos revelam uma história de amor e dedicação, Elsa reforça, a todo momento, a importância do Espiritismo em sua vida. Como destacamos no título da matéria, para ela “a Doutrina Espírita é um grande canteiro que tem sementes sob toda a terra que o jardineiro, amoroso, faz o trabalho de regar”. Ela acredita que somos jardineiros do Senhor Jesus, o grande semeador de luz. “O nosso exemplo de vida cotidiano é que mostra quanto espíritas somos, o que fazemos para diminuir as nossas inclinações ou tendências. A nossa Doutrina de amor me dá o sustento nas minhas amizades”, salienta.

É com frases de carinho e otimismo como essas que Elsa Rossi nos concedeu uma entrevista exclusiva que marca o início de uma série de matérias que serão produzidas também com outros grandes nomes envolvidos na divulgação do Espiritismo.

O Consolador: Elsa, onde você nasceu?

Elsa:  Nasci em Ribeirão do Pinhal, no Paraná.

O Consolador: Em que cidade reside e por que se mudou para o atual domicílio?

Elsa: Moro em Londres, Inglaterra (UK). Mudei-me para a Inglaterra para trabalhar na divulgação da Doutrina Espírita.

O Consolador: Qual a sua formação?

Elsa: Fiz o curso superior em Belas Artes pela Faculdade Belas Artes de São Paulo, SP.

O Consolador: Que cargos ou funções você já exerceu no movimento espírita?

Elsa: Diretora do Departamento de Assistência Social Espírita da Federação Espírita do Paraná; presidente da Fundação Hildebrando de Araújo da Federação Espírita do Paraná; vice-diretora da Creche Josefina Rocha, também da Federação Espírita do Paraná.

O Consolador: Em que setor do movimento espírita você atualmente trabalha?

Elsa: Atuo na direção do Departamento de Unificação para os Países da Europa da Coordenadoria Europa do Conselho Espírita Internacional; Editora dos dois Boletins do Conselho Espírita Internacional, disponibilizados nos sites: www.spiritist.org e www.spiritismo.org. Atualmente no movimento espírita do Reino Unido, sou secretária da British Union of Spiritist Societies (BUSS).

O Consolador: Quando você teve o primeiro contato com o Espiritismo?

Elsa: O primeiro contato se deu aos 15 anos de idade, mas não aceitei a idéia. Depois, aos 24 anos, quando nasceu minha terceira filha, tive de aceitar a mediunidade de vidência, que explodiu, e eu não entendia o que acontecia, porque via e ouvia os mortos. Só então foi que aceitei ir para uma casa espírita, em Londrina e, com o senhor Rubens Denizard dos Santos, iniciei juntamente com meu esposo, Luis Rossi, já desencarnado, o estudo do livro “O Consolador”. Desde então, nunca mais parei de ir ao centro espírita.

O Consolador: Qual foi a reação de sua família diante de sua adesão à Doutrina Espírita?

Elsa: Meu esposo já era espírita, era eu que não aceitava. Mas isso se deu há 32 anos. A reação, portanto, foi ótima.

O Consolador: Dos três aspectos do Espiritismo – Científico, Filosófico e Religioso – qual é o que mais a atrai?

Elsa: Os três. Não tenho uma preferência exata e definida, mas pelo trabalho que fazemos aqui podemos notar que temos mais facilidade no meio nativo do país pela parte científica, filosófica.

O Consolador: Que autores espíritas mais lhe agradam?

Elsa: André Luiz, Emmanuel, Joanna de Ângelis, Yvonne do Amaral Pereira etc. Nossa! são tantos...

O Consolador: Que livros espíritas você considera de leitura indispensável aos confrades neófitos?

Elsa: “O Livro dos Espíritos”, sem sombra de dúvida, mais o “Nosso Lar”, “Há 2000 Anos”, “Renúncia”, “Paulo e Estêvão”. E por viver na Europa agora, a trilogia de Yvonne do Amaral Pereira: “O Cavaleiro de Numiers”, “O Drama da Bretanha” e “Nas Voragens do Pecado”, que são indispensáveis. Eles deveriam estar disponíveis em vários idiomas, assim como as obras da coleção “No Mundo Espiritual” de André Luiz.

O Consolador: Se você fosse passar alguns anos num lugar remoto, com acesso restrito às atividades e trabalhos espíritas, que livros pertinentes à Doutrina Espírita você levaria?

Elsa: “Pão Nosso”, “Caminho, Verdade e Vida”, “Fonte Viva”, “Vinha de Luz”, todos de Emmanuel, e as obras da codificação.

O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você, o Espiritismo é uma religião?

Elsa: No livro “O que é o Espiritismo”, Allan Kardec afirma no preâmbulo: “O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações”. “O Espiritismo sendo independente de toda forma de culto, não prescreve nenhum deles, e não se ocupa de dogmas particulares, não é uma religião especial, porque não tem nem seus sacerdotes e nem seus templos.” “Eis porque sem ser, em si mesmo, uma religião, ele leva essencialmente às idéias religiosas, as desenvolve naqueles que não as têm e as fortifica naqueles em que elas são hesitantes.”

O Consolador: Outro tema que suscita geralmente debates acalorados, diz respeito à obra publicada na França por J. B. Roustaing. Qual é sua apreciação dessa obra?

Elsa: Desconheço a obra, não a li.

O Consolador: O terceiro assunto em que a prática espírita às vezes diverge está relacionado com os chamados passes padronizados, propostos na obra de Edgard Armond. Embora saibamos que no Paraná a opção já definida pela Federação seja tão-somente a imposição das mãos tal como recomenda J. Herculano Pires, qual é sua opinião a respeito?

Elsa: Concordo com o nosso Paraná, que é o que utilizamos aqui, pela simplicidade e alcance do trabalho.

O Consolador: Como você vê a discussão em torno do aborto? No seu modo de ver as coisas, os espíritas deveriam ser mais ousados na defesa da vida como tem feito a Igreja?

Elsa: Vejo, por meio da mídia, que se faz algo no Brasil e recentemente soubemos do encontro realizado em torno do tema, com debates, onde esteve presente a doutora Marlene Nobre e outros.

O Consolador: A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Ângelis, já se posicionaram sobre esse tema. Surgiu, no entanto, ultimamente a idéia de ortotanásia, defendida até mesmo por médicos espíritas. Qual a sua opinião a respeito?

Elsa: Veja bem, não sou da área acadêmica e é um risco falar sobre algo que desconhecemos e de que só ouvimos falar. Mas penso, quando o Espírito precisa partir, é uma tristeza saber que as máquinas prendem-no no corpo, muitas vezes sendo observado por videntes esse desconforto do Espírito. Um corpo sem vida, suportado por máquinas, em doença terminal, cujo repouso esta sendo negado ao Espírito, requer mais consideração, estudos aprofundados e muita orientação pelo benfeitores. Um dia o meio laico entenderá isso também.  

“Na minha vida, a Doutrina Espírita está em primeiro lugar. Chegou-me de mansinho, com o nascimento de minha filha Giovana, isso há 32 anos”  

O Consolador: O movimento espírita em nosso país lhe agrada ou falta algo nele que favoreça uma melhor divulgação da Doutrina?

Elsa: Agrada-me muito o nosso movimento espírita no Brasil, mesmo porque é nele que tenho vindo buscar recursos energéticos e muitos aprendizados para poder dar conta da tarefa que nos cabe aqui fora. Contudo, eu diria que está existindo desperdício de tempo de alguns caros companheiros que ingenuamente entram em polêmicas desnecessárias. Costumo utilizar a frase já tão conhecida de todos: “O movimento espírita será o que dele fizermos, a Doutrina Espírita... ela é”! Portanto, concentrando-nos com sabedoria no Evangelho de Jesus aplicando-o em nossas vidas diárias, seja onde for e a hora que for, estaremos no caminho sempre certo e, com certeza, erraremos menos. Nosso caminho de cristãos é o Mestre, é Jesus.

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o mundo e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

Elsa: Começando pelo começo, tendo paz interior para poder refletir no que fazer de melhor e como agir em determinadas situações. Se não podemos mudar o mundo, em um momento, usemos nossos momentos para modificar o que está mais próximo de nós através de exemplos. Pelas nossas atitudes, podemos conquistar os adolescentes nas ruas, e na rua mesmo com ele conversar, levar uma camiseta “massa”, um boné “bacana”, depois convidar para ir à evangelização assistir a uma peça de teatro juvenil, depois biscoito, etc. Agora, se só criticarmos e não fizemos absolutamente nada, penso que nem devemos reclamar de nada mesmo.

O Consolador: A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra “amor” estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais?

Elsa: Penso que milênios ainda temos para nos libertarmos do mal que ainda está enraizado na humanidade, para que a palavra amor seja a norma de conduta de todos...

O Consolador: Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil e no mundo?

Elsa: A prioridade no Brasil é diferente dos demais países. Cada país tem a sua história cultural, passada de pai a filho. As guerras religiosas deixaram um rombo na crença em Deus, e, por isso, muitos têm ojeriza de falar em religião. Cada país, com sua cultura própria, tem uma realidade e uma necessidade diferentes. Com mais de nove anos vivendo aqui no Reino Unido, experienciando as mais diversas situações com amigos ingleses, somente agora que desperto para perceber que é mais fácil um inglês aceitar “O Livro dos Espíritos” do que  “O Evangelho segundo o Espiritismo”. Mas, depois de um certo tempo lendo “O Livro dos Espíritos”, pela sua coerência, ele aceita o Evangelho do mesmo autor, Allan Kardec. Isso para começar. Portanto, não dá para trazer o Movimento Espírita que se faz no Brasil para colocar dentro de outras culturas, sem ter de fazer um ajuste na forma, de modo a criar condições para que o terreno se fertilize.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita