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Estudando a série André Luiz
Ano 1 - N° 12 - 4 de Julho de 2007

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Nosso Lar
André Luiz

     (Parte 12 e final)     

Concluímos hoje a publicação do texto condensado do livro "Nosso Lar", de André Luiz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado pela editora da Federação Espírita Brasileira, o qual deu início à Série André Luiz. No final do texto, apresentamos um apêndice em que o leitor verá algumas notas biográficas sobre o autor espiritual da obra em foco.  

Questões preliminares

A. Por que a mãe de André decidiu reencarnar tão cedo?

R.: Ela resolveu reencarnar para ajudar Laerte, seu ex-esposo, que se transformara num cético de coração envenenado, mas não poderia persistir em semelhante posição, sob pena de mergulhar em abismos mais profundos. Depois de estudar o assunto, ela concluiu que, se não podia trazer o inferior para o superior, poderia fazer o contrário: Laerte seria de novo seu marido, e as entidades que o obsidiavam seriam suas filhas. (Nosso Lar, cap. 46, págs. 254 a 258.)

B. Que objetivo teve a visita de Ricardo à casa de Laura, sua ex-esposa?

R.: Ricardo, que àquela época se encontrava na fase de infância terrestre, veio falar aos seus familiares para informá-los dos planos que os aguardavam a todos, no retorno ao mundo corporal. Ele disse então que Laura iria ter com ele em breve, e que mais tarde todos eles também iriam. (Obra citada, cap. 48, págs. 264 a 269.)

C. Que é que André descobriu ao visitar seu lar terreno?

R.: André encontrou, em sua visita aos familiares, um lar inteiramente modificado. Os móveis estavam mudados, a filha mais nova já estava em idade casadoura, e sua esposa Zélia havia casado outra vez. O choque sofrido por ele foi muito forte, a ponto de ele próprio haver escrito: "Um corisco não me fulminaria com tamanha violência". (Obra citada, cap. 49, págs. 270 a 272.)

D. Qual foi sua conduta ante o sofrimento da ex-esposa?

R.: Vencidas as dificuldades iniciais, André procurou abstrair-se do que ouvia em seu lar, colocando acima de tudo o amor divino, e foi à luta, para auxiliar o restabelecimento do Dr. Ernesto, o novo marido de Zélia, então bastante enfermo. Seu auxílio, secundado por Narcisa, produziu em Ernesto extraordinária reação e Zélia, antes extremamente preocupada, ficou radiante. Vigorosos laços de inferioridade se haviam rompido dentro de André Luiz, para sempre. (Obra citada, cap. 50, págs. 276 a 280.)

Texto para leitura

88. A volta da mãe de André – Em setembro de 1940, sua mãe – que vez por outra o visitava – comunicou-lhe o propósito de voltar à Terra. André protestou. Não entendia por que sua mãe voltaria à carne agora, sem necessidade imediata. Ela lhe explicou então que Laerte, seu ex-esposo, transformara-se num cético de coração envenenado e que todos os esforços que ela fez para reerguê-lo haviam sido improfícuos. Ora, Laerte não poderia persistir em semelhante posição, sob pena de mergulhar em abismos mais profundos. E ela não podia ficar a distância. Depois de estudar detidamente o assunto, concluiu que, se ela não podia trazer o inferior para o superior, poderia fazer o contrário: Laerte seria de novo seu marido, e as entidades que o obsidiavam seriam suas filhas. Ele, por sinal, já havia sido encaminhado à reencarnação na semana anterior. Revelando o desejo de fugir das mulheres que ainda o subjugavam, essa disposição foi aproveitada para jungi-lo à nova situação. Se não fosse a Proteção Divina por intermédio de guardas espirituais, talvez as infelizes irmãs lhe subtraíssem a oportunidade da nova encarnação. André estranhou o fato e perguntou se somos simples joguetes em mãos inimigas. Sua mãe respondeu-lhe: "Essas interrogações, meu filho, devem pairar em nossos corações e em nossos lábios, antes de contrairmos qualquer débito, e antes de transformarmos irmãos em adversários para o caminho. Não tomes empréstimos à maldade..." (Cap. 46, pp. 254 a 258)

89. A volta de Laura – A mãe de Lísias também se preparava para retornar à Terra. Uma homenagem afetuosa lhe foi feita na noite em que o Departamento de Contas lhe entregou a notificação do tempo global de serviço na colônia. Numerosas famílias foram saudar a companheira prestes a regressar. A encarnação teria início daí a dois dias. Haviam terminado as aplicações do Serviço de Preparação, do Ministério do Esclarecimento, mas Laura estava triste e apreensiva. O Ministro Genésio a estimulou a não pensar em fracassos e a confiar na Providência Divina e nos amigos que ficariam à retaguarda. Laura expressou seus receios pelo esquecimento temporário em que todos se precipitam ao reencarnar. Ela entendia que na Terra nossa boa intenção é como luz bruxuleante num mar imenso de forças agressivas. Genésio pediu-lhe que repelisse tal pensamento. Não se pode dar tamanha importância às influências inferiores. Com as palavras do Ministro, Laura ficou mais confiante. Lísias acrescentou que ele e as irmãs não ficariam inativos em "Nosso Lar". O otimismo voltou, assim, a reinar na casa e todos lembraram que a volta à Terra é uma bendita oportunidade de recapitular e aprender, para o bem. (Cap. 47, pp. 259 a 263)

90. Visita de Ricardo – Convidado por Laura, André compareceu à reunião em que a família receberia a visita de Ricardo, pai de Lísias. Na sala de jantar, pouco mais de trinta pessoas se faziam presentes quando Clarêncio deu início aos trabalhos. A uma distância de quatro metros, mais ou menos, havia um globo cristalino de dois metros de altura, envolvido na parte inferior em longa série de fios que se ligavam a pequeno aparelho, idêntico aos nossos alto-falantes. Ricardo encontrava-se então na fase de infância terrestre e viria falar aos familiares naquela noite. O globo cristalino, constituído de material isolante, tinha a função de protegê-lo das emoções emitidas pelos familiares. Em dado momento Lísias foi chamado ao telefone por funcionários do Ministério da Comunicação: chegara o momento culminante. O relógio da parede marcava 0h40. Na Terra, os pais de Ricardo dormiam... Clarêncio pediu a todos homogeneidade de pensamentos e fusão de sentimentos; depois, orou. Lísias executou na cítara uma canção harmoniosa. Em seguida, a um sinal de Clarêncio, Judite, Iolanda e Lísias, com o auxílio do piano, da harpa e da cítara, tendo ao lado Teresa e Eloísa, cantaram uma melodia maravilhosa, composta por eles mesmos. Quando a música chegou ao fim, o globo se cobriu, interiormente, de substância leitoso-acinzentada, apresentando, em seguida, a figura simpática de um homem na idade madura. Era Ricardo. A emoção foi geral quando o visitante, dirigindo-se a Laura e aos filhos, pediu que repetissem a suave canção filial, que ele ouviu banhado em lágrimas. Depois, quando o esposo fazia sua saudação, Laura chorava discretamente e os filhos tinham os olhos marejados de pranto. Ricardo informou que Laura iria ter com ele em breve, e que mais tarde todos eles também iriam. A essa altura, o choro era geral. Quase à despedida, Ricardo deixou bem claro que não desejava dispor de facilidades na Terra. Finda a comunicação, sua imagem se desfez no globo e Clarêncio, com uma oração, encerrou a reunião. (Cap. 48, pp. 264 a 269).

91. A volta ao lar – No mesmo dia em que Laura partiu para reencarnar, André Luiz teve permissão para visitar, pela primeira vez, sua casa terrestre. Laura denotava extrema preocupação. André estava embriagado de alegria. Clarêncio abraçou-o e disse que ele teria uma semana livre. O coração de André batia descompassado à medida que se aproximava do grande portão de entrada. Em frente à casa, ostentava-se, garbosa, a palmeira que ele e Zélia plantaram no primeiro aniversário de casamento. A mudança dos móveis e a ausência do retrato de família, tudo o oprimia ansiosamente. Na sala de jantar, a filha mais nova já estava em idade casadoura. Ele viu, então, Zélia saindo de um quarto, acompanhado de um médico. André gritou sua alegria, mas as palavras não atingiam os ouvidos dos circunstantes. Abraçou-se à companheira, com o carinho de uma saudade imensa, mas Zélia parecia insensível àquele gesto de amor. Percebeu, então, que ela havia casado outra vez e que seu esposo atual, Dr. Ernesto, encontrava-se gravemente enfermo. "Um corisco não me fulminaria com tamanha violência", registrou André Luiz. (Cap. 49, pp. 270 a 272)

92. Difícil testemunho – André se assentou decepcionado e acabrunhado, vendo Zélia entrar no quarto e dele sair várias vezes, acariciando o enfermo com a ternura que lhe coubera noutros tempos, e, depois de algumas horas de amarga observação e meditação, voltou, cambaleante, à sala de jantar, onde encontrou as filhas conversando. A mais velha se casara e tinha um filhinho ao colo. Ela viera ter notícias do Dr. Ernesto, mas dizia que, naquele dia, tivera singulares saudades de seu pai. Não chegou a terminar. Lágrimas abundantes encheram seus olhos. Zélia a repreendeu bruscamente. A filha mais jovem também interveio: "Desde que a pobre mana começou a se interessar pelo maldito Espiritismo, vive com essas tolices na cachola. Onde já se viu tal disparate? Essa história dos mortos voltarem é o cúmulo dos absurdos". (Cap. 49, pp. 272 e 273)

93. Lágrimas amargas – André confortou a filha chorosa, murmurando palavras de coragem e consolo, que ela não registrou auditivamente, mas subjetivamente, sob a feição de pensamentos confortadores. Ele compreendia agora por que seus verdadeiros amigos haviam procrastinado tanto o seu retorno ao lar terreno. As decepções e angústias ali sucediam-se de tropel. Sua casa pareceu-lhe um patrimônio que os ladrões e os vermes haviam transformado. Nem haveres, nem títulos, nem afetos. Somente uma filha permanecia de sentinela ao seu velho e sincero amor. Nem os longos anos de sofrimento, nos primeiros dias de além-túmulo, lhe haviam proporcionado lágrimas tão amargas. (Cap. 49, pp. 273 e 274)

94. O lembrete de Clarêncio – No dia seguinte André estava ainda perplexo com aquela situação. De tarde, Clarêncio foi visitá-lo e percebeu o abatimento do pupilo. "Compreendo suas mágoas e rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho", disse-lhe o Ministro, que, abstendo-se de dar conselhos, lembrou apenas que a recomendação de Jesus para que amemos a Deus e ao próximo opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos. André passou a refletir com mais serenidade. Afinal de contas, por que condenar Zélia? Se fosse ele o viúvo na Terra, teria por acaso suportado a solidão? Dominado por novos sentimentos, sentia que a linfa do amor começava a brotar das feridas benéficas que a realidade lhe abrira no coração. (Cap. 49, pp. 274 e 275)

95. O amor vence o egoísmo – André lembrou-se dos conselhos de Laura e dos exemplos que sua mãe e tantos amigos em "Nosso Lar" lhe proporcionaram, como Veneranda, Narcisa e Hilda. Procurou abstrair-se do que ouvia em seu lar, colocando acima de tudo o amor divino, e foi à luta, para auxiliar o restabelecimento do Dr. Ernesto. Zélia e o novo esposo se amavam intensamente e ele não tinha o direito de interferir, a não ser para auxiliar. Sentia-se porém sem condições de afastar, sozinho, os Espíritos infelizes que se mantinham em estreita ligação com o enfermo. Estava muito abatido. Pediu então a ajuda de Narcisa: concentrou-se em fervorosa oração ao Pai e, nas vibrações da prece, dirigiu-se a Narcisa, encarecendo socorro. Passados vinte minutos, mais ou menos, alguém o tocou no ombro. Era Narcisa. Antes de tudo, ela aplicou passes de reconforto no doente, isolando-o das formas escuras, que se afastaram como por encanto. Depois manipulou certa substância com as emanações do eucalipto e da mangueira e, durante toda a noite, aplicaram o remédio ao enfermo, através da respiração comum e da absorção pelos poros. Ernesto melhorou sensivelmente. O médico que o assistia disse: "Verificou-se esta noite extraordinária reação! Verdadeiro milagre da Natureza!" Zélia estava radiante. E André reconheceu que vigorosos laços de inferioridade se haviam rompido dentro de si, para sempre. (Cap. 50, pp. 276 a 280)

96. Cidadão de "Nosso Lar" – André voltou a "Nosso Lar" em companhia de Narcisa, experimentando pela primeira vez a capacidade de volitação, fato que possibilitava ganhar grandes distâncias em poucos minutos. Narcisa esclareceu, então, que em "Nosso Lar" grande parte dos companheiros poderia dispensar o aeróbus e transportar-se, à vontade, nas áreas de seu domínio vibratório, mas, visto a maioria não ter adquirido essa faculdade, eles se abstinham de exercê-la nas vias públicas da colônia. Nos dias seguintes, ele passou a ir de "Nosso Lar" à sua casa na Crosta, e vice-versa, sem dificuldade de vulto, intensificando o tratamento de Ernesto, cujas melhoras se firmaram, francas e rápidas. Clarêncio o visitava diariamente, mostrando-se satisfeito com o seu trabalho. A alegria tornara aos cônjuges, que André passou a estimar como irmãos. Naqueles sete dias, ele aprendera preciosas lições práticas no culto vivo da compreensão e da fraternidade. Uma surpresa, porém, o aguardava. Quando retornou a "Nosso Lar", findos os sete dias da licença, mais de duzentos companheiros vieram ao seu encontro e todos o saudaram, generosos e acolhedores. Lísias, Lascínia, Narcisa, Silveira, Tobias, Salústio e numerosos companheiros das Câmaras ali estavam. Foi então que Clarêncio, surgido à frente de todos, estendeu-lhe a destra e informou: "Até hoje, André, você era meu pupilo na cidade; mas, doravante, em nome da Governadoria, declaro-o cidadão de `Nosso Lar’". André Luiz atirou-se aos braços paternais do venerável amigo e, chorando de gratidão e alegria, abraçou-o calorosamente. (Cap. 50, pp. 280 e 281)

Frases e apontamentos importantes

CLXIV. Só é verdadeiramente livre quem aprende a obedecer. (Lísias, cap. 45, pág. 249)

CLXV. Os Espíritos que amam, verdadeiramente, não se limitam a estender as mãos de longe. De que nos valeria toda a riqueza material, se não pudéssemos estendê-la aos entes amados? (Mãe de André Luiz, cap. 46, pág. 255)

CLXVI. Há reencarnações que funcionam como drásticos. Ainda que o doente não se sinta corajoso, existem amigos que o ajudam a sorver o remédio santo, embora muito amargo. Relativamente à liberdade irrestrita, a alma pode invocar esse direito somente quando compreenda o dever e o pratique. Quanto ao mais, é indispensável reconhecer que o devedor é escravo do compromisso assumido. Deus criou o livre-arbítrio, nós criamos a fatalidade. (Mãe de André Luiz, cap. 46, pág. 256)

CLXVII. Ninguém ajuda eficientemente, intensificando as forças contrárias, como não se pode apagar na Terra um incêndio com petróleo. É indispensável amar, André. Os que descrêem perdem o rumo verdadeiro, peregrinando pelo deserto; os que erram se desviam da estrada real, mergulhando no pântano. (Mãe de André Luiz, cap. 46, pág. 257)

CLXVIII. Precisamos confiar na Proteção Divina e em nós mesmos. O manancial da Providência é inesgotável. (...) O grande perigo, ainda e sempre, é a demora nas tentações complexas do egoísmo. (Genésio, cap. 47, pp. 260 e 261)

CLXIX. Toda luz que acendermos, de fato, na Terra, lá ficará para sempre, porque a ventania das paixões humanas jamais apagará uma só das luzes de Deus. (Genésio, cap. 47, pág. 262)

CLXX. Dentro do nosso mundo individual, cada idéia é como se fora uma entidade à parte... É necessário pensar nisso. Nutrindo os elementos do bem, progredirão eles para nossa felicidade, constituirão nossos exércitos de defesa; todavia, alimentar quaisquer elementos do mal é construir base segura para os nossos inimigos verdugos. (Genésio, cap. 47, pág. 262)

CLXXI. Nem todos os encarnados se agrilhoam ao solo da Terra. Como os pombos-correio que vivem, por vezes, longo tempo de serviço, entre duas regiões, Espíritos há que vivem por lá entre dois mundos. (Nicolas, cap. 48, pág. 265)

CLXXII. Nossa emotividade emite forças suscetíveis de perturbar. Aquela pequena câmara cristalina é constituída de material isolante. Nossas energias mentais não poderão atravessá-la. (Nicolas, cap. 48, pág. 265)

CLXXIII. Ricardo, pai de Lísias, exclamou, quase à despedida: "Ah! filhos meus, alguma coisa tenho a pedir-lhes do fundo de minhalma! roguem ao Senhor para que eu nunca disponha de facilidades na Terra, a fim de que a luz da gratidão e do entendimento permaneça viva em meu espírito!..." (André Luiz, cap. 48, pág. 269)

CLXXIV. A recomendação de Jesus para que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos. (Clarêncio, cap. 49, pág. 274)

CLXXV. Era preciso lutar contra o egoísmo feroz. Jesus conduzira-me a outras fontes. Não podia proceder como homem da Terra. Minha família não era, apenas, uma esposa e três filhos na Terra. (...) Dominado de novos pensamentos, senti que a linfa do verdadeiro amor começava a brotar das feridas benéficas que a realidade me abrira no coração. (André Luiz, cap. 49, pág. 275)

CLXXVI. Toda criatura, no testemunho, deve proceder como a abelha, acercando-se das flores da vida, que são as almas nobres, no campo das lembranças, extraindo de cada uma a substância dos bons exemplos, para adquirir o mel da sabedoria. (Laura, cap. 50, pág. 276)

CLXXVII. Nada existe de inútil na Casa de Nosso Pai. Em toda parte, se há quem necessite aprender, há quem ensine; e onde aparece a dificuldade, surge a Providência. O único desventurado, na obra divina, é o Espírito imprevidente, que se condenou às trevas da maldade. (Narcisa, cap. 50, pág. 279)

Apêndice

Notas biográficas sobre André Luiz

1. Não se sabe no meio espírita quem foi efetivamente André Luiz em sua última existência corpórea, exceto que foi médico e que desencarnou relativamente cedo, deixando esposa – Zélia – e três filhos: um rapaz e duas jovens. André Luiz é um mero pseudônimo.

2. Tudo leva a crer que é infundada a informação, corrente entre os espíritas, de que ele teria sido Osvaldo Cruz, médico e sanitarista brasileiro nascido em São Luís do Paraitinga (SP) em 1872 e falecido em Petrópolis (RJ) em 1917, aos 45 anos de idade.

3. Osvaldo Cruz, como se sabe, foi um ilustre médico que se notabilizou por sua dedicação à saúde pública, não havendo registros de que tenha também clinicado, salvo a partir de 1909, quando deixou a direção da Saúde Pública, oito anos antes de desencarnar.

4. Duas circunstâncias devem ter contribuído para a crença de serem ambos uma única pessoa. A primeira: Osvaldo Cruz foi um autor de sucesso, qualidade inegável revelada pelo Espírito que escreveu "Nosso Lar". A segunda: Existe uma incrível semelhança entre a fotografia de Osvaldo Cruz constante da enciclopédia Delta Larousse e o retrato de André Luiz feito por um médium e divulgado numa das edições do Anuário Espírita de Araras (SP).

5. Chico Xavier diz que desde fins de 1941 passou a ver ao lado de Emmanuel um "cavalheiro espiritual" que depois se revelou como André Luiz. Após algum tempo ele se familiarizou com o novo amigo, que participava de suas preces e lhe contava histórias interessantes, muitas delas relacionadas com o Segundo Império. Não se deve esquecer que Osvaldo Cruz contava 17 anos quando foi proclamada a República. Um jovem dessa idade não deve ter muito o que relatar com referência à era de D. Pedro II.

6. O mesmo pode ser dito com relação à informação veiculada numa obra de Carlos A. Baccelli de que André Luiz teria sido, em sua última encarnação, o cientista Carlos Chagas, assunto tratado no artigo "André Luiz: Cruz ou Chagas?", de Jáder Sampaio, que integra esta mesma edição.

7. Naquela oportunidade, Emmanuel explicou ao médium que André estava treinando para se desincumbir de uma tarefa importante, que teria início com o livro "Nosso Lar" em 1943, ano em que se concluiu a psicografia da obra. O prefácio, assinado por Emmanuel, é de 3 de outubro de 1943, embora a primeira edição tenha circulado somente em 1944.

8. André Luiz – esclarece Chico Xavier – não agiu sozinho na produção de seus livros. Certamente – informa o médium –, ele representava, ao escrevê-los, um círculo vasto de entidades superiores, porquanto por mais de uma vez Emmanuel e Bezerra de Menezes foram vistos por Chico associados ao autor de "Nosso Lar", fiscalizando e amparando o trabalho em curso.

9. Segundo palavras de André, ele não fora na última existência vinculado a qualquer denominação religiosa e seu objetivo na vida era a obtenção de uma situação estável e de tranqüilidade econômica, fato que, aliás, é típico da sociedade materialista em que vivemos. Sem o necessário autodomínio no trato com as pessoas e excedendo-se nas bebidas e na alimentação, foi isso que, acrescido de suas leviandades na área do comportamento sexual, o levou a desencarnar mais cedo.

10. Na vida espiritual descobriu que a mãe habitava esferas mais altas, enquanto o pai, Laerte, se encontrava no Umbral, onde também estavam as irmãs Priscila e Clara, tal como se dera com ele próprio. Apenas Luísa, desencarnada quando André era pequeno, e sua mãe reuniam condições de auxiliar os familiares.

11. O livro "Nosso Lar" surpreendeu o mundo espírita no Brasil e muitos combateram o médium com certo rigor, opondo-se às idéias contidas na obra, que consideravam absurdas. Depois de "Nosso Lar", publicado em 1944, surgiram mais de vinte obras assinadas por André Luiz, das quais as principais, aqui listadas segundo a ordem de publicação, são: "Os Mensageiros", "Missionários da Luz", "Obreiros da Vida Eterna", "No Mundo Maior", "Agenda Cristã", "Libertação", "Entre a Terra e o Céu", "Nos Domínios da Mediunidade", "Ação e Reação", "Evolução em Dois Mundos", "Mecanismos da Mediunidade", "Conduta Espírita", "Sexo e Destino", "Desobsessão", "E a Vida Continua...", "Sol nas Almas" e "Sinal Verde".

12. Nada melhor que o tempo para derrubar as falsidades e confirmar as verdades perenes. Pesquisa realizada pelas Organizações Candeia sobre os melhores livros espíritas publicados no século XX apontou "Nosso Lar" como o primeiro numa lista de dez. Os pesquisadores ouviram escritores, dirigentes e estudiosos espíritas brasileiros, incluindo os presidentes das Federativas que integram o Conselho Federativo Nacional. O médium Chico Xavier aparece sete vezes na lista e André Luiz, três vezes, ao lado de autores consagrados como Léon Denis, José Herculano Pires, Emmanuel e Camilo Castelo Branco. É preciso reconhecimento maior do que esse?



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 Revista Semanal de Divulgação Espírita