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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 1 - 18 de Abril de 2007

ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)

Obsessão de difícil reversão

– “Manoel Filho estava cada vez pior!” - era a avaliação da mãe, profundamente desanimada.

A gente não havia notado novos grandes desequilíbrios no rapaz. Apenas aquela ansiosa inquietação. Não conseguia ficar sentado mais que dois minutos. Levantava-se, começava a andar pelo salão, parava, saía para fumar (duas ou três tragadas), voltava, tornava a sentar-se, para, logo depois, começar tudo de novo.

Dava pra notar que era um pouco lento no falar e um pouco mais lento ainda no entender. Não era agressivo. Fora um menino normal. Muito amado pelos pais e pelos amigos dos pais, extremamente bem relacionados na cidade em que viviam.

Seu pai, materialista e ateu, um dia, emocionado, me confessou:

        Arthur, se vocês curarem meu filho, eu me torno espírita imediatamente!

Como desejei curar aquele rapaz! Não pela promessa do pai, por quem eu tinha verdadeira adoração! Infelizmente, a cura da obsessão não depende só da gente. Podemos ajudar, e ajudar muito, mas a cura não depende só de nós.

Nas crises, Manoel Filho via imagens fortíssimas ligadas ao sexo e à homossexualidade, e ouvia palavrões impublicáveis, sonorizando as imagens. Concomitantemente, sentia um calor insuportável, como se estivesse sendo queimado vivo! O que o obrigava a abrir a geladeira e quase entrar dentro dela, despejando sobre sua cabeça  litros e mais litros de água gelada, na ânsia de amenizar o sofrimento.

Eu não sabia dessas coisas. Soube-as pela mãe que, um  dia, deslocou-se de sua casa até a minha, em Juiz de Fora, para, juntos, orarmos pelo filho querido. Éramos seis pessoas reunidas na sala: a mãe e um tio do Manoel Filho; Elizabeth, minha mulher;  meu irmão Ali, Scheila, minha prima, e eu.

Interessante lembrar que Ali e Scheila não sabiam de nada. Sabiam que iríamos orar, como fizéramos tantas outras vezes, mas não sabiam para quem nem por quê!

Mal iniciamos a prece, Ali, bom médium vidente, descortinou a casa de Manoel Filho, localizando na biblioteca do Pai, o quartel-general do obsessor. E deu um recado: Anita, minha mãe, Espírito, disse que nos preparássemos que ela,  Abel Gomes e Scheila (o Espírito, não a minha prima, ali presente) iriam trazê-lo para conversar conosco! Eu discordei! Não, nós não poderíamos receber aquele espírito, ali, na minha sala de visitas. Scheila (a prima), a única médium presente estava começando o desenvolvimento da mediunidade. Não tinha passado pelo COEM, e, quando recebia, tanto apanhava o companheiro da direita, quanto o da esquerda, quanto o da frente!  Batia com as mãos, esmurrava a mesa, dava pontapés, um horror! Pensei nas  minhas louças, na mesa de vidro, nos enfeites, nos vasos... tudo iria para os ares! Não! Ali não! Noutro dia, noutro lugar, com outros médiuns, talvez...

Não teve jeito. Anita (Espírito) insistiu, dizendo que não tivéssemos medo, que tudo sairia a contento!

De repente, chega o Espírito... Espumava de ódio!  Scheila (a médium), no entanto, não levantara um dedo. Nem um gesto. Calma, absolutamente calma! O Espírito  fora imobilizado e por isso não fizera nenhum escarcéu.

Ali (meu irmão, não o advérbio) reviu duas encarnações sucessivas do Manoel e de seu indigitado obsessor. Viu datas, lugares e cidades onde os principais acontecimentos se deram. E viu mais: o obsessor, ou alguém por ele, incrustara  no cérebro do Manoel uma espécie de fita  magnética que, acionada a distância, produzia as imagens e os palavrões que desencadeavam  as crises, deixando-o alucinado, ao mesmo tempo em que um calor infernal  lhe tomava  todo o corpo!

Não vem ao caso narrar aqui os eventos responsáveis pelo ódio que se instalou entre os dois amigos de outrora, vinculando-os num processo obsessivo de difícil reversão.

É possível que hoje, passados quase cinqüenta anos, com os novos conhecimentos adquiridos e com a experiência mais dilatada, num bom agrupamento mediúnico, a gente pudesse ter obtido resultados melhores dos que pudemos obter no drama daquele nosso saudoso irmão.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita